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A música conecta

Alataj entrevista Uncloak

Por Alan Medeiros em Entrevistas 16.04.2019

O povo latino, de uma maneira geral, possui um perfil muito passional, que logicamente também pode ser observado na música. Está em nosso DNA criar trabalhos que inspiram e músicas profundas através de narrativas inteligentes e emocionais. Dentro desse panorama, nada mais justo que destacar o trabalho da dupla brasileira Uncloak, projeto formado por Tiago Lima e Cris Fernandes.

O duo que lançou seu primeiro trabalho de estúdio em 2015, só adquiriu uma boa consistência de releases em 2017, quanto Morttagua e a Timeless Moment passaram a apostar com mais intensidade no projeto. De 2017 pra cá, foram 7 aparações em diferentes momentos, com destaque especial para o EP Hollow, que chegou as plataformas digitais com um remix de ninguém menos que Magdalena, irmã do produtor Solomun e parte da crew Diynamic.

Magdalena também já conversou de forma exclusiva com nossa equipe. Leia aqui! 

Na pista, a potência musical do Uncloak se transforma em um live act poderoso, capaz de movimentar pistas dos mais diversos formatos, sempre com muita emoção e melodia. Pouco a pouco, Cris e Tiago vão conquistando seu lugar ao sol apostando na construção de um perfil sonoro original e inteligente. Em busca de saber mais sobre o passado, presente e futuro do projeto, convidamos o duo para uma entrevista. Confira:

Alataj: Olá, Cris e Tiago! Tudo bem? Obrigado por nos atender. A construção de um live focado no progressive house/melodic techno exige uma atenção especial por conta da importância que as ambiências e melodias possuem nesses gêneros. Como vocês tem trabalhado o processo criativo destes dois aspectos em suas criações?

Uncloak: Olá, Alataj! Nós que agradecemos a oportunidade de contar um pouco sobre a nossa trajetória em um veículo tão renomado. Com certeza as atmosferas e melodias são parte fundamental tanto nas nossas produções quanto na execução do live. Nosso processo criativo costuma ser muito fluido e orgânico, variando bastante de acordo com o mood que queremos atingir com determinada track ou mesmo criando um momento diferente durante nossas apresentações. Com relação às ambiências, curtimos fazer field recordings ou trabalhar com cuts de samples (às vezes um vocal da Cris) e depois fazer experimentações com alguns processamentos. As melodias surgem de diversas formas, não tem regra mesmo [risos], mas geralmente testamos várias antes de definir a que mais comunicou o que gostaríamos de passar com determinada track.

To reveal, to uncover, to unveil. Como isso se transforma na prática e no dia-a-dia de vocês?

Essas palavras na verdade são definições para Uncloak: revelar, desvendar. Elas carregam uma aura meio misteriosa e vieram como um match perfeito em um momento de transição em que passávamos de um projeto antigo para o Uncloak. A gente tinha uma necessidade e uma urgência em mostrar, em revelar essa “nova” cara e sonoridade que tanto perseguimos e que nos define atualmente.

Solomun e Maceo Plex estão entre os grandes nomes que apoiaram os recentes releases do Uncloak. Além de um combustível para seguir em frente, o que esse tipo de suporte representa pra vocês?

Esse tipo de suporte representa um sinal verde! Como se estivéssemos no caminho certo – apesar do caminho nunca seguir uma linha reta, já que a estrada artística é tortuosa -. Esses sinais são fundamentais pra qualquer artista seguir em frente e se tornar cada vez mais confiante e seguro da sua arte. Assim como a opinião de quem acompanha nosso trabalho de perto também é extremamente gratificante!

https://www.facebook.com/uncloak/videos/1145920735569392/

 

Terrafirme e Teia alcançaram o top 10 releases de progressive house do Beatport. Quais características vocês destacariam nesses 2 releases?

Terrafirme foi nosso EP de estreia, lançado pela label que tanto nos dá suporte, a brasileira Timeless Moment. Fizemos 4 tracks (sendo uma delas uma night mix) pensadas para o dancefloor: em Gayatheia e Cratos exploramos uma sonoridade mais escura e densa, enquanto a faixa título carregou a maior carga emocional e melódica. Esse EP reverberou muito, obtendo ótimos reviews e feedbacks; o resultado foi melhor que o esperado! Já o EP Teia foi lançado pela Animo Records, um label de Madrid e focamos em uma sonoridade um pouco mais solar (vocais originais em português, percussões, stabs etc.). Consideramos que esse EP tem uma pegada bastante autoral e uma personalidade bem forte.

Percebo que um dos destaques do perfil sonoro do Uncloak trata-se da inserção de vocais poderosos nas faixas. Vocês possuem alguma referência específica para criação desse material?

Sim, sem dúvida! Não seguimos uma referência específica, mas é claro que somos moldados pela nossa bagagem musical e o conjunto de referências que carregamos durante os anos. A Cris já passou por diversas experiências de bandas (rock, blues, jazz, pós punk, soul), mas o modo como ela insere os vocais no Uncloak é de um jeito extremamente emotivo e por vezes, catártico. Isso foi surgindo de uma maneira muito natural. Todas as letras são de nossa autoria e buscamos estar muito conectados e concentrados na hora de escrever. Afinal, a música é um canal primordial de transmissão de energia entre todos nós, se não transmitir uma mensagem – por mais simples que seja – não faz sentido.

O que vocês podem nos contar a respeito da habilidade que um produtor musical possui de contar histórias mesmo quando não há uma palavra envolvida?

Acho que essa questão remete muito ao que estávamos falando na pergunta anterior. O importante é a música estabelecer uma conexão, uma sinergia com o público, não interessa de que forma. O vocal tem o poder de transmitir a mensagem de uma forma muito clara e direta, mas quem nunca se arrepiou escutando uma transição de acordes ou uma melodia que vai direto na alma?

Hollow, último release do Uncloak, foi lançado via Timeless Moment com um remix da Magdalena, artista parte do crew da poderosa Diynamic. Qual é exatamente o sentimento ao ter uma faixa remixada por uma produtora deste nível?

Ficamos completamente extasiados quando recebemos a notícia da Timeless Moment, acompanhamos o trabalho da Diynamic há algum tempo e somos super fãs do direcionamento artístico do label. A Magdalena é uma super profissional, além de ser uma querida, que tivemos o prazer de conhecer num evento da Diynamic no Rio de Janeiro, logo depois dela ter assinado o remix da nossa faixa. Contamos que os vocais eram originais e toda a história que envolve a “Hollow”, uma música muito especial para gente, cheia de significados e sentimentos. Foi incrível ter um artista do porte da Magdalena fazendo esse remix, se envolvendo e dando todo o suporte.

Ainda sobre a Timeless Moment: é notório o suporte que Morttagua e todo o time da gravadora tem dado a carreira de vocês. Na prática, qual importante o selo tem sido para o desenvolvimento do projeto?

A Timeless Moment é uma grande família e nos sentimos honrados e muito felizes em fazer parte. O label nos deixa muito à vontade com relação a nossa expressão artística e isso é fundamental para o desenvolvimento do projeto. Consideramos o selo como uma grande parceria e uma alicerce, uma base estrutural sólida para Uncloak, projetando nosso nome para fora do Brasil com muita propriedade e notoriedade. Temos um grande suporte do label boss Danilo Morttagua e toda a equipe que sempre nos aconselha e direciona nosso trabalho da melhor forma possível.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa na vida de vocês?
A música é uma parte indissociável das nossas personalidades. Se tirar, falta um pedaço [risos]. É um elo que a gente nutre e fortalece a cada dia, tanto em nível pessoal como com relação ao nosso público. Música é entrega, paixão e conexão.

A música conecta.

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