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A música conecta

Time Warp NY: A paz guiará os planetas

Por Georgia Kirilov em Reviews 03.12.2015

Estava no meio da pista do Ricardo Villalobos quando vejo essa jaqueta maravilhosa escrito: “Peace Will Guide The Planets” (A paz guiará os planetas.) Não só achei bem propício para o momento em que nos encontramos no mundo, também achei que encapsulou perfeitamente a energia do Time Warp. O festival alemão que está rolando há mais de 14 anos teve sua segunda edição em NY no penúltimo final de semana de novembro (dia 20 e 21) em um galpão do Brooklyn e contou com atrações como Sven Väth, Jamie Jones B2B Seth Troxler, Julia Govor, Joseph Capriati entre outros.. O fato é o seguinte: que a música ia ser boa eu já sabia, porém o que realmente me surpreendeu foi a platéia. A música mais uma vez me mostrou seu poder de união, amizade e amor durante o festival. Vi gente de TODOS os tipos (homossexuais, deficientes, homem, mulher, negro, branco, árabe e australiano, tinha gente de todos os tipos mesmo) dançando juntos na pista, sem discriminação, sem ódio. Time Warp representou tudo que eu acredito na Club Culture, isso sendo que por meio de encontros como esse, podemos mostrar que ir para uma balada curtir um som é uma experiência que vai muito além de bebedeira e drogas, é algo que se divide com quem está do seu lado e essa conexão é nítida.

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Ao meu ver, achei o festival muito bem planejado, no primeiro dia peguei uns 40 minutos de fila para entrar, mas isso porque cheguei uma hora da manhã, e no segundo dia, que cheguei as 10, entrei diretamente. Porém em diversos sites de música eletrônica como Beatport e THUMP houveram reclamações extensas sobre a demora, então cheguei a conclusão que não eme incomodou tanto (tinha até achado normal) porque estou acostumada a pegar muita fila no Brasil. Depois da checagem de segurança – que por sinal não é checagem de segurança coisíssima nenhuma, esse povo precisa vir ter umas aulinhas com a galera do Warung, ou não… Chegava-se ao galpão aonde as duas pistas estavam localizadas. Entre as duas pistas tinham diversos banheiros, armários (sim! armários! que ideia brilhante não?) e um dos 3 bares. O sistema de som era impressionante, fazendo com quem estava na pista 1 estivesse tão tomado pela música que não dava para escutar a pista 2 (a não ser durante o meio do set do Tale of Us que simplesmente não dava para não escutar o Joseph Capriati quebrando tudo, estava tentando ir embora do festival nessa hora, quando vi as telhas do lado do DJ italiano quase voando devido a força das ondas sonoras, nem preciso falar que voltei correndo para dentro da pista né?) Houve também crítica de que o Line Up não foi tão techno quanto o Time Warp sempre é, o que sem dúvidas é verdade tendo somente Len Faki como um veterano tocando no de NY, porém a proposta de Sound Healing da Julia Govor, os remixes de ritmos latinos inusitados do Vilallobos e do Capriati, o tech house do Apollonia e a combinação perfeita do groovy do Seth Troxler com a alma dançante do Jamie Jones, fizeram com que, pelo menos para mim, as duas noites fossem perfeitas no quesito musical também.

Por fim, quero contar minha cena preferida do final de semana: estava dançando na pista 2, quando de repente começo a ver que um aglomerado de pessoas começou a se formar, eu no meu maior instinto brasileiro pensei: “BRIGA! SALVE-SE QUEM PUDER!!!!” Já estava quase correndo dali quando parei para dar uma espadinha né, afinal sou curiosa, e percebi que aquela formação circular que mais parecia a formação comum na qual se assiste uma briga, foi criada para assistir pessoas dançando. Tinha gente de todos os tipos dançando de um jeito e com uma animação que eu nunca vi nem naquelas pessoas que você vê pulando no final do Garden no Warung às 7 da manhã. Esse pessoal estava curtindo o som em comunidade mesmo e todo mundo que parava para olhar não conseguia não sorrir. Essa cena vai ficar na minha memória para sempre, pois recebo julgamentos frequentes de amigos que falam que “nossa você não cansa de ir nessas festas de drogado? Que pique hein?” Quando na realidade eu vou para viver momentos como esses, escutar o som que eu escutei e ser transportada para um lugar aonde a paz guiará os planetas, ou será a música?

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