Por Lucas Portilho
Nascido em São Paulo, SP, Felipe Wrechiski pode ser considerado um profissional multifacetado e altamente qualificado. Formado em engenharia de som pela IAV, atualmente trabalha em seu estúdio próprio com engenharia de som, sound design e produção de áudio. Sobre o seu lado artístico, Wrechiski possui três pilares: o do drum & bass (através do projeto Urbandawn), trance (Wrechiski) e o techno/house (Turinno).
Concentrando a atenção na sua carreira como produtor de drum & bass, atualmente Felipe Wrechiski possui contrato com a Hospital Records (Reino Unido), uma das maiores e mais respeitadas gravadoras de Drum & Bass do mundo. Agenciado pela Clinic Talent, Urbandawn já teve passagem por diversos países do mundo como Inglaterra, Alemanha, Eslováquia, Áustria, Estônia, República Tcheca e outros.
Com mais 15 anos de carreira, Felipe Wrechiski teve o seu primeiro trabalho lançado pela Hospital em 2012. Dois anos depois teve a música Trindade lançada na compilação New Blood 14 do sub label da Hospital, Med School. Em 2015 o brasileiro esteve presente novamente em uma compilação, desta vez da Hospital, através da música Wardrive. Neste intervalo de tempo o engenheiro de som também remixou músicas de diversos artistas do estilo. No ano passado, o paulista lançou um dos trabalhos mais importantes da sua carreira: o álbum Gothenburg Cluster com 17 faixas.
Além do seu álbum, Urbandawn possui outros trabalhos, como os EPs Neon Nights e Cloudless, tocados por DJs e produtores de todo mundo, como, por exemplo: Friction, produtor de dn’b e residente da BBC Radio (uma das principais plataformas divulgadoras de drum & bass do planeta). Por falar em mundo, Felipe Wrechiski retornou recentemente de uma importante turnê pela Europa e, os detalhes desta viagem, você fica sabendo agora nesta entrevista que o artista cedeu exclusivamente para o Alataj. Confira:
1. Olá Felipe! Muito obrigado por nos ceder esta entrevista! A primeira pergunta que eu gostaria de lhe fazer é sobre a sua recente turnê pela Europa. Nos dê detalhes das festas e festivais que você apresentou no período que esteve no antigo continente.
Obrigado pelo convite! Foi a minha segunda tour na Europa e, desta vez, focada no meu álbum, lançado em Novembro de 2016: Gothenburg Cluster. Foram 9 países em 35 dias – tive a honra de tocar em clubs lendários como Tobacco Dock em Londres (festival Hospitality In The Dock), Cross Club (Praga), além de ter a honra inenarrável de tocar no main room do club mais lendário no cenário eletrônico que é o Fabric em Londres, que acabou de reabrir.
2. Agora de volta para o Brasil, quais são os seus planos para o próximo semestre?
Muito trabalho no estúdio para criar e compor material para os próximos semestres, incluindo um trabalho extensivo em remixes para grandes artistas de D&B e EDM.
3. Além do Urbandawn, você possui outros dois projetos de música eletrônica. Como você coordena os seus trabalhos?
Tenho o Wrechiski que é um approach mais trance/house no qual trabalho com a Anjunabeats em Londres. E o Turinno, mais focado para House/Techno, aonde exploro bastante grooves e sound design. As vezes pode ser um pouco difícil coordenar todos [os projetos], mas é algo que mantém minha sanidade criativa – sempre aprendo um pouco e posso transitar entre diferentes estilos sem perder a criatividade no estúdio.
4. Quais são os seus projetos paralelos à produção de música eletrônica?
Trabalho com música e áudio vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana – quando não estou trabalhando nos meus projetos artísticos, geralmente estou gravando/mixando/masterizando, produzindo bandas, MC’s, trilhas e sonoplastia para cinema, jogos e televisão. Adoro meu trabalho – poder estar rodeado de música e áudio diariamente é algo que sempre almejei profissionalmente. É necessário uma organização quase que religiosa pra poder dar conta de tudo, mas é incrível como sempre aprendo approaches novos que posso incluir nos meus projetos artísticos e vice versa.
5. Gosto de dizer que para determinados gêneros musicais é necessário que nós “despertemos” para eles. Quando e como foi o seu despertar para o drum and bass?
Aconteceu em meados de 2002 quando um colega de escola me mostrou alguns releases da Hospital Records e Prototype – fiquei interessado na hora. Até então, tinha um certo preconceito com música eletrônica pelo que passava na rádio, e nessa época estava imerso nos meus estudos de guitarra. Mas foi impressionante como me senti atraído pelo estilo – percebi em poucos dias ouvindo o quão versátil, musical e dinâmico o estilo era.
6. Ouvindo as suas produções, pode-se perceber que existe uma determinada estética que apela para um ritmo e arranjo mais “orgânico”. De que forma você produz os elementos das suas músicas?
Sempre procurei um híbrido de elementos eletrônicos e orgânicos, pelo fato de ser músico há muitos anos. Acredito que minha visão de D&B sempre foi muito distinta, sempre almejando aprender e desenvolver novas técnicas no estúdio e trazendo diversas influências das coisas que sempre escutei.
Gosto bastante de gravar foley recordings e instrumentos para criar uma estética híbrida e experimental, também mantendo a fórmula original do D&B em certos elementos.
7. Como é ter o contrato exclusivo com uma das maiores gravadoras de drum and bass do mundo?
Parece clichê mais a Hospital foi a primeira gravadora que conheci no D&B e a que eu mais me identifiquei como artista no decorrer dos anos. É uma felicidade enorme poder fazer parte da família!
8. Para além da Hospital Records, qual é o trabalho que você teve mais orgulho de produzir? Por que?
Tive a honra de ter trabalhado com grandes pessoas e realizado coisas que me alegram muito como produtor e engenheiro de áudio. Uma delas é ter composto a trilha e o sound design para a Nike, no qual o skatista brasileiro Luan Oliveira é o protagonista. O vídeo e o concept são incríveis! Foi uma honra fazer parte deste trabalho.
https://www.youtube.com/watch?v=qRY8UPATebU&feature=youtu.be
9. Quais são os seus sonhos e aonde você pretende chegar profissionalmente?
Diversos sonhos e trabalhando incessantemente para isso! Almejo sempre aprender coisas novas, desenvolver meus projetos artísticos e continuar disseminando meu trabalho.
10. Mande duas mensagens: para aqueles que acompanham o seu trabalho, e os que ainda não tiveram a oportunidade de “despertar” para o drum and bass.
Para quem acompanha, MUITO obrigado pelo suporte e um grande abraço! Quem ainda nunca teve o tempo ou paciência para ouvir D&B, sugiro que o faça! Pode demorar um pouco, mas o D&B é tão versátil que sempre terá algo para se identificar.