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A música conecta

Nachtbraker e o talento de uma geração que tem reinventado a house music

Por Alan Medeiros em Troally 03.08.2016

A nova geração do deep house mundial é representada por artistas que conseguiram criar soluções criativas para um estilo que ficou tão saturado após sua explosão e anos de glória. Entre nomes consagrados como Jimpster, Detroit Swindle e Session Victim, Nachtbraker conseguiu destacar o seu trabalho, através de lançamentos em labels de respeito como Dirt Crew, Heist Recordings e sua própria Quartet Series. Em Agosto ele estreia no Brasil com data única na moove, em Curitiba. Antes disso, trocamos uma ideia com ele para desvendar um pouco dos caminhos e segredos de sua carreira. Música de verdade, por gente que faz a diferença!

1 – Olá, Nachtbraker! Tudo bem? Amsterdam é uma dos polos com a cena de música eletrônica mais desenvolvida no mundo. Como a cidade e suas características contribuíram para sua formação como artista?

Estou bem! Com certeza é. Eu me mudei para Amsterdam quando tinha 18 anos. Optei pela Universidade de Amsterdam para estudar comunicação, mas na verdade fui mesmo pela música [risos]. Para os holandeses, Amsterdam é o centro do EDM, mas Rotterdam também está em um momento muito bom. Em Amsterdam eu pude conhecer com muita facilidade pessoas da cena underground, que realmente contribuíram na construção da minha carreira e me ajudaram a chegar onde estou. Por exemplo, conheci os rapazes do Detroit Swindle porque no começo de 2012 agendei uma das primeiras gigs deles em Amsterdam. Desde então mantemos contato, lancei três EPs na label deles e também chegamos a compartilhar estúdio. Enfim, obviamente o cenário em Amsterdam é realmente lindo e inspirador.

2 – O seu nome possui um significado especial na língua holandesa, certo? Fale um pouco a respeito da escolha por Nachtbaker

Correto [risos]. Nachtbraker significa coruja da noite. É uma espécie de gíria que usamos na Holanda para se referir a pessoas que ficam acordadas até tarde. Na verdade não foi uma escolha minha usar este nome, quando eu tinha 16 anos comecei a produzir música no sótão da casa dos meus pais e eu não costumava produzir em horário comercial. Geralmente começava em torno das 22h e só acabava indo para cama as 7h da manhã. Por alguns meses isso foi um ritual diário: eu FL Studio, um pouco de maconha e 1,5L de Coca-Cola. Então depois de um tempo eu tinha alguns lançamentos e precisava de um nome artístico, como não tinha muito tempo para pensar em um nome inglês e sofisticado, acabei optando pelo apelido Nachtbraker mesmo.

3 – De uma forma geral, o techno está dominando as principais pistas do mundo. Como você enxerga o momento atual da house music na cena internacional?

É fantástico ver que a House Music está ganhando popularidade mais uma vez. Como nasci em 1991, não tive como vivenciar a cena da época. Mas analisando a música que era produzida naquele tempo, com o que tem saído nos últimos anos, pude sentir que a House Music está voltando e muito mais forte do que antes. Acredito que os subgêneros são mais refinados e existem muitos artistas promissores, que assim como eu são muito ambiciosos e dispostos a explorar as fronteiras da House Music. A maioria dos clubs possui House Music em sua programação, mas não necessariamente isso significa que seja a mais pura forma do estilo. Todos os gêneros estão ganhando um toque de house no cenário atual. Isso reflete até mesmo nos grandes DJs, podemos ver alguns que tocam Techno as vezes tocam músicas mais suaves e inspiradas no House.

4 – Você trabalha com grandes selos, como Heist, Dirt Crew e até mesmo sua Quartet Series. Quão importante é lançar com labels que possuem uma sistemática de trabalho profissional?

Isso é muito importante. Eu não sabia disso quando comecei a lançar música, então eu acredito que sou realmente sortudo por estar com as labels certas, neste negócio, obviamente existem pessoas muito criativas trabalhando e isso significa que geralmente não são os melhores negócios para se trabalhar. As vezes é difícil você conseguir manter compromissos e seguir um plano, coisas como ter um cronograma de lançamento que você se mantenha nele, sem nenhum atraso de semanas ou meses, torna uma forma muito confortável de se trabalhar. Aprendi todas essas coisas com os melhores, e tento fazer o meu melhor para implementar esta mesma forma em minha label Quartet Series. Até então eu acredito que estou indo bem e isso custa muito tempo e esforços extras. Mas já está valendo a pena, e isso é tudo que importa no final.

5 – Recentemente, você participou de uma gravação do Boiler Room. Como foi a preparação para esse set?

Obviamente eu estava pensando há semanas em quais tracks eu deveria tocar no Boiler Room, mas toda minha palylist mudou no último minuto [risos]. Na noite anterior eu fui para Londres, revistei meus discos em casa e decidi selecionar algumas tracks que havia tocado bastante nos últimos meses e algumas autorais a serem lançadas pela Quartet Series. Algumas pessoas praticam seus sets em casa do começo ao fim, mas para mim isso nunca funcionou, só me fazia ficar mais nervoso. Eu meio que planejo apenas os primeiros 20-30 minutos. Sabia quais músicas eu iria começar meu set e a partir dali iria utilizar a seleção de discos que eu tinha comigo, mas o negócio é que um Boiler Room possui apenas uma hora, e você não pode comparar com uma festa normal de club. Então por esse motivo eu decidi tocar uma mistura dos sons que eu amo tocar quando estou em turnê, variando entre funk e disco house até um dark breakbeat dubby stuff, do minimal ao Ítalo e de tracks percussivas até sons de arpejo ambiente.

6 – A música brasileira é rica e possui muitos ritmos e estilos que podem ser explorados de diversas formas. Você conhece algo a respeito da cultura musical do Brasil? Se sim, há algo em especial que te chama atenção?

Claro que estou ciente da música brasileira e eu espero comprar uma porrada de discos quando eu for ao Brasil em Agosto! Para mim, a música brasileira possui a vibe mais positiva de todo o cenário mundial. A combinação de ritmos africanos, afro-americanos, funk, soul com a vibe positiva da música brasileira, cria algo impossível de se ficar parado. Não necessariamente possui um funky explicito nessa track chamada “Imprevisto” eu a escuto bastante em casa, temos muita sorte que Mr Bongo tenha achado essa preciosidade e adicionado em um de seus sets.

https://www.youtube.com/watch?v=8qb1IxJbkrY

7 – Por fim, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Amor, paixão, liberdade, ambição e cumprimento. Muito, como você pode ver [risos]. Eu venho fazendo disso minha profissão desde 2013 e estou trabalhando duro para poder me manter trabalhando o maior tempo possível nisso.

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Nacht estreia no Brasil dia 13 de Agosto, em edição mais do que especial da moove. Acesse o evento aqui!

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