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A música conecta

Diferenciados, conversamos com o pessoal do Barba, Cabelo e Bigode.

Por Alan Medeiros em Troally 22.09.2014

A cena conceitual é movimentada por projetos, núcleos e principalmente festas de qualidade. Um bom exemplo disso é o projeto Barba, Cabelo e Bigode, de Curitiba. Com forte curadoria artística, a festa vem se consolidando como uma excelente opção para os que procuram boa sonoridade em um evento de qualidade e acessível. Nós entrevistamos as figuras por trás do BCB, e você confere agora esse bate papo bem interessante.

Olá amigos, vamos começar então? A gente queria saber de vocês a origem do nome e como foi a primeira edição? 

BCB (Barba, Cabelo e Bigode): Então, lá em setembro de 2008, quando a festa começou, Bogus e Renan haviam começado a usar bigodes, e a ideia da festa era tocar e divulgar novas sonoridades que estavam surgindo naquela época, além do som que já faziam, numa junção de tudo, que fosse essencialmente irreverente. Acabou sendo natural dar este nome, “Barba, Cabelo e Bigode”, tanto pela ‘bigodagem’ quanto pela ideia da festa, de abranger vários sons e fazer ‘serviço completo’.

O lugar aonde acontecia a festa, a Kitinete, também localizada no Centro Histórico de Curitiba, era um ponto de encontro de várias pessoas, djs, artistas, jornalistas, músicos, personalidades da noite, então permitia essa experimentação; a Kitinete fechou e a festa, depois de 2 anos acontecendo, acabou ficando em standby.
Em novembro de 2013 surgiu a ideia e oportunidade de fazer no Bar da Produção, e aí o Vinicius (Vini del Cruz) entrou como terceiro residente e o direcionamento foi mais para o dancefloor, sem perder o espírito underground e o conceito musical inovador.

Na Kitinete foram mais de 20 edições, e no Bar da Produção até agora, foram 10 edições mensais. Fizemos também uma edição em conjunto com outra festa, a Porn, em agosto, mas em outro espaço, o Jokers Pub. Foi a “Porn, Cabelo e Bigode” 😀

Como é pra vocês o processo de escolha de local e produção da festa?

BCB: A esolha do local se baseia num espaço que tenha bom soundsystem, razoável, o lugar tbém precisa ter um bom atendimento e ser fácil o acesso.
A produção da festa varia conforme o(s) dj(s) convidado(s), e diretamente temos o trabalho das nossas doorgirls, Ruanny Valengo e Camila Goulart; da Kahren Cook, que faz nossas artes, e do Gee Siqueira, que desde a Kitinete nos empresta seu potencial mágico e criativo na decoração.

Contamos também com os apoios da Fermin Cacarecos, capitaneada pela Larissa Marques, que já esteve como nossa hostess e atualmente veste as doorgirls; a produção de cabelo e maquiagem pelo Pocket Beauty, e o Ledux CWB, um site de fotos que já fez várias vezes a cobertura da festa e sempre nos apóia na divulgação.

Atualmente a festa acontece mensalmente no Bar da Produção, no Centro Histórico, numa rua chamada Trajano Reis, apelidada de Trajano “Hells”, por causa da grande concentração de pessoas, pelos vários bares e por toda a movimentação boêmia desta região.

O bar tem essas características que a gente quer, além do jardim na parte de trás, que serve de ‘fumódromo’; tem todo um charme, por ser um casarão antigo, adaptado para ser um bar. O staff do bar é muito bom, e a carta de drinks e shots é um diferencial, sem dúvida. Tanto que o Bar da Produção foi indicado para prêmio, pela Veja Curitiba.

Vocês tem alguns nomes ou marcas que influenciam na hora da execução da Barba, Cabelo e Bigode?

BCB: Cada edição é influenciada pelo convidado da vez ou pela temática daquela edição; desde a arte até a linha de som que iremos fazer.
Não temos uma festa ou marca referencial para fazermos a Barba, Cabelo e Bigode, mas obviamente estamos atentos ao que tem rolado na cidade e no mundo, às sugestões/colaborações de todos os envolvidos, assim como no que o público nos passa.

A cena de grandes clubs e festivais tem se fortalecido no Brasil, porém as festas undergrounds tem um importante papel na hora de oferecer uma música mais conceitual para o público. Como vocês enxergam as dificuldades nessa cena?

BCB: Vemos esse crescimento e fortalecimento da música eletrônica como muito positivo, de forma geral.

A desvantagem em relação aos grandes clubes e festas é não termos a mesma verba para mais atrações ou atrações internacionais e para maior exposição na mídia e para o grande público, trazendo assim mais pessoas para conhecer o nosso trabalho.

Por outro lado, temos um público menor, mas mais interessado e próximo do nosso trabalho, na mesma sintonia de sons e ideias novas, que nos presenteia com uma atmosfera mais intimista e mais próxima.

Nós já tivemos e estamos abertos a parcerias com outras festas e núcleos, já que compartilhamos quase o mesmo público, além de ser uma forma de apresentar mais coisas para os que nos acompanham, assim como fortalecermos a todos.

Ja trabalhamos com a Porn, com a conceituada Techgrooves, com o núcleo de techno Substance e vamos agora com a RL Produções, de Ponta Grossa.

Existe uma fórmula para se manter forte no mercado?

Vinicius: Existe sim, bom relacionamento com as pessoas, diferencial e trabalho sério.
Renan: Sim, mantendo uma boa festa, bom atendimento, um som de qualidade e um ótimo MKT.
Bogus: acho que fórmula mágica não existe, mas se reinventar, continuar inovando, sem perder as nossas características principais, que são a irreverência e o espírito underground.

Como vocês enxergam o surgimento de festas do mesmo estilo?

Vinicius: Enxergamos como um ponto positivo, procuramos sempre estar atentos a festas parecidas com a nossa, mesmo nos mínimos detalhes.
Renan: Enxergamos que estão dando certo na cena.
Bogus: É importante que mais pessoas façam coisas, se envolvam e desenvolvam, é bom para todo o cenário e para cultura da música eletrônica.

Quais foram os principais nomes que já passaram pela festa?

BCB: Na Kitinete podemos destacar o Alessandro Oliveira (ex-integrante Copacabana Club, atual Our Gang), Chris Kelly (Lolitas Coiffure – sets em vinil), a hostess e persona da noite Leticia “Lets” Tie (atualmente morando em São Paulo) e a dupla Alexandre Heringer e Álvaro Carvalho (Mastersystem – Londrina).
No Bar da Produção nosso primeiro convidado foi o Bruno Snupi, um artista que gostamos e admiramos muito, depois Romi Trombini, Hill Mafra, Naná Fracta (Bruna Freitas), Porn Club (Diones & Rafal LDS), Felipe Lotufo, Ane Ferraz, Malcon Costa, Dani Souto (D-Edge / Dionysus Jr), Hiorrana Amâncio, CPCK (Rafael Araujo), Manolo Neto, G.Felix, e agora em setembro o Rodrigo Carreira.

Conte pra nós alguns detalhes sobre as festas? Se cada uma delas recebe uma identidade sonora e visual diferente e por aí vai…

BCB: Cada edição tem uma peculiaridade, conforme o convidado ou a temática, e o som pode ir do indie dance ao techno.
Um acontecimento interessante foi uma vez que estava muito quente, literalmente, e a potência/amplificador simplesmente queimou no meio da noite! Conseguimos alugar um equipamento, no meio da madrugada e enquanto isso na pista um grupo de break dancers ficou batendo palmas e dançando, e toda galera acompanhou… Depois de trocado o equipamento a festa seguiu até quase 7 da manhã de domingo… Isso foi bem divertido e marcante.

Quais os planos para o segundo semestre de 2014?

Vinicius: O plano é consolidar nosso público e expandir para outras cidades próximas a Curitiba, já recebemos alguns convites.
Renan: O plano é mostrar para outras cenas, cidades, culturas, o BARBA, CABELO E BIGODE.
Bogus: Consolidar nossa festa, nosso público, viajar e levar nossa proposta musical para outros lugares e públicos.

Olhando para trás, qual o balanço que vocês fazem da primeira festa até hoje? Vocês enxergam a Barba, Cabelo e Bigode daqui a 10 anos?

Vinicius: Uauu, foi um crescimento bem considerável, lançamos 2 Cds promo na festa, nosso público vem crescendo muito, nossas festas cada vez mais cheias de energia, estamos muito felizes. Daqui 10 anos enxergo o Barba, Cabelo e Bigode como uma grande aprendizagem passada, temos outros projetos, que esperamos em 10 anos botar em prática.

Renan: Do primeiro ao último foi a criação de um publico fiel e da linha musical! E daqui dez anos esperamos estar bem na mídia como um dos melhores projetos UNDERGROUND em grandes festivais .

Bogus: o balanço é muito positivo, de uma festa despretensiosa, que era mais para tocar e mostrar novas ideias e sonoridades, num ambiente de bar, bem mais ‘tranquilo’ e que sempre no final (duas da manhã no máximo, pque acontecia em dias da semana) se transformava em pista (na Kitinete) até hoje em dia, que temos pista cheia, dançando, da meia noite até 6 da manhã é uma grande satisfação.
Em dez anos espero que essa festa tenha se consolidado ainda mais e seja uma boa referência de música de qualidade, fora do óbvio; que tenhamos contribuído e acrescentado para o cenário cultural. E que nesse período nos sirva como uma plataforma para mostrarmos nosso trabalho.

 

 

links:
www.facebok.com/barbacabelobigode

www.soundcloud.com/barbacabelobigode

www.mixcloud.com/barbacabelobigode

 

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