Skip to content
A música conecta

Do Rap ao Chill out, conheça a NAS

Por Alan Medeiros em Troally 19.08.2014

Semana passada enquanto eu pesquisava insanamente por novos beats no Soundcloud me deparei com o novo e excelente álbum de Castelan, chamado “Uma data”. Intensifiquei minhas pesquisas sobre o artista e achei uma matéria bem interessante falando sobre o álbum na THUMP. Então, aprofundei ainda mais a pesquisa, cheguei a conclusão que o cara era bom mesmo e que o trabalho dele tinha uma qualidade rara de se encontrar por trás. Logo o convidei para participar do Alaplay Podcast, ele falou um pouco mais sobre a NAS e me apresentou o Raoni, fundador do selo. O sábado e o domingo foram de debates sobre a cena, logo percebi que seria sensacional uma entrevista com um deles. Dentro do que queremos para a Troally, apresento a vocês hoje um verdadeiro bate papo, nossa entrevista com Raoni Moretto trás um trabalho de qualidade, de uma figura que quer e acredita que vai fazer a diferença na cena. Vamos lá.

1. Raoni, o que você está ouvindo agora?

Soulection Radio Show #183 w/ Sam Gellaitry. A música é Mr.Carmack Trigger no momento.

2. O Sam Gellaitry inclusive lançou duas músicas pelo canal SYZYGY nesses últimos dias, tu costuma acompanhar esses canais audiovisuais do YouTube? Acha que eles tem uma importante função para os produtores?

Cara, acho que tanto selos como networks não são mais necessários pra artista algum. O mr.Carmack é o maior exemplo disso, um cara que tem números absurdos no Bandcamp/Soundcloud… A grande questão hoje é o que um selo e uma network fazem. As networks dão realmente uma visibilidade grande pra um artista, mas tem que saber usar isso também. Fazer virar. Eu ainda consumo música através de selos, com curadoria real, acho o trabalho das networks muito genérico, baseado no volume. Mas sempre tem exceções: a Majestic, SYZYGY, etc

3. Eu acho que esses canais são mais uma boa ferramenta para que o público encontre nomes novos que agreguem uma qualidade legal. Semana passada eu conversava com um amigo e citei como o Brasil é grande e quanto nome perdido, fazendo um bom trabalho não tem por aí e a gente acaba não encontrando. O que tu acha que falta para mudar esse cenário e que esses nomes ganhem reconhecimento?

Falta um circuito nacional. Sempre faltou, não é de hoje. Existem núcleos, iniciativas, selos, em tudo que é canto. Gente que quer mudar, produtores fazendo trabalhos de muita qualidade. Sem circuito, essas pessoas não se falam. As iniciativas emperram, não avançam. Hoje acho que o essencial é essas pessoas se conhecerem, trocarem ideias, papos. A troca é o primeiro passo pra começar a criar algo que beneficie todo mundo. E claro, pensar pra frente, coletivamente.

4. Agora tu poderia falar um pouco mais da NAS pra gente, o motivo do nome, a filosofia que vocês carregam junto com o trabalho de de vocês.

A NAS é um selo com novos formatos de pensamento musical. Nossa ideia sempre foi aproveitar as mudanças que a internet proporcionou nessa dita indústria musical antiquada pra fazer algo inovador. A NAS pensa todo dia em inovação de formato, em disrupção, apesar de eu odiar essa palavra… Antes mesmo da nossa curadoria, queremos fazer de um jeito diferente. Nossa ideia é mudar o que são os selos. É pretensioso, mas nossa ideia é justamente fortalecer no Brasil modelos novos de fazer, consumir, escutar, conhecer música. Por exemplo: A NAS não acredita em vender música digital. Nascemos pegando mp3 no Kazaa, não podemos vender música, seria um papo desconexo com o que somos. Então todos os nossos lançamentos digitais são no Bandcamp, a galera escolhe quanto quer pagar. Pode pegar de graça, pode doar um real, dois, dez. Eu nunca vi a NAS como um selo e pronto, nós integramos nossa produção com conteúdo, com estética. Sempre sai um vídeo pra galera curtir, um vinil, um evento imersivo. Lançamos mixtape toda hora, agora vamos começar uma rádio com o Castelan de apresentador, é basicamente a curadoria da NAS pro público. Pra nós, esse é o futuro. Fazer curadoria, conteúdo, coisas que o público curta. Não ficar vendendo música… Eu vejo a NAS como uma startup, sempre vi assim.

5. Interessantíssimo. E pra NAS ter esse posicionamento hoje, vocês tiveram influências ou tudo surgiu do “zero”?

Veio do nada… É claro que nós temos referências, trabalhos que achamos ótimos e queremos seguir pelo mesmo caminho. Mas a NAS como modelo de negócios foi algo que eu criei dentro da minha cabeça. Era algo que eu via na música, mas também na indústria criativa e tecnológica em geral. Tirar a marca do papel foi um lance bem difícil. Eram muitas ideias, poucas maneiras de exemplificar e muita gente chamando de louco, fadado ao fracasso. Demorou pra gente se achar, como criar um discurso. Foi um processo cansativo mesmo.

6. Na descrição de vocês diz que procuram não limitar sons em gêneros e estilos. Você acha que rotular gêneros de alguma forma, atrapalha o desenvolvimento da cena?

Acho que gênero atrapalha quando as pessoas fecham a cabeça e ouvidos. Acho que isso também é um dos motivos da ausência de circuito. Música boa é música boa. Seja future beats, trap, rap, chill out. Os clubs, os selos, o público, todo mundo devia na minha opinião, olhar menos pra gênero e mais pra qualidade. Até porque é fechado em gênero que tu cria sons genéricos que fortalecem justamente os trabalhos fracos.

7. O que a NAS tem de novidades nos próximos meses que tu pode adiantar pra nós?

O catálogo continua a mil. Acho que o full lenght do Castelan é um trabalho recém lançado que todo mundo devia curtir. Nosso próximo release é o primeiro EP do Fillipe Queiroz. Se chama Sinergia é o nosso maior trabalho até aqui… Juntamos todos os produtores (que são de vários estados) em Porto Alegre, lapidamos um monte de beats e fomos pro estúdio gravar um trabalho que representa a NAS no seu primeiro ano. No fim são 4 tracks, uma de cada produtor, com o Queiroz rimando. O contéudo em vídeo sai logo mais e o trabalho completo vai ter até uns cortes em vinil pelo Arthur Joly. Mas tirando os nossos sons, eu destacaria os conteúdos que virão: Vamos continuar explorando esse lance audiovisual pro nosso público curtir no Youtube o nosso cotidiano criativo e como citei antes, começaremos a NAS Radio Show. O enfoque é total em curadoria, em mostrar sons, pra gurizada ouvir no carro, em casa, no trabalho. Ainda vamos fazer nossa primeira tour, a princípio com um selo internacional junto, mas é algo que ainda precisamos fechar certinho pra anunciar.

Bom, para finalizar quero agradecer essa parceria e essa entrevista que tu gentilmente concedeu a Troally e aproveita pra lembrar que a última semana de Outubro vai ser toda assinada pela NAS, Castelan e o vinollimbo assinam podcasts bem esperados por nós na Alaplay. Parabéns pelo trabalho e vida longa!

A MÚSICA CONECTA 2012 2024