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A música conecta

Mulher, você tem o poder – Tati Pimont

Por Alan Medeiros em Troally 22.10.2015

Hoje nós abrimos mão do nosso tradicional preto e branco por uma causa especial. Ainda é em tempo de lembrarmos a importância do Outubro Rosa, um movimento de conscientização global que busca difundir informações a respeito do câncer de mama, uma das doenças mais letais do mundo. Esse movimento, jamais pode ser encarado como campanha publicitária. É uma responsabilidade social de marcas que possuem uma base de fãs, informar algo a respeito. Nós, nos incluímos nisso.

O mês de Outubro na Troally será finalizado com a participação de duas grandes mulheres da cena eletrônica nacional. Mas antes de falarmos da primeira convidada, vamos falar um pouquinho sobre a história e alguns dados do Outubro Rosa. O movimento começou nos Estados Unidos, no século XX, quando a Fundação Susan G. Komen lançou o laço cor-de-rosa e distribuiu para os participantes da Corrida Pela Cura, realizada em NY no ano de 1990. De lá pra cá o movimento e seus símbolos se difundiram por diversos países do globo até chegar no Brasil.

Durante todo mês de Outubro, diversos monumentos e pontos turísticos ao redor do mundo recebem iluminação rosa ou decoração com o laço que simboliza o movimento. Essa é uma forma prática de expansão da ideologia, que busca conscientizar cada vez um número maior de pessoas para que elas busquem informação referente ao assunto. Aliás, conscientização é uma palavra de ordem quando o assunto é câncer. Uma das principais batalhas do Outubro Rosa é informar o quão importante é o diagnóstico precoce para o desenrolar do tratamento.

É indispensável a nossa atenção para o assunto nos 12 meses do ano, mas em especial em Outubro, já que há uma grande energia coletiva em torno do tema. Apenas para termos uma ideia da gravidade do problema, em 2013 foram quase 15 mil mortes devido ao câncer de mama e em 2015 são quase 60 mil novos casos registrados. Essa luta só será vencida com doses de informação, coragem e perseverança. Mulher, você tem o poder. Faça o auto-exame e ao notar qualquer anormalidade, procure um especialista.

Agora vamos falar um pouco sobre nossa convidada de hoje. Tati Pimont é uma DJ da capital paulista, dona de um feeling especial e uma técnica apurada. Ela vive um 2015 muito especial, recentemente tocou no Uruguai e também vem de algumas apresentações especiais no D-EDGE, a última delas nesse sábado em um warm up para Francesco Triscano e Zopelar (numa noite que tem sido considerada uma das melhores do ano no club). Para nossa alegria, ela topou disponiblizar o set tocado lá e de quebra ainda nos respondeu algumas perguntas sobre a carreira, influências e todo aquele papo que a gente ama. Se liga no rolé abaixo.

1. Olá, Tati! Tudo bem? Vamos iniciar falando sobre seu começo na música eletrônica, especialmente como DJ. Como e aonde tudo começou?

Oie!! Tudo sim e com vocês?
Bom.. tudo começou há uns anos atrás quando eu comecei a sair mais pra lugares que tocavam música eletrônica. Eu sempre gostei de pesquisar, independente do estilo musical que eu gostava na época, sempre corria atrás dos diferentes. Quando eu encontrei a música eletrônica, me encantei pelos sentimentos envolvidos nos elementos e desse mundo sem fim de músicas e estilos. Alguns amigos começaram a falar pra eu aprender a tocar por que eu gostava de conversar muito sobre música, mas não dava muita atenção. Depois fui viajar, e nesse ano que fiquei fora, longe da música, acabei me encantando ainda mais. Nesse ano tive certeza que queria seguir com a música e aprender a tocar. Depois que voltei de viagem (final de 2009), comecei a fazer curso e tocar em alguns lugares. Aprendi com CD, explorei o Traktor, toquei com vinil em timecode, até que toquei com discos de verdade e tive certeza que era isso que eu queria. Nessa época já ouvia várias gravadoras que lançavam apenas em vinil, então isso foi a deixa pra vender tudo e comprar os primeiros discos.

2. Na tua bio diz que depois que tu estudou em Washington (EUA) teve certeza que queria seguir trabalhando com a musica eletrônica. Quais foram suas maiores experiências lá e o que fez tu ter essa certeza?

Engraçado que de “cena” e experiências com música, não vivi nada (risos)
Pelo ao contrário, foi quando fiquei muito introspectiva por ter morado em uma cidade bem pequena e com cultura zero de música eletrônica. Mas foi nesse tempo que pude me aprofundar mais no que eu gostava, ouvir muita coisa, aprender sobre diferentes estilos, a pesquisar e seguir nisso quando eu voltasse pra casa.

3. A tua identidade musical e a forma que tu leva a pista é algo bem marcante. Quais são as gravadoras e artistas que mais te influenciam quando você sobe aos decks ultimamente?

Obrigada!! 🙂
Eu ando ouvindo bastante coisa.. techno, house, minimal, dub e electro. Não consigo ficar em um estilo só. Me interesso pela junção de elementos e o sentimento que as musicas passam, por isso adoro passear entre estilos criando momentos diferentes durante os sets.
Ultimamente as produções do francês Seuil vem se destacando bastante e sempre fazem sucesso na pista. Ion Ludwig, Tanaka, Margaret Dygas também sempre estão presentes na case, e labels como Sushitech, Perlon, Trelik e Oscillate.
Muitos brasileiros também estão fortes na produção. Ando tocando muito DoNeck, Bmind, Manara, Dee Bufato, Stekke e Ney Faustini. Labels como Sudd, Psychosomatic e D-edge Records também.

4. Esse ano tem sido de muito trabalho para você. Estreia na D-EDGE, sua primeira gig no Uruguai e outras coisas bacanas acontecendo. Conta pra gente como tem sido viver essas experiências

Simmm!! 🙂
Estou muito feliz com esses últimos meses. Foram anos com um ritmo devagar mas sempre aprendendo bastante e acreditando no tempo certo para as coisas acontecerem.

Foram vários sonhos se realizando em sequência, lugares diferentes, pessoas especiais, sets constantes e momentos que vou guardar pra sempre comigo. Poder levar a música que a gente acredita, pra tantas pessoas e lugares diferentes é muito especial. Estou feliz por estar vivendo essas experiências e ansiosa para as próximas. Procuro sempre acreditar, por mais que leve o seu tempo, que com amor vale mais a pena. Foram anos de espera e de amadurecimento, colher alguns frutos é muito gratificante, sem dúvida.

Tocar no D-EDGE sempre foi meu maior sonho relacionado a Brasil. Cresci muito ali, sempre tive artistas que passaram por aquela pista como referência. Fiquei muito feliz com a estréia em Agosto na pista 2 e com o convite de voltar sábado passado pra tocar na 1, aonde foi ainda mais especial. O set que vocês vão ouvir aqui foi gravado nessa noite. Fiz o warm up pro Francesco Tristano e Zopelar. Foi uma noite bem especial com vários amigos especiais na pista. Espero que gostem do set.

5. Na tua visão, qual a importância dos papeis dos núcleos na música eletrônica nacional, em especial da WAN para você?

Ah, acho MUITO importante.
Os núcleos normalmente nascem de um amor. Com isso, juntam cabeças que pensam de uma maneira parecida, criam identidades, são catalisadores de bom conteúdo, geram oportunidades, fazem todo um movimento em torno da música. Querendo ou não, isso acaba gerando ou apoiando uma cena. Acho que nos últimos anos, os núcleos ajudaram o Brasil a se unir. Informações, podcast, festas, juntando SP/SC/PR/RJ/RS. O Brasil é gigante e quanto mais unidos formos, melhor.

O WAN foi e é muito importante pra mim. Aprendi muito ali, fiz muitos amigos, vivi momentos incríveis, acredito que foi gerada uma união de uma família. Um núcleo de pessoas que gostam de coisas parecidas e de qualidade, tentando sempre manter o respeito pelas diferenças e unindo os 4 cantos de Brasil e de outros lugares do mundo. O compartilhamento do conteúdo, aprendizagem, compartilhamento de experiências, divulgações de festas e artistas que acreditamos seguir a linha sonora que encaixa com a proposta do WAN, tudo isso foi importante nos últimos anos. Eu pelo menos senti uma mudança de uns anos pra cá na cena e na aceitação do nosso som e acredito que a junção de cabeças, ouvidos e corações ajudou bastante. Vamos continuar levando a diante a proposta sonora em que acreditamos.

E pra quem estiver em Curitiba, no sábado vamos fazer uma festa WAN + Techgrooves. Apareçam por lá 🙂

6. Bom pra finalizar na semana que vem estaremos com a Hollanda aqui na Troally e a conexão entre vocês é bem grande. Um recente b2b de vocês deu o que falar e no dia 14 de novembro acontecerá novamente na festa 4Finest no Rio de Janeiro, nos fale um pouco sobre esse entrosamento que você possui com ela.

Simmm!! “piolhanda”! Tenho certeza que vem bomba nesse podcast! 🙂
A Carol (Hollanda) foi mais um presentinho da vida. Nos últimos anos passei bastante tempo indo e vindo do RJ. Sempre acompanhei a cena de lá, a 4Finest, Manara, etc..

Há um ano atrás fui na 4finest de 2 anos, conheci a Carol e desde então não nos desgrudamos mais. Somos muito amigas e temos uma conexão muito forte musicalmente.

Nosso primeiro b2b rolou no meu aniversário, no começo do ano, na festa da Rádio Magma. Fluiu tão automaticamente e super deu certo na pista. Desde então é sempre muito bom, fácil, flui, parece que as sonoridades encaixam e sempre da muito certo. Temos o objetivo de colocar mais 1 ou 2 decks nos próximos b2b e estamos caminhando pra essa união em estúdio também, mas a distância entre estados atrapalha um pouco essa parte. (risos)

Estou muito feliz e ansiosa pra essa edição de 3 anos da 4Finest, vamos fechar a festa, com o nosso b2b, depois de grandes referências para nós duas, Dee Bufato e Manara. Apareçam por lá também!

Obrigada pela entrevista.
Espero que gostem do set.
Beijos.

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