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A música conecta

O poder do House nas mãos de Paulo Pires.

Por Alan Medeiros em Troally 18.03.2015

A carreira de 7 anos de Paulo Pires, foi consolidada através do House. Apesar de residir atualmente em São Paulo, foi na capital paranaense que Paulo se firmou no cenário underground brasileiro. Especialmente pelo seu intenso trabalho frente a moove, o núcleo foi responsável por trazer artistas do naipe de Audiojack, Daniel Bortz, Doctor Dru, Claptone, Genius of Time e Maxxi Soundsystem nos últimos anos, em tours que passaram pelos maiores clubs do Brasil. Atualmente morando em São Paulo, Paulo tem se dedicado intensamente a pesquisa musical, o resultado desse trabalho, você confere na edição 25 da Troally, acompanhada de uma entrevista bem especial.

1 – Quando um profissional, alinha o seu lado artístico a uma marca de sucesso, ambas as marcas são frequentemente associadas. Esse é o seu caso em relação a moove. Conte pra gente como ela surgiu e como foi todo processo de amadurecimento até chegar no que é hoje?

A moove começou em 2008, na época eu estava já alguns meses tocando e como todo início é difícil tentei buscar uma forma de tocar mais e começar a fazer algumas festas, a formação original era eu, Betho Santos, Ander Costa e Magoo. Depois se uniram em 2009 – Gromma, Malcon Costa, Loo Massami e Beat Gate Live. Em um primeiro momento eu pensei na moove como uma agência nacional, todos fizeram novas fotos e releases, mas se hoje é difícil bookar dj’s conceituais que não produzem naquele tempo era quase impossível, então fazíamos festas mensalmente no Mahatma Club em Curitiba e começamos a criar ali a nossa turma que nos acompanha até hoje. Em 2011 e um pouco de 2012 me dediquei a uma sociedade ao núcleo TechGrooves onde comecei esses contatos com os internacionais e a moove ficou em “stand-by”. Depois retornamos no fim de 2012, com a parceria no Club Vibe, uma nova formação e as tours internacionais que marcaram bastante esse nova fase. É realmente difícil desassociar a moove da minha pessoa, mas no fim eu também gosto afinal ela é resultado de muito trabalho e dedicação.

2 – Não tão recentemente, mas a pouco tempo, você se mudou de Curitiba para São Paulo, deixando a residência mensal da moove no Club Vibe. O que representou para o seu lado artístico essa mudança?

Além da música eu também mantenho meu trabalho de formação (sou designer de produto especializado em embalagens) e aceitei um novo desafio que foi a mudança pra São Paulo. Antes mesmo de acontecer já havia acordado entre nós que as nossas festas não seriam mais mensais no Club Vibe, parte por desejo do club que já havia criado um público bem fiel e não dependia tanto dos núcleos locais e parte nossa, pois uma festa mensal sempre no mesmo lugar se torna repetitiva e o nosso público mais antigo já pedia por novidades. Em um resumo geral foi bom, apesar de nessa fase eu ter um número maior de gigs e também de tours devido o suporte do club, era muito complicado fazer a tour, acompanhar o gringo, promover a festa, montar lista, escutar música e ainda ter um trabalho “normal” era bem pesado. Além da festa mensal eu também reduzi o número de tours e com isso eu consigo ter mais tempo pra mim, finalmente consigo escutar música com mais calma e isso resulta em uma pesquisa bem mais intensa, devido a isso minha música mudou bastante recentemente, comecei a investir em discos (muito do que venho gostado sai apenas em vinil) e tenho mais tempo para planejar os próximos passos da moove – São Paulo me fez bem, apesar da eterna saudade de Curitiba.

3 – O momento atual do Brasil não é tão inspirador como a alguns anos atrás. Se por um lado estamos com um calendário cheio de festas em clubs e grandes festivais, por outro se formos pensar pela lógica o primeiro setor que a população corta gastos é o do entretenimento. Como você enxerga esse atual cenário para o mercado?

Sinceramente ainda não senti os efeitos da crise no mercado de entretenimento, como você mesmo disse temos um calendário incrível para este ano e eu que acompanho a indústria de perto o início de ano foi assustador, cortes e demissões para todos os lados e vendas baixíssimas. Talvez as pessoas ainda estejam guardando parte de seu dinheiro para o lazer, eu vejo que o cenário é favorável e promissor, mesmo com a atual condição de nosso país. Por ser um país de massa conseguimos atingir grandes públicos nos festivais e a música eletrônica vem se tornando muito popular, isso em médio prazo resultará em pessoas cada vez mais interessadas e apaixonadas por boa música.

4 – Nos últimos 4 anos, você realizou mais de trinta tours com artistas internacionais no Brasil. Daniel Bortz, Claptone, Hot Since 82, Maxxi Soundsystem, Doctor Dru, Genius of Time e Audiojack são apenas alguns dos artistas que você já apresentou por aqui. Depois de tanto trabalho, a pergunta não poderia ser outra. O que mais vem por aí?

Em relação a tours, hoje com a nossa moeda muito mal e por vontade própria para poder me dedicar a minha carreira, como citei anteriormente reduzi o número de tours, mas venho discutindo alguns detalhes de uma parceria que deve ser anunciada em breve e manterei o segredo (hehe!). O meu foco no momento é a pesquisa musical e produzir festas da moove em lugares diferentes, menores e intimistas para 150-200 pessoas. Fizemos uma festa agora em Fevereiro em um Hostel no centro de Curitiba e foi muito divertida, sentimos que a cidade realmente pede por algo diferente nesse sentido. Temos mais uma festa marcada em Abril e a expectativa é grande. Junto com alguns amigos também estamos iniciando um trabalho, nos mesmos moldes, de uma nova festa no interior de São Paulo, coisa que deve ficar para o segundo semestre deste ano.

5 – Sempre que entrevistamos artistas gringos, ou até mesmo em bate papos informais antes dos podcasts, eles falam do Brasil com muito carinho. Depois de trabalhar com tantos artistas de fora, você já conseguiu entender o motivo das tours no Brasil serem tão desejadas?

Eu sinto que o povo brasileiro é muito passional, sangue quente, tietam bastante, querem tirar fotos, conversar, participam e interagem muito nas redes sociais dos artistas. O Doctor Dru mesmo na última tour de carnaval me contou que o Brasil recentemente chegou no TOP#1 dele no Soundcloud e Facebook, ou seja, temos muita força. Une-se a esse povo receptivo, boa comida, lindas paisagens e boas festas fica difícil não gostar de nosso país.

6 – Para encerrar, todo DJ tem suas principais labels e seus principais artistas como influência. Atualmente, quais são os seus?

Bom, se vamos falar dos atuais, estou muito conectado a uma nova geração do deep e house music que vem principalmente da Holanda, Irlanda e outros países não tão tradicionais. Os meus artistas favoritos do momento são Session Victim, Jimpster, Glenn Astro, Nachtbraker, Joss Moog, thatmanmonkz, Junktion, Andy Hart, Daniel Leaseman, Paxton Fettel e muitos outros – As gravadoras: Heist Recordings, Times are Ruff, Voyage, Outplay, Wolf, Delusions of Grandeur, Box Aus, Sleazy Beats Black Ops, Total Life e Dirt Crew. Tem todos esses caras no set, espero que gostem bastante. Obrigado !

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