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A música conecta

O Lollapalooza precisa entender o perfil do fã brasileiro.

Por Alan Medeiros em Reviews 30.03.2015

Esse fim de semana, fui até São Paulo para conhecer um dos maiores e mais importantes festivais para o mercado brasileiro. Entre diferentes estilos e públicos, o respeito prevaleceu. No texto de hoje, deixo minhas impressões do festival a vocês.

Quando digo que o respeito prevaleceu, falo principalmente do público. Pois lá se encontravam pessoas de todas as tribos e realmente tinha espaço para todos. Não presenciei cenas de nenhum tipo de preconceito, inclusive parecia imperar as diferenças. Nos palcos haviam bandas de estilos opostos o tempo todo. Por exemplo Robert Plant tocou na mesma noite que Skrillex, Banda do Mar tocou ao mesmo tempo que Vintage Culture se apresentava no palco ao lado e por aí vai. Outro ponto que é interessante ressaltar é que embora os shows principais estivessem bem cheios, não havia tanto “empurra empurra”, em geral as pessoas não se atropelavam, e curtiam o show educadamente, cada um no seu espaço conquistado.

Mesmo com um público considerável, era fácil notar que o festival não precisava ter acontecido em Interlagos, ou pelo menos no espaço reservado de Interlagos. O lugar era graaande demais para o evento, sobrou espaço vazio, e a distância de locomoção de um palco para o outro era absurdamente gigante. Porque além do espaço ser enorme por natureza, a organização ainda o preparou para que as pessoas andassem o máximo de tempo possível próximo dos estandes dos patrocinadores. Cada vez que eles percebiam que as pessoas estavam cortando caminho para chegar aos locais de shows mais rápido, a organização fazia barreiras para aumentar as distâncias e continuar expondo as marcas entre os palcos. Outro motivo é que alugar Interlagos deve ter sido bastante caro e esses custos foram repassados para as pessoas. Ou seja, mesmo em época de crise financeira, os preços eram caríssimos. O estacionamento, embora estivesse com muito espaço vazio, tinha um valor um tanto quanto exagerado. Pagávamos muito por uma comida beeeem mais ou menos. Por exemplo, mini pizza por R$12,50, um copo de água por R$6,00, os preços beiravam o ridículo.

Os shows tinham uma estrutura ótima, todos foram extremamente pontuais e tiveram um nível de médio para excelente, a aparelhagem de som no geral muito boa, algumas bandas precisavam de melhores ajustes quanto a equalização, mas pelo menos nos shows principais estava agradável para se ouvir. Fora os cinco palcos principais existiam outros mini palcos dos patrocinadores. Inclusive, uma coisa bem marcante desse festival, foi a quantidade de patrocinadores.. Qualquer lugar que você olhava, existia algum cartaz ou telão vendendo algo.

Lollapalooza sem dúvida é um evento de extrema importância para o mercado musical brasileiro, mas é necessário ter os pés no chão, além de se adaptar a realidade nacional. Pode ser mais vantajoso trazer atrações pontuais e inovadoras, enxugando o número de palcos. Até porque isso tem refletido em número de público, nitidamente essa edição teve um público um pouco aquém do esperado. Dar espaço para bandas distintas é importante, fazer um evento com uma mega estrutura e muito bem organizado também, mas tem que pensar que o público consumidor está em meio a uma recessão econômica e um festival com preço de ingresso elevado e serviços internos exagerados, só irá afastar os fãs ano após ano.

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