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A música conecta

Top 5 Alataj | De médio só o Oriente: conheça as mulheres sem fronteiras

Por Salomão Augusto em Top 5 Alataj 03.03.2020

Apesar da visibilidade predominantemente masculina através das produções, apresentações e integrações nos lineups de clubs, festas e festivais ao redor do globo desde os primórdios da cultura eletrônica e do entretenimento em geral, as mulheres sempre estiveram presentes no mercado da música. Felizmente a evolução dentro deste universo e o grande esforço de muitas colocou essas figuras em evidência e trouxe à luz grandes talentos tão incríveis e competentes ao lado das maiores referências masculinas que já conhecemos.

A partir deste contexto, passamos a conhecer artistas mulheres de todos os campos do globo que não apenas conquistaram seu lugar nos maiores polos da música. Mais do que isso, conhecemos mulheres que têm erguido sua voz e música em regiões historicamente opressoras, onde, em alguns lugares, ainda não possuem espaço nem mesmo nas atuações mais simples enquanto parte da sociedade. Esta nova postura, além de admirável pela ousadia e vanguardismo, inspira outras mulheres a dar continuidade e expansão a este engrandecedor movimento.

O Oriente Médio é um grande exemplo deste cenário que descrevemos. De lá, felizmente conseguimos vislumbrar mulheres incríveis desenvolvendo um belíssimo trabalho com a música eletrônica. Em destaque, selecionamos 5 projetos que possuem bastante expressão sonora em suas estéticas e são pilares nesses posicionamentos atuais. Conheça:         

Fatima Al Qadiri | Kuwait

Fatima é uma artista de 38 anos, nascida em Dakar, no Senegal, e criada e baseada no Kuwait, país árabe do Golfo Pérsico. Ela tem sua carreira e sonoridade traduzida em experiências de guerra os quais a região de onde vem travam desde os primórdios, mescladas com percepções culturais estrangeiras que podem ser muito bem traduzidas por seus lançamentos e participações. Seu som é algo que ela mesma intitula como Muslim Trance, onde o que predomina é a pressão sonora e os baixos dominantes.

Ela é uma artista da gigante londrina Hyperdub e sempre teve seus trabalhos muito bem reconhecidos pelos veículos e representantes do selo a qual representa. Um dos seus último trabalhos de grande destaque foi a participação na trilha sonora do longa metragem Blade Runner 2049, onde seus timbres arábicos e baixos intensos deixaram ainda melhor a obra-prima de Denis Villeneuve.

Ashibah | Egito

Já quase batizada como brasileira, Ashibah é Sarah El Habashy, nascida no Egito e baseada na Dinamarca, país onde cresceu. Ela sempre esteve presente aqui no Brasil em tours e colaborações, mas teve maior destaque no período de 2017 para 2018 onde começou a trabalhar em um EP junto ao Mumbaata pela conceituada Get Physical. Nesse período lançou também uma apresentação icônica e muito requisitada com o duo Dashdot.  Além de excelente produtora, Sarah é a voz de suas tracks, suas apresentações são intensas e tem a energia de seus vocais com timbres fortes, unidas sempre como seu Deep House bem trabalhado.

Sama | Palestina/Israel

Sama vem como representante do techno árabe. Nascida na Palestina, região de grandes confrontos e historicamente pelo restante dos países vizinhos, Sama Abdulhadi é a voz síncope de seu povo. Hoje vive em Ramallah, mas não é nativa dela. Como a história da maioria dos palestinos, nasceu em Israel, mas ela e sua família tiveram que se mudar para Jericó em um período de confronto em 1948. Em 1969 seu pai foi expulso do país por conta de gritos de protestos vindos de sua mãe contra a morte de mulheres na faixa de Gaza — em 1994 ganharam permissão para retornar à terra natal.

Nos jardins do Radio Bar, em Ramallah, capital da Palestina, Sama gravou um set intenso da primeira a última track, registrada como sua participação no Boiler Room que rolou na Palestina em 2018.

Reality Test | Israel

Musa inspiradora do Psy Trance mundial, Nica Illiuin nasceu em Israel e se formou em Berlim, na Alemanha. Nica se apresenta pelos quatro cantos do mundo levando seu Future Prog por onde passa e a cada dia vem alçando vôos mais altos. Ela sustenta apresentações como Tomorrowland e ASOT e hoje assina pela Alteza Records, gravadora representada por Vini Vici.

A-WA | Israel/Iêmen

As irmãs israelenses de beleza forte e som potente impressionam olhos e ouvidos por onde passam com tamanha autenticidade. Levando o significado de seu nome para os streamings, A-WA significa SIM em hebraico, representa a voz de uma cultura pouco explorada artisticamente hoje que a geração delas tem resgatado em seus projetos, que são as raízes do leste europeu, seja do Egito ou do Iraque, eles querem trazer a tona as referências de seus ancestrais judeus.

A música abaixo, que já soma mais de 13 milhões de visualizações, carrega uma letra cantada em um dialeto obscuro de seus ancestrais do Iêmen. Ouça e veja o clipe de Habib Galbi, que foi também a primeira música em língua hebraica a bater o 1º lugar nas paradas israelenses:

A importância desse movimento criado e tocado por essas mulheres serão vistas e presenciadas por nós e com mais intensidade para as próximas gerações. Elas sempre foram o futuro.

A música conecta.

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