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A música conecta

Alataj entrevista YYYY

Por Alan Medeiros em Entrevistas 06.05.2019

O projeto de live techno argentino YYYY é tido como parte de uma revolução da dance music moderna. Não espere nada menos que muita pressão, originalidade e BPMs elevados quando esta dupla de hermanos sobe ao palco. Entre os principais labels que já receberam o projeto, destacam-se Weekend Circuit, Injected Poison e Planet Rhythm.

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No fim do ano passado, eles deixaram sua assinatura musical em passagem pela Tantsa, gig essa que acabou rendendo uma conexão com o nosso time. Após o convite feito por Marcelo Madueño, batemos um papo com o duo e os convidamos para assinar uma das playlists da nossa série Alataj Invites no Spotify. Confira o resultado disso tudo logo abaixo:

Alataj: Olá, meninos! Tudo bem? Obrigado por falar conosco. Não há muita informação disponível sobre YYYY na internet. Podemos começar esse bate-papo com uma breve apresentação sobre como suas vidas se cruzaram e como exatamente tudo começou?

YYYY: A falta de informação biográfica é proposital. Mal conseguimos contar quantas vezes lemos bios assim “com 12 anos, teve seu primeiro piano” quem se importa? Uma das coisas mais bonitas da arte é o anonimato. Você vai a um set de techno e você pode estar ouvindo a música de 80 produtores diferentes de todo o mundo e você não tem nenhuma informação sobre eles. Isso é bonito. Isso nos lembra dos muitos hinos populares em nosso país compostos por poetas anônimos e músicos secretamente imortalizados em suas peças.

Weekend Circuit é um dos labels mais frequentes do catálogo do YYYY. O que vocês destacariam no relacionamento com essa gravadora? Quão importante ela foi na evolução do projeto?

Michael Wells tornou-se como um irmão para nós. Nos conhecemos em Berlim há uns anos e as coisas fluíram naturalmente. Nós moldamos os pontos de vistas de cada um sobre techno e arte de uma forma particular, então, é incrível saber que hoje temos este selo para lançar o que quisermos, pois ele demonstrou que não se importa com o que vai vender melhor, e sim que se importa com música que tenha uma mensagem e um significado. Um selo que assume esse tipo de risco hoje em dia, em tempos em que o mercado é tão supersaturado, é muito importante para nós e nos sentimos muito gratos.

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Há muita diferença na abordagem musical que marcou o começo do YYYY em relação ao que está sendo feito agora?

Quando começamos, fizemos faixas no pico da nossa capacidade tentando parecer “profissionais”. Quando conseguimos, ainda precisávamos estar sempre nesse estado, como se fosse um desafio, por isso precisamos continuar com nossos objetivos para não perder essa faísca. As vezes, isso dificulta a permanência dentro dos parâmetros do gênero, mas não nos importamos com isso.

Aqui do Brasil temos uma grande admiração pela tradição do techno na Argentina. Como parte da cena do país, quais características do mercado e do público vocês destacariam pra gente?

Argentina é um lugar muito trágico, mas também apaixonante e romântico. A corrupção do governo e a cultura de sempre preferir o jeitinho mais fácil para alcançar as coisas complicou a situação do nosso país em muitos aspectos. Em relação à cena, temos muitas limitações econômicas e às vezes até técnicas, mas há tanta paixão em torno que as coisas conseguem se equilibrar. O público argentino é um dos melhores que você pode encontrar e isso é algo que muitos artistas internacionais dizem. Neste momento, há uma queda nos bookings internacionais devido a uma queda extrema em nossa moeda, mas, em certo ponto, isso é bom para a nossa cena, porque as pessoas estão começando a ver o verdadeiro talento e potencial dos artistas locais. Mas, é claro, achamos que toda cena se esforça para conseguir atenção para seu próprio produto, ninguém é um profeta em sua própria terra.

Em Novembro vocês tocaram para o público da TANTSA em São Paulo, uma das principais festas independentes do país. Como foi essa experiência?

Tudo foi perfeito. Nós achamos que a TANTSA não tem nada a invejar nas festas da linha de frente da Europa e isso é algo para destacar. Tivemos uma recepção calorosa por Victor, Marcelo e o público, foi muito legal conhecer Aly (Perc), um cara realmente legal e calmo. Temos que dizer que São Paulo tem uma energia no ar, talvez devido a vasta riqueza cultural que uma cidade com 40 milhões de habitantes desenvolve. Sentimos verdadeiramente essa energia cosmopolita de amplitude cultural. Foi especial!

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa na vida de vocês?

Para nós, a música significa, entre muitas outras coisas, liberdade e transcendência. Uma forma de curar e alcançar paz e integridade.

A música conecta.

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