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Vitrola | O Brasil precisa ouvir mais a singularidade de Elis Regina

Por Alan Medeiros em Vitrola 20.07.2017

Embora o termo diva tenha ficado batido e saturado por conta do uso excessivo da grande mídia para mulheres que, nem de longe, são divas, ele ainda ainda pode ser usado de maneira certeira para algumas personalidades fora da rota. No Brasil, poucas mulheres do campo artístico recebem tão bem tal adjetivo como Elis Regina – entenda porque.

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Sua discografia rica e repleta de sucesso marcou a vida de milhões de brasileiros e merece um profundo mergulho e estudo. Nesse review para coluna Vitrola, focamos em seu álbum Elis, lançado em 1972 e reconhecido com um dos melhores da sua carreira – o LP é um manifesto alternativo da juventude de 70. Lançado pela gravadora Phonogram, este é o primeiro álbum de Elis após sua separação de Ronaldo Bôscoli. Ele também é o primeiro trabalho com César Camargo Mariano na função de arranjador da cantora – antes disso César trabalhava na banda de Wilson Simonal.

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A consistência artística e a variedade de gêneros presentes ao decorrer das 12 faixas são o principal destaque do trabalho. Totalizando 33 minutos de música, Elis foi capaz de captar e introduzir referências da MPB, jazz, samba-jazz e blues. A produção do disco ficou sob o comando de Robero Menescal, considerado um dos fundadores do movimento musical bossa nova. A experiência de Roberto ao lado de nomes como Nara Leão, Dorival Caymmi e Zizi Possi contribuiu para que o disco revelasse tantos sucessos históricos para a música brasileira.

https://www.youtube.com/watch?v=585jR-ZUNCg

Bala com Bala, 20 Anos Blues, Casa no Campo, Águas de Março e Atrás da Porta, foram faixas que se tornaram ícones na carreira da cantora brasileira. O forte time de compositores também é um ponto a se destacar – Milton Nascimento, Ronaldo Bastos, Belchior, Fagner, Antônio Carlos Jobim, Chico Buarque, Ivan Lins e José Maria de Abreu são apenas alguns dos nomes que cederam letras para gravação.

A parte experimental apresenta boa criatividade, mas não uma excelente execução técnica. Novamente vale ressaltar que o elemento principal de toda a história é a voz única e esplêndida de Elis. A título de curiosidade histórica, é importante informar que Elis Regina não era uma artista tão bem comentada nos bastidores da época, já que sua performance no Encontro Cívico Nacional, evento organizado pelo governo militar em 1972, praticamente confirmou seu lugar no hall de artistas que “apoiavam o regime”.

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Foi após tal feito que Elis encarou uma performance artística mais jovem, engajado com a sociedade jovem e menos sisudo. A partir daí a cantora sentiu-se mais livre para explorar alguns limites nunca antes explorados até aquele momento de sua carreira. Seu repertório mais ousado e diversificado caiu nas graças do público que acolheu as canções lançadas em Elis. Inegavelmente, esse é o primeiro disco que reflete a virada musical da carreira de uma das cantoras mais relevantes da história do país. Ouça o disco na íntegra: 

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