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A música conecta

House e techno se fundem através das mãos de Marcio S.

Por Alan Medeiros em Troally 12.05.2016

Os melhores DJs são aqueles capazes de transformar toda a história de uma noite e deixar memórias guardadas para sempre no coração e na mente dos ouvintes. Nessa categoria, há um seleto grupo de artistas que consegue se destacar por conta de um repertório apurado e alto poderio de levar as pistas uma sonoridade que mescla influências do real underground, com o que há de mais contemporâneo na dance music. Marcio S. é uma dessas figuras. O DJ, membro do casting da D AGENCY, contribuiu para a o crescimento da música eletrônica no Brasil, através de muito trabalho e dedicação pela profissão. Marcio foi importante para fixação das cenas house e techno em diferentes cidades do país. Em Manaus, por exemplo, ele desenvolveu um bom trabalho de curadoria junto a Seven Entertainment e durante um bom tempo, colocou a capital amazonense na rota dos principais artistas do mundo. É com muito prazer que apresentamos Marcio S. para a edição 76 da Troally, entrevista e podcast exclusivos. Música de verdade, por gente que faz a diferença!

1 – Olá, Marcio! Muito obrigado por nos atender. Podemos começar nossa entrevista falando sobre o começo de sua carreira. Como foi? Quais foram as principais dificuldades que você encontrou na época?

Olá, é um prazer falar com vocês! Comecei como a maioria dos DJs da minha geração, bailes de garagem, matinês e também ouvindo os grandes DJs da época. Ouvia muitos programas de rádio como o programa Nova Dance, comandado pelo DJ Renato Lopes e Camilo Rocha em 1993 na extinta Nova FM e buscava informação através de revistas também. Tentava ficar antenado sempre. Acho que as maiores dificuldades estavam em adquirir material (vinil), pois sempre foi muito caro comprar no Brasil.

2 – Sabemos que além de uma carreira consolidada em São Paulo, você também desenvolveu importantes trabalhos em Manaus, junto a Seven Entertainment. Nos fale um pouco sobre os desafios de trabalhar com música eletrônica em uma capital tão fora do “circuito”.

Isso sem dúvida foi um desafio em tanto, porém muito gratificante. Comecei na Seven em Outubro de 2009 como DJ residente e posteriormente fui convidado a cuidar direção artística da produtora. Os desafios foram vários: levar e produzir música eletrônica underground fora do eixo Sul/Sudeste é sempre difícil, a logística é um problema, seja pela distância ou pela dificuldade de encaixar datas das tours no Brasil. Os valores de cachês eram um pouco maior que de outros players, mas ainda assim, conseguimos em 6 anos realizar 3 festivais (Seven Music Festival), Warung Tour, Seven Club (Casa Cor Amazonas) e o Club Sub. Importantes nomes do cenário internacional tocaram em Manaus: Loco Dice, tINI, Robert Dietz, Dubfire, Jamie Jones, Guy Gerber e Solomun, Ian Pooley, Steve Rachmad, Nic Fanciulli, Laura Jones, Robert Babicz, apenas para citar alguns. Grandes nos nomes nacionais também marcaram presença, como Renato Ratier, Mau Mau, Renato Cohen, Leo Janeiro, HNQO, Aninha, ANNA, Wehbba, Davis, Joyce Muiz, entre muitos outros.

3 – Seu repertório é uma de suas principais marcas registradas. Conta pra gente como funciona tua pesquisa musical e como você consegue trabalhar com tamanha identidade flutuando entre o techno e o house.

Eu já tenho um campo de pesquisa adquirido nos últimos anos. Lojas de discos, sites de labels, promos, ouço alguns DJs que eu acho que meu som tem proximidade, procuro me basear na origem de qualquer som, respeitando a criação e evolução dos estilos que mais gosto, bebo da fonte do house e do techno. Hoje está muito mais fácil encontrar bons artistas, claro que uma boa peneirada sempre ajuda né [risos]

4 – Ao longo da sua carreira, você já se apresentou ao lado de grades nomes, como Carl Craig, Sharam, Dubfire, Jamie Jones, Guy Gerber e Solomun. Entre tantos artistas especiais, algum deles te deixou extremamente surpreso pela performance? Se sim, por que?

O Carl Craig eu tive a oportunidade de fazer o warm up na noite Moving no D-Edge em Janeiro desse ano e vê-lo em ação foi maravilhoso, pois ele passeou entre o som novo e consagrado com maestria, técnica e repertório incrível. Foi um aprendizado entanto.

O Ian Pooley me surpreendeu pela sua humildade e pela aula de House e Techno. Um dos produtores mais respeitados de todos os tempo, foi uma noite especial.

5 – Seu histórico também traz apresentações em clubs renomados da Europa. O que só o público europeu pode mostrar a um artista e qual a principal diferença para as pistas brasileiras?

O publico europeu já ouve música eletrônica há muito mais tempo do que nós e isso é um diferencial. Eles estão mais conscientizados e ao contrário do que se fala no Brasil, lá o filtro para música boa é muito maior e o som da moda demora um pouco para pegar. A maior diferença está na quantidade de clubs, festas, festivais e opções para sair e ouvir inúmeros artistas.

6 – Novidades, gigs, planos.. o que vem por aí em 2016?

Em Junho farei 5 Datas na Europa, 04 Egg Club ( Londres), 17 (Barcelona, TBC), 23 Baalsaal (Hamburgo), 24 BabyBoa (Genebra), 25 (Paris, TBC). No último ano voltei a estudar e fiz aulas de produção musical. Estou com um projeto chamado KLANKVOL em parceria com um grande amigo o Ciro Neto. A ideia se baseia em House e Techno e já temos um EP pronto. Começamos a receber os primeiros feedbacks de alguns artistas, estamos bem animados. Em breve estará disponível para audição de todos

7 – De que forma sua residência na Mothership contribuiu para sua formação artística?

A Mothership é a noite que todo Dj gostaria de tocar, e me sinto muito feliz em ser residente, lá podemos experimentar e mostrar o que temos de melhor na música, temos total liberdade em apresentar o novo e sem medo, além de ter a oportunidade de dividir a noite com grandes nomes sobe a Curadoria do Renato Ratier e do China, posso afirmar que absorvo o máximo de cada apresentação, é sempre muito especial.

8 – Para encerrar, uma pergunta pessoal. O que a música representa na sua vida?

A música está presente na minha vida 24 horas. Vivo e sobrevivo dela.

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