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A música conecta

A música hipnotizante da italiana Entú

Por Alan Medeiros em Troally 03.12.2015

Sara Paracchini é o nome por trás do projeto Entú. A italiana que atualmente vive em Berlim, possui uma admiração declarada ao Brasil, país que viveu durante algum tempo. Dona de um estilo que mescla vocais hipnóticos, beats profundos e uma ambiência incrível, ela aproveita diariamente a miscigenação cultural que a formou como artista. Nos encantamos com seu trabalho e a convidamos para gravar um podcast e responder algumas perguntas, que você pode conferir a abaixo. Música de verdade, por gente que faz a diferença.

1 – Olá, Sara! É um prazer imenso poder falar com você. Recentemente, você lançou o No Mirarme, seu primeiro álbum, certo? Quais foram os grandes desafios que você encontrou durante todo processo criativo desse trabalho?

Na verdade e lamentavelmente, o álbum ainda tem que sair. Estamos muito perto disso, apesar de estarmos extremamente atrasados! Isso por causa do maior desafio que eu encontrei durante todo o processo criativo, ou seja, a minha lentidão e a minha insegurança com relação a qualidade e a beleza do que eu faço, que muitas vezes me bloqueia e me atrasa infinitamente.

2 – Você é italiana, atualmente vive em Berlim, mas também já morou no Brasil, não é mesmo? Como essa miscigenação cultural tão grande contribuiu para sua formação enquanto artista?

Eu não tenho uma grandissima formação musical, mas sei que com certeza a variedade cultural que tive a enorme sorte de vivenciar me influenciou muito, seja como pessoa ou como alguém que sonha e tenta ser artista. No Brasil, por exemplo, encontrei  pessoas que, querendo ou não, me introduziram ao vastíssimo mundo da música eletrônica e da produção. Vivia numa casa junto a uns garotos, que agora são amigos queridos, eles organizavam festas e shows que muitas vezes hospedavam músicos, DJs e produtores que vinham tocar nos eventos deles. Então em casa muitas vezes tinha alguém tocando e gravando mixtapes e era como… não sei, tudo era sempre profundamente permeado por música. Também tive a oportunidade de conhecer a fundo algumas pessoas que, além de serem extremamente inspiradoras para mim, me levaram de alguma forma a aprender a utilizar programas como Ableton Live ou também programas de VJ. Antes de morar no Brasil eu nunca tinha utilizado um programa de música eletrônica. O meu trabalho no país teve uma papel muito grande na minha formação. Trabalhava numa produtora de vídeo, como editora. Quando montava documentários ou até videos institucionais, às vezes tinha a sorte de trabalhar com conteúdos que envolviam festas populares e práticas tradicionais brasileiras. Foi uma incrível, pois acabava escutando também muita música de percussão e as vezes um som de um pandeiro ou de um candombe me deixava hipnotizada e então eu começava a pensar “quero tentar fazer uma música que me lembre esse ritmo…” coisas das quais nunca fui a altura mas enfim, que me influenciaram. O mesmo acontece em Berlim, mesmo que aqui eu esteja em contato com um tipo de música mais experimental.

3 – Sua história com a música não vem de hoje. Eu li que você começou a aprender muito nova alguns instrumentos musicais. O que a música representava pra você naquela época e quando você decidiu que queria levá-la como profissão também?

De fato comecei a estudar piano quando tinha nove/dez anos. Não sei bem o que a música representava naquela época, mas lembro isso: era apaixonante. E eu estava impaciente, queria mesmo aprender tudo logo, pular todas as etapas do estudo… por isso que não sou e nunca serei uma pianista de verdade, porque sempre aprendi muito mal, por minha culpa (risos). Mas meus professores sempre foram incríveis. Quando fiz a minha primeira música, com o violão, também não sei o que isso representou para mim, foi uma forma a mais de ser, um experimento, ou como se tivesse feito um desenho ou escrito uma página de um diário, nada mais. As vezes em que eu dava mais importância a minha musica era só porque alguém gostava. Mas demorei muito para levar isso a sério. Foi quando eu morava no Brasil. Explicar como isso aconteceu seria longo e talvez entediante, mas gostaria de dizer que eu sou feita também pelas pessoas que encontrei no meu caminho, e que um dia a vontade de recomeçar a fazer música e levar isso a sério despertou e começou a gritar. E que ainda não voltou a dormir. Ainda não posso considerar a música como uma profissão para mim, ou eu não seria honesta, nisso tenho que trabalhar muito ainda.

4 – Você possui uma relação bem especial com a Surrounding Label. O que significou para você lançar seu primeiro álbum por um selo independente sul-americano?

Para mim é uma honra lançar um album com um selo sul-americano, é uma coisa que me faz pensar que a América do Sul continua sendo um lugar que para mim é uma segunda casa e uma segunda mãe. Me faz sentir que ainda estou muito perto de lá. Não sei explicar o quanto isso é importante e fascinante para mim, só sei que é.

5 – Após seus recentes excelentes lançamentos, só nos resta perguntar: O que você está planejando para o futuro, em especial para 2016?

Espero começar a tocar ao vivo. Gostaria realmente de tocar muito e enfrentar o quanto mais possível o meu medo em me exibir.. pois é, falei! E também espero compor muito mais, só isso. E ah, isso não posso planejar, mas espero ter a oportunidade de compor para um trabalho visual.

6 – Para finalizar, uma pergunta bem pessoal. Qual foi a música brasileira que você mais se encantou, desde que morou aqui no Brasil?

Ai, essa é uma pergunta difícil, teria que fazer uma lista. Acho que não sou muito original… Me encantei com “Chega de saudade”, pois tinha lido um livro sobre a bossa nova que a minha chefe da época tinha me emprestado. Me encantei também com “O que será (A flor da pele)” e cantei gritando pelas janelinhas do carro de amigos “Lágrimas Negras” cantada por Otto e Julieta Venegas. Algumas músicas dos Natiruts também… E não poderia me esquecer da musica eletrônica do Pazes, com a música do já brasileiro por adoção Cristopher Scullion.

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