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A música conecta

Um ícone vivo: Grace Jones

Por Georgia Kirilov em Troally 24.10.2016

Admito, quando comecei a pesquisar sobre Grace Jones já conhecia seu nome e sua música, mas não tinha noção do que ela representa e de tudo que ela engloba. Uma artista multifacetada que usou de quase todos os meios artísticos possíveis para se expressar e encantar pessoas somente sendo ela mesma. Sua maior marca sendo sua originalidade e a maneira perfeitamente calculada porém non chalant com a qual ela se porta até hoje.

Grace Jones nasceu na Jamaica em 1948 e foi criada por sua avó e seu marido, os pais de Jones foram morar nos Estados Unidos. Grace continuou na Jamaica até os 13 anos, mudando-se para a casa dos seus pais nos Estados Unidos em seguida. A família da artista era bem religiosa, seu pai era ministro, e foi na faculdade que ela começou a se rebelar dos valores impostos em casa. Nessa época Jones foi morar com comunidades hippies na cidade de Filadélfia, frequentou baladas gays com seu irmão e experimentou com LSD – no seu livro, Jones fala que o uso da droga foi um bom exercício mental para o seu crescimento pessoal. Sua carreira começou quando ela foi descoberta como modelo em 1968 em Nova Iorque, mudando-se para Paris logo depois em 1970. Foi em Paris que nomes como Yves Saint Laurent apreciaram sua beleza andrógina e singular.

O primeiro release da carreira musical de Jones aconteceu em 1973, com uma contribuição da cantora na faixa “Ebony Woman” de Billy Paul. 4 anos depois, a cantora lança seu primeiro álbum, Portfolio. Seu segundo álbum, Fame, foi um hit na cena gay dos Estados Unidos e do Canadá – o álbum foi recentemente remasterizado pela Gold Legion, label especializada em relançar álbum de Disco clássicos em CDs. Jones foi coroada rainha das baladas gays de NY durante seu momento de brilho mais intenso, se tornando uma das figuras mais memoráveis que surgiu da cena Studio 54 em NY. Lançou tracks como “Pull Up to the Bumper”, “Slave to the Ruthy” e “I’m not Perfect (But I’m Perfect for You)” nessa época. Seu album Nightclubbing de 1981 entrou no top 5 de 4 países e se tornou seu release com maior ranking na Billboard charts de mainstream álbuns and R&B, foi também listado pela revista inglesa NME como álbum do ano. A capa de Nightclubbing, pintura de Jones por Jean-Paul Gode é histórica, ela está vestida de terno, com um cigarro em sua boca e em todo seu esplendor andrógino.

Jean-Paul Gode é uma figura com a qual Jones fez incontáveis colaborações artísticas, uma delas até rendendo uma indicação à um Grammy em 1983. A colaboração em questão é um show criado pela dupla, e interpretado por Jones, chamado One Man Show. Nesse momento o Disco começa a decair na cena dos Estados Unidos e Jones começa a explorar seu som na fase new wave. O show se tratava de uma expressão de arte-pop teatral aonde a cantora fazia performances dos sucessos dos álbuns Portfolio, Warm Leatherette, Night Clubbing e Living My Life. Uma versão em filme contando com imagens de NY e Londres e cenas de sessões no estúdio foi indicada, então, para o Grammy de 1983.

https://www.youtube.com/watch?v=JHClmfeoXZs

Em 1984, Jones embarca em mais uma nova aventura, atuando ao lado de Arnol Schwaznegger no filme Conan The Destroyer e após isso trabalhando em filmes como A View To Kill da série James Bond. É realmente incrível perceber a ferocidade com a qual a mente dessa artista de tantos talentos trabalhava, a necessidade de se expressar com a qual ela vive até hoje. Depois do seu sucesso como atriz lançou mais um álbum Slave to the Rythym, que também foi um grande sucesso. Em seguida ela lança sua primera best-of compilation e a capa é mais uma colaboração entre ela e Goude. Uma das fotografias mais famosas da cultura, a obra Nigger Arabesque cria a ilusão de uma posição perfeita com diversas colagens de fotografias de jones, Michelangelo se encontra com Andy Warhol no corpo de Grace Jones.

Grace impactou na de cross-dressing, na dos homossexuais, dos livres, dos que amavam, dos que se expressavam e por fim de todos com a mente aberta o suficiente para realmente absorver a arte que ela sempre ofereceu. O interessante de Jones é que ela se mantém firme na sua identidade, mesmo se expressando de diferentes formas e para diferentes audiências. Essa continuidade artística se vê até o seu último álbum, lançado em 2008, Hurricane. Por mais que Jones tenha passado por diversas fases e explorado diversos estilos, e também formas de expressão, existe na sua essência uma lealdade a sua personna que é, de fato, admirável.

https://www.youtube.com/watch?v=U2zSAaJ2e_E

Em 2015 Jones lançou seu livro, que foi best seller no New York Times. Existem boatos de que ela está trabalhando em um novo álbum. Enquanto isso não acontece, é esse o talento imenso que vem para São Paulo dia 18 de Novembro em evento da D-EDGE Concept com Underground Resistance. Com direção artística por Renato Ratier, o evento promete ser histórico, demonstrando de fato a sensibilidade do conceito underground como um evento histórico que existe no trabalho do frontman de marcas como D-EDGE, D AGENCY, Ratier Clothing e mais. Uma artista que é história viva, revolução em carne e que expira liberdade – realmente, só respirar o mesmo ar que Jones é uma grande honra. Música de verdade, por gente que faz a diferença! 

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