Special Series é a coluna do Alataj que fala sobre os principais nomes da dance music mundial.
Por Marllon Gauche
A Espanha é um país conhecido por uma cena eletrônica bem fortalecida em cidades como Barcelona e Valencia. O país ibérico possui um mercado maduro e consistente, sendo base clubs importantes como Fabrik, Space Ibiza e grandes festivais como o Sónar e DGTL – marca holandesa que tem Madrid e Barcelona em seu calendário fixo anual. Por trás dessa história, existem nomes importantes que ajudaram a moldar o caminho da dance music underground e um deles é o de Oscar Mulero, DJ e produtor de Madrid, considerado por muitos como um dos maiores ícones do techno contemporâneo.
Na metade dos anos 80, a Espanha vivia uma explosão musical que ainda não tinha sido vista por ninguém no país, e poucos anos depois, no fim da década, Oscar já estava dando os primeiros passos no que seria sua jornada de sucesso. Mulero iniciou a construção de um estilo bastante particular, bruto, introspectivo e com atmosfera industrial, sem se curvar à moda ou tendências que rolavam ao seu redor. Já nos anos 90, OM e alguns parceiros abriram um club em Madrid, o The Omen, onde cuidavam da direção musical, materiais de divulgação e muitas vezes dos warm ups que aconteciam na casa.
The Omen logo se tornou um dos maiores clubs de techno da Espanha e ajudou Oscar a crescer rapidamente na cena europeia, estreando no ano de 1996 em seu primeiro Sónar – apenas dois anos após o surgimento do festival – ao lado de alguns de seus heróis na época como Josh Wink, Richie Hawtin e Jeff Mills.
Na virada do milênio, Oscar iniciou sua série de lançamentos que o acompanhariam nos próximos anos, debutando com o EP Sans Souci, assinado pela Warm Up Recordings. Quatro anos depois, com sua carreira já bem desenvolvida, Mulero dedicou-se a promover alguns produtores espanhóis através de seu próprio selo, o PoleGroup Recordings, gravadora subsidiária da Warm Up. Através dela, o artista lançou alguns de seus principais sucessos e foi fundamental pelo apoio prestado à “colegas de trabalho” como Reeko, Exium e Christian Wünsch.
Seu álbum de dark techno lançado em 2012, Black Propaganda, recebeu muitas críticas positivas da comunidade techno e suporte de grandes DJs. O trabalho mostra uma mudança no seu perfil sonoro que, por muitos e muitos anos, seguiu uma linha sem muitas oscilações. Esse disco se aproxima mais do techno contemporâneo, com menos elementos e efeitos mais constantes.
Em 2018, Oscar lançou seu mais recente álbum, Perfect Peace, uma obra totalmente experimental, longe de ser pensada para as pistas. Ele deu vida também ao seu novo projeto audiovisual, intitulado Monochrome, um espetáculo que inclui músicas de seus lançamentos experimentais anteriores, bem como o material de seu último álbum, com apresentações que já passaram por festivais como Sónar e Amsterdam Dance Event (ADE).
Neste ano, o artista está celebrando seus 30 anos de carreira e no mês de maio fará uma rápida passagem pela América do Sul, tocando em dois clubs colombianos e marcando presença na noite de sábado do D-EDGE, Mothership, dia 18. Sem dúvida alguma, a figura prolífica de Oscar Mulero foi um elemento-chave para o desenvolvimento da música eletrônica na Espanha e em todo continente europeu, um artista que hoje é respeitado e admirado mundialmente por sua genialidade e por tudo o que fez pelo movimento techno ao longo de três décadas, tornando-se uma referência para diferentes gerações.
A música conecta.
