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A música conecta

Alataj entrevista Traumer

Por Alan Medeiros em Entrevistas 10.04.2018

Lançamentos por Desolat, Rekids, F Communications e pelo seu próprio label Getraum posicionaram o francês Traumer com um dos pontos fora da curva na cena internacional. Sua história na música é marcada pela construção de faixas absolutamente potentes no dance floor – como no caso de Hoodlum e Classroom – e uma identidade musical arrebatadora.

Traumer é uma das crias da cena eletrônica de Paris, especialista em revelar grandes nomes a comunidade global da dance music. Seu berço musical justifica em partes a facilidade que Romain Reynaud (seu nome de batismo) possui em flertar com diferentes gêneros. Traços de techno, minimal e house podem ser facilmente identificados em suas produções e DJ sets, cada vez mais espalhados pelo mundo.

Após uma passagem empolgante pelo Brasil no segundo semestre do ano passado, Traumer retorna para apresentar pela primeira vez por aqui o seu live act. Quem terá a honra de recebe-lo nesse formato de apresentação é o D-EDGE Festival (leia entrevista sobre o festival com Renato Ratier aqui) no próximo sábado, mas antes disso nós falamos com exclusividade com Romain. Confira:

Alataj: Olá, Romain! É um grande prazer falar com você. Definitivamente, há algo especial na dance music francesa. Na sua opinião. o que faz do país um polo tão importante no cenário eletrônico?

Traumer: O prazer é meu, pessoal! Eu diria simplesmente que a França importa na cena eletrônica, já que “fornece” talentos por décadas (Laurent Garnier, DJ Deep, etc) e ainda vê novos talentos surgindo: Varhat, Lowris, Janeret, Lazare Hoche, Cesar Merveille, Antigone, Molly, Seuil são alguns dos amigos mais consagrados (devo dizer que sempre esqueço muitos nomes – eu não sou bom em listar).

Também estive pensando que a principal área de desenvolvimento está acontecendo dentro das comunidades na Internet. Como aqueles grupos do Facebook onde a música é compartilhada, como o Beau Mot Plage, onde você pode encontrar faixas incríveis de artistas que você nunca ouviu falar antes. Eu acho que a França está se desenvolvendo muito, porque esse desenvolvimento é global – vem dos artistas consagrados, para os recém-chegados – dos promoters para o público e para a comunidade super ativa na web.

Durante muito tempo seu som foi mais conectado com o techno. Ao que tudo indica, atualmente você está flertando mais com o minimal, certo? Poderia falar mais sobre cada uma dessas fases e as razões que o levaram essa mudança?

A questão é que antigamente eu estava fazendo tudo com o projeto Traumer. Uma das últimas “fases” foi techno, de fato. Mas sempre fui atraído pelo house & minimal house – no entanto, só estava cozinhando a ideia, com os discos, digamos. Eu queria estar pronto antes de começar qualquer coisa. Enquanto isso, Len Faki me propôs criar este novo projeto ‘Roman Poncet’, que será dedicado ao techno. Achei que era uma boa ideia e uma ótima oportunidade para começar a separar meu amor por diferentes tipos de música em diferentes apelidos.

Sua recente passagem pelo Brasil foi bastante divertida, não é mesmo? O que você levou de melhor das experiências por aqui? Quais são suas expectativas para esse retorno, agora tocando no D-EDGE Festival?

Sim, foi absolutamente incrível. Encontrar pessoas incríveis como Wesley Razzy, que é um excelente DJ e foi o responsável por fazer essa turnê brasileira anterior possível, Caroline e Felipe da Levels, e toda a equipe do Detroitrbr por toda a recepção e hospitalidade incríveis. Essas pessoas tornaram a minha visita muito doce e amável.

Mas também gostei muito de todas as festas em si, o público no Brasil tem essa atitude calorosa, super positiva e motivada que tanto amo. Esse calor da energia latina é simplesmente incrível.Então, para essa nova visita, eu naturalmente espero nada menos do que uma experiência incrível. 

Percebo que o jazz é uma forte influência em sua construção musical. Fale um pouco mais sobre isso e, se possível, comente outros movimentos musicais que também te influenciaram ao longo de sua caminhada na música.

É uma forte influência, mas ainda muito recente, eu diria. Primeiro porque não ouvi jazz por 15 anos, talvez por 7 ou menos ainda, e ainda assim, não sou especialista no estilo. Acredito que estou apenas começando, acho que mesmo se eu tivesse ouvido muito do estilo antes, eu não estava recebendo o espectro completo e neste caso, eu não poderia ser influenciado apropriadamente. Não tenho certeza se faz sentido, acho que é tão confuso quanto para mim: não consigo dizer realmente o que me influencia ou não. Também sou naturalmente influenciado por todos os outros artistas que fazem (fizeram) música, contemporânea ou não. Tudo o que vem parar nos meus ouvidos pode ser uma potencial inspiração.

Após alguns anos se apresentando no formato DJ set, agora você possui seu próprio live. Como foi o processo de montagem? Na essência, o que difere o seu perfil artístico enquanto DJ, quando comparado ao live act?

Primeiramente, comecei com live acts, não sei dizer precisamente quando foi, talvez 9 anos atrás. Fui produtor antes de ser DJ. Então, o exercício não é algo novo para mim. Para ser sincero, todo o processo tem sido super natural. O novo esforço para mim foi propor algo novo em termos de equipamento, ter uma reflexão real sobre como apresentarei tecnicamente. Eu não queria começar novamente com controladoras ou baterias eletrônicas que são vistas na maior parte dos setups de live. Queria encontrar algo único, dedicado ao meu fluxo de trabalho ao vivo. Depois de algumas pesquisas, encontrei esse talentoso polonês: Krzystof Burnatowski, que construiu uma ferramenta especial para o meu live act.

Pessoalmente e emocionalmente, quais são os principais desafios de uma carreira na música eletrônica?

Sempre tento fazer melhor do que ontem – nunca pense que já está realizado ou ganho, nunca está. Acho que é muito importante estar em harmonia entre o que você realmente quer fazer e o que você está realmente fazendo: ser honesto consigo mesmo e com os outros, mesmo que isso possa ser muito difícil às vezes.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Vida.

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