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A música conecta

Petrius D, um dos fundadores do detroitbr com material exclusivo para a Troally

Por Alan Medeiros em Troally 10.06.2016

É inegável o crescimento e a afirmação da cena techno não só em Santa Catarina, mas no Brasil como um todo. O estilo que estava sob menor atenção, se comparado a outras vertentes em um futuro não tão distante, agora reina em alguns dos line ups mais importantes do país. Muito dessa crescente se deve a núcleos como o detroitbr, que através de uma curadoria séria e uma crew apaixonada, mudaram o panorama da situação aos poucos. Um dos fundadores do coletivo é o DJ e entusiasta musical Petrius D, que ao lado de Eduardo Roslindo e Mohamad Hajar Neto tem empenhado grande esforço e dedicação para o crescimento da marca. Hoje, o detroitbr é uma realidade, com eventos independentes que seguem sendo fieis a ideologia inicial do projeto e festas em parceria com clubs consagrados da região sul. Conversamos com Petrius que além de belas respostas também nos presenteou com parte de seu set gravado ao vivo durante o showcase do coletivo no Terraza BC. Música de verdade, por gente que faz a diferença!

1 – Olá, Petrius! Obrigado por falar conosco. Sabemos que você é uma das mentes por trás do detroitbr, coletivo que tem se popularizado com seus diferentes formatos de evento. Explica pra gente um pouquinho de como essa questão das festas é planejada e como tem sido a evolução da marca nesse ponto.

Olá Alan! Tudo bom? O planejamento dos eventos é feito com bastante antecedência. Trabalhamos sobre uma perspectiva de planejamento macro para micro. Dentro do planejamento macro (entendesse por 12 meses), você consegue visualizar às diferentes formas de eventos que realizamos, seja detroitbr, labs, showcase e tv. O período micro é separado por trimestres, onde conseguimos ter uma visão mais fidedigna da realidade dos eventos que iremos aplicar.

A evolução da marca passa por muita disciplina. Se você tem um bom planejamento, e uma boa equipe com pessoas capacitadas para cada função, a probabilidade de sucesso é maior. Acredito que esse é um dos grandes fatores que fazem com que o detroitbr evolua a cada dia.

2 – Ainda sobre o detroitbr, é nítida e até mesmo óbvia as influências do estilo musical de Detroit na concepção da ideia de vocês. No seu ponto de vista, o que é possível observar de semelhante entre os dias atuais e a época que esse movimento começou a ganhar força em Detroit?

Se fossemos buscar um viés histórico sobre esse período, vamos encontrar algumas semelhanças bem peculiares como por exemplo: À busca pelo novo. Quando iniciamos o detroitbr poucas pessoas tinham coragem de trabalhar com esse perfil de música, e hoje conseguimos enxergar nas micro cenas do estado uma evolução muito maior de que anos atrás. É claro que existem “N” fatores que podem estar alavancando isso, mas acredito que fomos um dos primeiros a dar o “start” para que Santa Catarina tenha uma cena independente forte.

3 – Percebo que o público é o grande patrimônio do detroitbr, que possui um engajamento muito forte dos clubbers tanto no espaço online quanto no físico. Como é pra vocês manter essa relação quase que pessoal com os seguidores da marca?

Um dos nossos principais objetivos sempre foi buscar disseminar esse sentimento de família, explorando essas relações interpessoais, afinal, ninguém vive, ou troca experiências sozinho. Por isso acreditamos que a essência do detroitbr gira em torno desse companheirismo. Somos uma grande família, onde aprendemos, erramos e evoluímos juntos. Esse é nosso grande patrimônio.

4 – Recentemente o episódio da Time Warp de Buenos Aires chocou o mundo e deixou um rastro inapagável de 5 mortes. Sabemos que é um assunto delicado mas é importante termos a opinião de pessoas chaves do circuíto… na sua visão, a cena está preparada para falar de assuntos relacionados ao consumo de drogas, como redução de danos por exemplo?

Ideologicamente eu sou uma pessoa que defende o uso recreativo ou medicinal de qualquer droga, seja ela sintética ou natural, crítico apenas o uso excessivo delas, pois acredito que qualquer extremo seja negativo. A cena vive diariamente essa realidade, e negar isso é um erro. Se ficarmos presos a essa cultura no “medo” sobre assuntos tabus, nunca estaremos preparados para falar sobre. De alguma forma teremos que começar à debater e esse é um ótimo espaço pra isso.

Acho que o mercado que estamos inseridos historicamente sobre repressões pelo consumo de drogas. Sempre somos vistos negativamente perante à sociedade, porém raras vezes eu vejo pessoas reinvidicando pautas de melhorias nas politicas públicas que envolvem à temática. Trata-se de um assunto de saúde pública gravíssimo e precisamos nos atentar. Se não existir uma regulamentação ficaremos a merce do mercado negro, onde muitas vezes o consumidor acaba fazendo uso de substâncias de origem duvidosa. Podemos acompanhar isso todos os meses em vários festivais e não somente na Timewarp.

5 – Para finalizar, agora que nos conhecemos melhor e também a sua visão sobre o detroitbr, gostaríamos de saber sobre a sua carreira como DJ.

Ela teve início em 2007, ano que classifico como cômico. Na época eu não tinha dinheiro para investir em equipamentos, e a única coisa que pude comprar foi um mixer barato para treinar. Como me faltavam CDJ’s, eu tive a brilhante ideia de gravar CD’s no mesmo bpm e utilizar DVD’s para ligar nos canais do mixer – como vocês podem imaginar, isso não deu muito certo, rs!

Pouco tempo depois, com o CDJ’s em mãos, pude treinar massivamente para melhorar minha parte técnica e começar a me desenvolver como artista. Desde o começo fui fascinado por techno, minimal e suas sub-vertentes, portanto, foi nesse caminho que me aprofundei. Os anos de 2007 e 2008 foram uma espécie de laboratório para meu auto-conhecimento e para minha formação como artista. Nesse período pude treinar em toca-discos e CDJs, porém, tive uma identificação melhor com o uso da tecnologia. Atualmente faço o uso da combinação de tracktor e controladoras. Acredito que elas me dão maior possibilidade de criação, embora tenha aprendido a tocar em outras plataformas.

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