Skip to content
A música conecta

2014 chega ao fim com mais Techno na Troally.

Por Alan Medeiros em Troally 30.12.2014

Para encerrar o 2014 da Troally, apostamos mais uma vez no Techno. Dessa vez com o pessoal do detroitbr, que tantas vezes encontramos nas pistas por aí. Convidamos a dupla Kultra para um podcast e também uma entrevista, onde abordamos diferentes temas a respeito da cena. Ficou bem legal e vale a pena conferir.

1. A figura do artista tem a muito tempo um papel importante na sociedade, seja como formador de opinião ou até mesmo na importante influência que ele exerce frente a seus fãs. Episódios como o de Richie Hawtin na Time Warp geram uma polêmica muito grande na cena. Na sua opinião, o artista deve sempre medir seus atos e comportamento devido ao papel que ele desenvolve na sociedade?

O artista, como qualquer profissional, deve medir sempre seus atos públicos. Infelizmente quando você se torna esse tipo de pessoa pública você acaba tendo que abrir mão de certas privacidades e individualidades, em prol do seu próprio sucesso e do bom funcionamento da cena como um todo. O fato ocorrido com o Richie Hawtin no Time Warp foi uma grande lástima, confesso que me senti envergonhado ao ver um grande ídolo e uma das principais referências musicais que tenho naquele estado, mas devo lembrar a todos que além de serem profissionais, nós somos humanos e estamos sujeitos a cometer erros. Todos estão dizendo que o Richie “cagou e andou” pro fato, mas tenho certeza que ele passou bons dias de ressaca moral e reavaliação de atitudes.

2. Podemos dizer que em 2014, o Warung Beach Club, ou pelo menos o Garden, aprendeu a dançar novos ritmos. Me refiro a apresentação de Bonobo, onde ele trouxe sonoridades inéditas ao club e realmente botou a galera pra dançar. Mesmo não sendo o estilo do Kultra, quais outros djs e produtores desenvolveriam um papel importante e parecido no seu ponto de vista? Assim como Bonobo fez…

Vamos dar uma “passeada” pelas nossas referências, do techno ao jazz, passando pelo experimental: Max Cooper, Anthony Rother, Nicolas Jaar, Trentemoller, James Blake, Radiohead, Bill Evans, Sony Stitt, Miles Davis.

3. Falar de influências é sempre um assunto muito interessante e que gera descobertas legais para os fãs. Mas hoje gostaria de saber algum nome que vocês admiravam e hoje devido as mudanças de som o consideram uma “decepção”.

São vários, mas saio em defesa dos próprios artistas: boa parte desse sentimento vem por conta do amadurecimento musical nosso, que nos faz curtir sonoridades mais diversas e, inevitavelmente, não gostar mais tanto daquela linha . Para exemplicitar, citarei alguns labels que antigamente eram “obrigatórios” na case e hoje são apenas peças eventuais: Minus, Items & Things, 1605…

4. Em 2014 muitas vezes o encontro entre Alataj e detroitbr aconteceu por aí nas pistas. Apesar de seguir linhas de som diferentes, já que o detroitbr é fiel ao Techno e o Alataj tem um base mais no House esse encontro foi sempre muito bacana e reforça a importância de núcleos e labels se proliferando de forma saudável pela cena. Como você enxerga a importância do trabalho do teu núcleo para o mercado e quais são as novidades para 2015?

Há quem diga que rotular é negativo, mas negativo é o mau uso que as pessoas fazem dos rótulos. Nós optamos por levantar a bandeira do techno por ser um estilo com o qual nos identificamos muito e víamos que estava totalmente deturpado no mercado nacional. Começamos sem pretensão alguma, era apenas uma festa para reunir amigos que buscavam a mesma coisa que nós, mas vendo a rápida disseminação do ideal e o crescimento exponencial dos eventos, logo dedicimos nos profissionalizar. Hoje vejo o detroitbr como uma referência de curadoria artística, pois somos um dos poucos eventos que não usa seu line-up como moeda de troca pra vender artistas, e também por utilizarmos nosso site para reproduzir conteúdos relacionados a música e fazer análises sobre as principais festas e festivais que acontecem no eixo PR-SC.

Em 2015 teremos muitas novidades: nosso label lançará os primeiros EPs, teremos um novo formato de evento que fará tour por diversas cidades de Santa Catarina, faremos um trabalho de imagem diferenciado em nossos residentes… entre outras coisas que ainda não posso falar 😛

5. Para encerrar, gostaria que tu contasse um pouco mais pro pessoal a experiência que foi assinar uma pista no Elo Festival. Obrigado pela participação e forte abraço.

Participar do Elo Elemental foi muito importante para o label, mas antes de qualquer coisa, foi uma satisfação pessoal. Para quem não sabe, comecei a frequentar a cena eletrônica nas raves e festivais de psytrance da década passada. Meu gosto musical mudou, mas ainda tenho uma grande admiração pela cultura alternativa, pra mim era um sonho conseguir colocar um palco com techno (de verdade) em um evento desse tipo.
O resultado foi mais do que satisfatório, tivemos excursões saindo do litoral só com pessoal da cena techno que voltaram maravilhados com a experiência que tiveram durante o fim-de-semana. Um festival possui uma energia diferente, por estarem em convívio por um tempo mais prolongado, fazendo coisas de dia-a-dia em meio à festa (como comer, tomar banho, dormir etc), as pessoas criam uma conexão muito mais forte entre si. O resultado disso em uma pista bem comandada? É algo inesquecível 🙂

Inclusive o set que enviamos para o Troally Podcast foi gravado ao vivo no festival. Achei adequado pois como estavamos em clima de comemoração de aniversário do detoritbr, fizemos um apanhado do nosso repertório do ano inteiro, com apoio da SparkLE, ferramenta da Arturia que funciona como sequenciador e drum machine.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024