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A música conecta

Special Series | Ricardo Villalobos

Por Alan Medeiros em Special Series 18.07.2018

Ricardo Villalobos nasceu em Santiago, Chile, em 1970. Aos três anos de idade, mudou-se para a Alemanha com os pais, professores universitários que fugiam da ditadura liderada por Augusto Pinochet. O interesse pela música veio cedo. Aos oito anos, Ricardo já iniciava a sua coleção de discos. Fã de Depeche Mode, não demorou para que ele começasse a criar as suas próprias produções, inspirado pelo som do grupo inglês.

Somente em 1998, iniciou a sua carreira como DJ profissional, após anos tocando em festas da faculdade e em eventos íntimos com amigos. A partir daí, teve início a jornada de um dos artistas mais intrigantes da música eletrônica. Longe de ser uma unanimidade, Villalobos é amado por muitos, mas também é muito criticado. Tudo isso faz parte da mística que envolve o nome do chileno, que não possui nenhum parentesco com Heitor Villa-Lobos, um dos maiores compositores da música brasileira. Dúvida comum para quem ouve o nome pela primeira vez.

A obra de Villalobos é vasta e ele se firmou como um dos principais nomes do minimal techno, vertente que teve o seu auge no início dos anos 2000 e voltou a ganhar força recentemente com o trabalho de selos como [a:rpia:r]. Seu álbum de maior sucesso, Alcachofa (2003), lançado pelo label alemão Playhouse, é considerado um clássico e teve forte influência nos rumos da Dance Music. Destaque para Easy Lee, hipnotizante faixa de abertura do disco, que apresenta um melancólico vocal distorcido com um conjunto de batidas minimalistas sobrepostas e outros elementos sutis que vão se incorporando à canção ao longo de seus mais de dez minutos. Uma faixa atemporal.

 

A longa duração de suas produções é uma das marcas registradas de Villalobos que, definitivamente, não baseia as suas criações em convenções mercadológicas. Lançada em 2006, mais uma vez pelo Playhouse, Fizheuer Zieheuer se expande por mais de 37 minutos. Minimal techno se mistura com batidas industriais e instrumentos de sopro em uma música que demonstra o experimentalismo do chileno. Ouça abaixo:

Outro label marcante na carreira de Ricardo é o também alemão Perlon, criado por Markus Nikolai e Thomas Franzmann aka Zip, dois nomes consagrados do minimal techno. Com lançamentos apenas em vinil, o influente selo possui em seu catálogo nomes como Ellen Allien, Ryan Elliot e Palms Trax. Villalobos lançou dois álbuns completos através do Perlon: Thé Au Harem D’Archimède (2004) e Dependent and Happy (2012), no qual é possível encontrar a faixa Two Kids Set Off (2012). Samples de entrevistas e ligações telefônicas relacionadas ao massacre de Columbine, que resultou em treze vítimas fatais em uma escola dos EUA em 1999, foram usados na polêmica música:

Com uma sólida trajetória nas cabines, Villalobos possui uma residência mensal na Fabric, uma das venues mais tradicionais da música eletrônica. Segundo o site oficial, Ricardo é um dos pilares da identidade do club londrino, tendo se apresentado por lá mais de cinquenta vezes nos últimos dezesseis anos. A próxima apresentação, um long set de seis horas, já tem data marcada: 1º de setembro.

De 2007 a 2013, Villalobos teve diversas passagens pelo Brasil, em clubs como D-EDGE, Warung e com o festival Club Quinto Sol no Green Valley. Porém, há cinco anos o chileno não dá as caras em terras brasileiras, apesar de ter feito algumas turnês nos vizinhos Argentina e Chile. Figura carimbada no Dekmantel Amsterdam, onde se apresenta no dia 3 de agosto, nos resta torcer para que a edição paulistana do evento traga o DJ em sua próxima edição.

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