Skip to content
A música conecta

Special Series | DVS1

Por Rodrigo Airaf em Special Series 18.06.2019

Por Rodrigo Airaf

Quando o assunto é aquele techno voraz e hipnótico, alguns nomes podem vir à mente, mas poucos conseguem ter uma visão musical tão visceral em mixes tão bem trabalhados como DVS1. Com um repertório atemporal vindo de sua coleção de mais de trinta mil discos, o americano tem muito o que contar, tanto musicalmente quanto de história de vida. Zak Khutoretsky nasceu na Rússia soviética e, como mostra seu documentário Origins, no Resident Advisor, seu passado foi no mínimo agitado.

“Eu sempre quis tomar riscos para ir atrás da recompensa”, conta. Talvez por isso esta característica rebelde tenha influenciado tanto em seus eventos em Minneapolis, o meio-oeste americano, para onde foi quando seus pais foram embora de São Petersburgo. De tudo aconteceu ali para que seus rolês acontecessem, desde falsificar os documentos do seguro até vender ácido para cobrir os custos das festas. Chegou a ser preso por um ano, mas encarou este problema como uma chamada para o despertar — e isso só o fez ir mais a fundo na dance music.

Julgar jamais seria o que eu faria aqui, já que a dance music em sua história sempre precisou de um toque de rebeldia e certamente Zak não foi o primeiro a invadir galpões. Há de se traçar uma linha, então, que conecta os momentos mais lendários da música eletrônica a essas personalidades destemidas. DVS1, como Zak se apresenta artisticamente, dedicou sua vida à música e, como a recompensa que ele tanto buscava, tornou-se uma figura influente para o techno mundial. DVS1 sempre soube que o techno tratava-se de uma revolução e deu seu jeito de manter seus dois pés fincados nessa jornada.

Residente do Berghain/Panorama Bar, este notório artista tem uma visão mais purista do techno, mas não por isso seu som deixa de ser transformador. Além de girar o mundo para se apresentar, ele cuida de dois selos importantes do cenário internacional: HUSH, label onde lança suas próprias produções e que tem quase 25 anos de história, e o Mistress, onde pode prestigiar colegas de cena com faixas bem fora da caixa.

Defensor ferrenho dos valores do underground e acostumado a tocar grandes maratonas em forma de sets, DVS1 ajudou a moldar boa parte da cena de sua região nos EUA e, posteriormente, ampliou suas possibilidades para o mundo, que prontamente o ouviu. Um dos ápices desta história toda são seus lançamentos pelos selo Klockworks, do Ben Klock. Pela Transmat, lançou a épica Pressure, faixa que ainda está nos corações de muitos verdadeiros amantes do techno.

Como produtor de eventos, tornou famosas suas festas Ressurection e Ascension. Como residente do Berghain, aprendeu a fazer todo tipo de set, desde os horários de pico aos momentos mais preliminares — aliás, a alçada de DVS1 como “residente” se deu após o dono do club perceber que ele tocava tanto lá que já era residente. Pudera: sua arte se dá de modo natural e Zak não gosta do hype de maneira alguma: “Se dependesse de mim, a cabine do DJ seria mais para os lados e a plateia ficaria de cara para as caixas de som ou para direções aleatórias”.

Esta perspicácia com o techno será presencialmente aproveitada nesta quarta-feira (19), véspera de feriado, em Campinas, onde DVS1 se apresenta em uma festa super especial que une o club Caos com a ODD. Além dele, estarão no lineup Davis, Vermelho e Frontinn, além dos performers Aun Helden e Rodrag, todos sob as luzes do coletivo Corja, que faz a iluminação da ODD na capital paulista. Saiba mais sobre o evento neste link.  

A música conecta.

+++ NDRX é uma das figuras centrais do club Bassiani. Falamos com ele!

+++ Assine nossa newsletter aqui para receber conteúdos diretamente por e-mail.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024