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A música conecta

Novos núcleos tem força e voz na cena, já está mais do que provado.

Por Alan Medeiros em Troally 04.03.2015

Nem só da cena clubber vive o mercado catarinense. O amadurecimento do mercado e a profissionalização dos envolvidos com a música eletrônica em SC nos últimos anos, também acelerou o processo de crescimento e participação dos núcleos em nosso mercado. Marcas como Side-B, detroitbr e TROOP, realmente movimentam a cena, realizando eventos e levando um conteúdo de ponta aos seus seguidores na web. Nós, Alataj, somos um núcleo também e temos maior respeito e admiração por todas essas marcas que trabalham dia após dia, movidas pelo amor a música.

A TROOP de Floripa, além de realizar alguns eventos, também está trazendo o ícone Fred P para uma tour no Brasil em 2015 (um milhão de palmas). É, os caras não estão pra brincadeira mesmo. CWEL, é parte do que ta por trás de todo esse movimento que envolve música, arte e design. Ele é nosso convidado para a edição 23 da Troally, que como você já sabe, vem sempre acompanhada de podcast exclusivo e entrevista. Se liga aí!

1 – Na página do facebook da TROOP, vocês deram start em 2015 com o anúncio da tour de Fred P. Como tem sido esse trabalho? Quais são os principais desafios e novidades?

Acompanho o trabalho do mr. Fred a muito tempo. Por volta de setembro de 2014, fiz um contato pessoal com ele e como não poderia deixar de ser, foi super receptivo. Conversamos sobre música, arte e é claro sobre a TROOP. Notei que o Fred desenvolve um trabalho consistente a mais de 15 anos e nunca o trouxeram para se apresentar no Brasil, o que me deixou um pouco inquieto. Semanas depois resolvi dar o ponta pé inicial e convidá-lo a estrear na nossa terrinha. Dito e feito. Em abril, teremos a primeira tour brasileira do “senhor” Fred P aka Black Jazz Consortium no Brasil. Passei por dificuldades imensas para conseguir trazê-lo, afinal, por mais que a cena eletrônica brasileira venha crescendo, as apostas de club´s grandes e consolidados no mercado sempre é no que já funciona. Eu e meus colegas da TROOP, Eduard e Pedro Grisotti, fizemos um trabalho intenso de divulgação e sondagem em supostos interessados a oferecer uma música de qualidade e conceitual ao seu público. Não deu em outra, fechamos as 4 datas que tínhamos em mãos e da melhor forma possível, com club´s gigantes e projetos independentes.

2 – Já que o assunto é a TROOP, como surgiu a marca? E como é o relacionamento de vocês com outras frentes da arte além da música?

A marca surgiu logo que iniciei o curso de Design Gráfico na UDESC em Florianópolis. Logo na primeira semana conheci outro estudante, Pedro Grisotti, que adora música eletrônica, já trabalhava como designer e simplesmente tem um gosto que fecha com o meu, falando-se em música e artes gráficas. Essa vontade de motivar e fazer alguma coisa diferente, juntar tudo que a gente via em outros lugares da cidade e do mundo em um só lugar, unir as pessoas que estão tentando falar a mesma coisa apenas usando mecanismos diferentes. A partir dai foram várias empreitadas, lugares, atrações, perrengues. Em relação as artes que mostramos em nossas edições, temos colaboradores fieis, que participam sempre que possível e além deles, estamos sempre atrás de algo novo. Como por exemplo a marca FuckCars, que cria e customiza bicicletas em Florianópolis, Siebert, desenvolve todos os tipos de prancha para esportes radicais de forma exímia, além de fotografia, pintura, desenho, ilustrações, graffitti, gastronomia. Juntamos tudo que a gente gosta, com pessoas que gostam de estar junto, sem rótulo mas com uma curadoria que nos define como artistas e pensadores de uma espécie de movimento em prol da expressão.

3 – Assim como nós, vocês também gerenciam um canal de podcasts. Como funciona a curadoria artística e o que vocês consideram um diferencial do canal?

A curadoria é feita por mim e por outro residente do projeto, Eduard. Não temos uma fórmula pronta para isso, porém estamos sempre atentos. Já fomos em muitas festas, conhecemos pessoas por diversos lugares, o que nos da um leque amplo de variedade. Normalmente convidamos artistas que nos identificamos, vemos características parecidas. Tentamos mostrar sonoridades diferentes para quem nos segue, tentando sempre estar a frente do que o “mercado” oferece genericamente ao público.

4 – Além da música, no que mais você dedica tempo e estudo em sua vida?

Hoje em dia meu tempo é dedicado totalmente ao meu trabalho como DJ, organizador e curador da TROOP, além de muitas horas de estudo para concluir meu curso de Design. Esse ano o projeto vem com um formato um pouco diferente. Faremos várias edições que podemos dizer pocket, apresentando apenas nossos residentes e teremos 4 edições com atrações internacionais inéditas. A ideia é sempre inovar e para isso é necessário muita pesquisa e estudo para entender para onde a maré flui. Assim se vai meu tempo.

5 – Quais as tuas principais referências artísticas?

Eu gosto muito do clássico. Cresci ouvindo muito blues e rock dos anos 60/70. Minhas referências na música eletrônica começaram quando eu tinha uns 14 anos, com Chemical Brothers, Prodigy, Crysthal Method, Faithless. Mas em algum momento eu tive contato com um mixtape do grande Ron Trent, que definiu muito o que venho pesquisando hoje em dia. Assim como Boo Williams, Lerosa, Levon Vincent, Nick Hoppner, Melchior, Lowtec, Kassem Mosse, entre outros, eu percebi que gosto de groove, mas não gosto de nada muito feliz, gosto de música de fechar os olhos e entrar na sua própria viagem. Além dessa galera, tem brasileiros que me influenciam tanto como DJ como na curadoria no projeto, como Ale Reis, Ney Faustini, Apoena, Renee Mussi, é um prazer poder trazer esses gigantes da cena nacional para tocar com a gente por aqui. Gosto e leio muito sobre arte, hoje em dia principalmente sobre quadrinhos, ilustração e obras feitas apenas com o uso de nanquim, que é onde me encontro nas artes gráficas. Quem me conhece sabe que quase todo dia eu posto alguma referência visual e algum set para acompanhar o trabalho.
O importante é não estar parado.

Obrigado Troally pela oportunidade de me expressar e colocar em prática pensamentos que cada vez mais vem se tornando realidade. Vida longa ao projeto!

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