Dois anos após a criação da Troally, seguimos fortes e empenhados na tarefa de apresentar música e arte de vanguarda aqui no Alataj. Para celebrar nossa edição especial de dois anos, convidamos o francês Lowris, residente do aclamado CONCRETE, de Paris, artista do respeitado selo Minibar e headlabel da Æternum Music. Ás vésperas de sua primeira tour no Brasil, ele nos entrega um mix gravado 100% no vinil e uma entrevista exclusiva. Música de verdade, por gente que faz a diferença!
1 – Olá, Lowris! Tudo bem? Obrigado por falar conosco. Podemos começar nossa entrevista falando sobre sua residência no Concrete, um dos melhores clubs de Paris. Como essa experiência no club contribuiu para sua formação artística?
Ola rapazes! Obrigado por me receber. Então, CONCRETE tem sido uma coisa muito importante para mim desde o início, e hoje, 5 anos depois, eu posso olhar para trás e ver que a coisa evoluiu de uma ótima maneira. O club contribuiu muito com a minha carreira, tive a oportunidade de tocar em festas incríveis, com artistas que eu respeito muito. Sem contar que passei horas por lá, ouvindo músicas muito doidas que com certeza me inspiraram!
2 – Em Setembro você vai participar de um evento especial com o Minibar Live em uma das maiores estações de trem em Paris, certo? Conta pra gente como funciona esse formato de apresentação e o que vocês estão preparando para a ocasião?
Sim, com certeza é um evento muito especial. Para começar, vai ser em um lugar irado, uma das estações de metrô mais ativas de Paris, então é realmente muito relevante organizar algo assim. Os trens irão parar à partir das 22h, e a festa começa as 23h, então teremos uma hora para instalar tudo, isso em si já será um grande desafio para o nossos técnicos. O Minibar Live, é algo realmente importante pra mim, já que nunca fiz uma performance live em lugar nenhum. Estou realmente muito feliz em fazer parte dessa equipe, toda composta por amigos e produtores muito legais (Cabanne, Seuil, Bem Vedren, Pit Spector). Muito ansioso por esse evento!
3 – A França é um país com uma ligação forte com a cultura eletrônica. Como você avalia o momento atual da cena por aí e quais são as principais dificuldades que vocês (artistas) tem enfrentado?
A música eletrônica tem sido parte do cenário da música na França há alguns anos, desde o hardcore, techno, raving até o house e disco, a cena está ali há algum tempo. Anos atrás, havia um buraco negro, nada estava acontecendo, com exceção do Rex Club, eles eram os únicos que possuíam line-ups bem estruturados. Nessa época, muitos artistas franceses migraram para outros países, foi uma época muito ruim. Mas não demorou e as pessoas começaram a se mexer, frequentar festas, como a Twisted (pré-Concrete), Sundea e muitas outras que de uma em uma estavam surgindo. A partir daquela época, muitos produtores, festas e DJs começaram a aparecer e graças a esse movimento, eu acredito que a França seja um lugar importante para a cena europeia/mundial.
4 – Você já se apresentou em festivais de renome da Europa, como Weather Festival e Sunwaves. Como é a sua preparação para tocar em eventos como esse? De uma forma geral, você constrói seus sets de uma maneira diferente do que quando toca em clubs?
Na verdade, eu nunca preparei nada, com exceção da minha mala com meus discos. Com certeza é diferente tocar em um club ou em um Festival, mas no resultado final não fica tão diferente, já que minha seleção de discos não será muito distinta. Tocar música que eu gosto é a coisa mais importante para mim, a vibe que segue é ainda mais sensacional e não existe preparação para se criar uma vibe, ela vem ou não.
5 – Fale um pouco a respeito do seu trabalho como head label da Æternum Music.
Então, Æternum Music é a label que eu gerencio com a minha esposa Jennifer, nós estamos lançando discos de vinil, desde 2013, colocando músicas de artistas que nós amamos e respeitamos. Não temos nenhum tipo de música que nós nos espelhamos, seguimos o que escutamos de nossos amigos e apenas isso. Entre nossos próximos lançamentos, temos um Double LP, de um artista novo e muito talentoso de Paris, Ashac, será o seu primeiro lançamento. Em seguida teremos um 2xLP de vários artistas, Cabanne, Seuil e mais alguns. Também teremos um lançamento do artista suíço Alci. Em breve, mais um novo projeto meu e do Cabanne e em geral muita coisa nova vindo [risos]
6 – Em Setembro você fará uma tour no Brasil e nós queremos saber o que sabes a respeito da cultura musical brasileira. Há algum artista que tenha chamado sua atenção recentemente?
Sim, primeira vez! Mal posso esperar! Eu não irei mentir, não sei muito a respeito da cultura musical brasileira, mas eu sei que vocês realmente sabem fazer uma festa! A coisa boa é que eu amo viajar com minha esposa (não para as gigs), todos os anos nós fazemos uma grande viagem, alguns meses atrás visitei Peru e a Bolívia, então eu irei descobrir a cultura brasileira e seus artistas em breve, já que terei bastante tempo durante a minha turnê.
7 – Entre tantos releases importantes que você possui, há algum que você considera mais importante ou especial para sua carreira?
Eu posso dizer com toda certeza, que é meu último lançamento pela Minibar Music, essa label tem sido uma grande fonte de inspiração para mim! Eu já comprava as músicas do Minibar e Cabanne há muito tempo, antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente. Quando você começa a fazer música e ama um label, vira meio que um sonho secreto, poder um dia lançar por essa marca. Posso falar que realizei um dos meus sonhos, então isso tudo é muito especial para mim!
8 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?
Wow! Essa é uma pergunta muito difícil e simples ao mesmo tempo. Difícil porque representa muitas coisas diferentes, e simples porque representa tudo. As pessoas que eu amo, estão todos os dias fazendo a minha trilha sonora, se é que você me entende.