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A música conecta

Troally | O techno como estilo de vida: falamos com Jeff Rushin

Por Alan Medeiros em Troally 14.12.2017

Jeff Rushin é mais uma cria da prolífera cena de Amsterdam, uma das cidades mais propícias a revelar talentos para a dance music no mundo. A música eletrônica entrou em sua vida em algum lugar por volta dos anos 90, período de efervescência do estilo a nível global. Encantando com a magia da cena clubber, Jeff logo se interessou pela discotecagem em vinil e o resto, como dizem, é história.

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Ao explorar a versatilidade musical existente nacidade, Rushin trombou e se encontrou no techno. Logo as brincadeiras frente as pick ups deixaram de ser apenas um hobby para se tornar profissão – na verdade mais do que isso, um estilo de vida. Plenamente identificado com o estilo, Jeff começou a ganhar destaque dentro e fora da Holanda e hoje seu catálogo conta com releases em selos como Suara, Monocline Records e Arts, apenas para citar alguns. Esse ano ele captou nossa atenção após um set excelente no Awakenings. Alguns meses depois, ele aparece por aqui, com mix e bate-papo exclusivos para coluna Troally.  Confira abaixo:

1 – Olá, Jeff! É um prazer falar com você. Em sua bio, você cita a efervescência artística dos anos 90 como um fator que impulsionou sua carreira. Como exatamente rolou seu primeiro contato com a cultura eletrônica em Amsterdam e qual foi o momento que você decidiu viver disso?

No início dos anos 90, meu irmão comprou algumas mixtapes de house de um cara da sua escola. Ele me disse que era isso, a “coisa nova” e ele estava certo. Fiquei viciado no “vírus do house” e comecei a explorar o gênero. Essa história definiu a base do meu gosto atual na música eletrônica. Alguns anos mais tarde eu comecei a tocar, acho que foi em 1994. Tive a chance de comprar 2 toca-discos antigos de um amigo, apenas um com controle de pitch. Naquela época, ainda vivia na minha cidade natal, Den Helder, onde consegui residência em um pequeno clube. Eu estudava em Amsterdã, tinha muitas lojas de discos lá. Então, a cidade se tornou o lugar onde eu poderia comprar meus discos que eu tocava no clube em Den Helder. Foi aí que tudo começou.

2 – Percebemos que alguns artistas, assim como você, fazem do techno um verdadeiro estilo de vida. Dentro desse cenário tão rico, quais foram seus principais aprendizados?

Quando me mudei para Amsterdã, eu saia para festas quase todas as sextas e sábados. Às vezes até na terça-feira, se houvesse um bom motivo. Mas ao longo dos anos, o lifestyle techno mudou para o segundo plano. Hoje tenho uma família que me mostrou que há mais na vida do que apenas isso.

3 – Falando um pouco sobre sua experiência como DJ em grandes clubs e festivais… quais são suas melhores lembranças?

É muito especial tocar em grandes festivais e clubes. Isso me dá a sensação de trabalho duro sendo pago. Fiquei feliz em tocar no Awakenings e Paradigm Festival esse ano. Mas, a maioria das melhores lembranças que tenho são todas de gigs em lugares menores. Essas apresentações tendem a ser mais intensas, com as pessoas ao seu redor, você pode trazer mais emoção e profundidade ao seu set. Tudo é sobre trazer o público para o next level e ver os sorrisos nos seus rostos. Isso me dá arrepios.

4 – Sua base musical iniciou e permanece até hoje em Amsterdam, certo? De que forma a cidade e sua rica atmosfera contribuíram para sua formação enquanto artista?

Bem, comecei minha carreira musical em Den Helder, mas ela se tornou mais séria quando me mudei para Amsterdã, onde ainda moro. A cidade tem uma atmosfera ótima e há sempre algo para fazer, às vezes até demais. Descobri que você não pode estar em todos os lugares [risos]. Saí muito e pude ver cada DJ que fui inspirado. Analisar como eles tocam, quais faixas funcionam na pista e quais não, com certeza me ajudou muito.

5 – Fale um pouco sobre o seu processo criativo no estúdio: você é do tipo que começa a produzir com uma ideia fixa na cabeça ou liga as máquinas e deixa as coisas rolarem?

Normalmente, deixo as coisas rolarem e vejo o que acontece. Nas jam sessions, tento fazer algumas coisas estranhas. Gravo coisas estranhas e coloco alguns efeitos nelas, etc. Às vezes funciona, às vezes não.

6 – Fale sobre o trabalho que você tem desenvolvido junto a On and On Records. Em quais pontos ter seu próprio selo ajudou em sau carreira?

On and On foi uma grande aventura. Começamos organizando festas e fizemos isso por 7 anos. O selo veio mais tarde. Nessa época, o techno estava mais no fundo em Amsterdã. Minimal e house eram mainstream. Perdemos a energia nesses gêneros, então começamos a organizar eventos de techno. A primeira locação era um bunker antigo com capacidade máxima de 400 pessoas. Esse período foi muito intenso. Nós tínhamos grandes artistas como Speedy J, Chris Liebing, Function, mas o que eu mais gostava era trazer DJs desconhecidos para Amsterdã. Tivemos muitas estreias em Amsterdã como Gary Beck, Monoloc, Psyk e Sigha. Isso definitivamente ajudou a expandir minha rede. Combinado com o selo, foi uma ferramenta forte para me colocar mais no cenário.

7 – Como você enxerga atualmente a cena house/techno na Europa? Você sente que os jovens estão procurando por algo mais profundo dentro da música eletrônica?

A música sempre se divide em dois lados. Para algumas pessoas, nunca é pesada o suficiente, elas querem mais rápido e pesado. Outras pessoas gostam de profundidade. Gosto de ficar entre os dois lados nos meus sets – profundidade combinada com algumas coisas mais pesadas. Se eu sentir que há necessidade de uma melodia, eu toco algo com uma melodia.

8 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A música é um dos principais fatores para mim. Nunca me canso e sempre sinto o desejo de trabalhar com isso. Também tenho um grande interesse em 60, 70, 80 blues, rock e jazz e tudo que está no meio disso, principalmente quando escuto The Doors. Música atemporal, me traz a mesma energia que o techno.

A música conecta as pessoas!

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