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A música conecta

Vitrola | João Gilberto conversou diretamente com o ouvinte e ajudou a firmar a Bossa Nova em seu disco de estreia, Chega de Saudade

Por Alan Medeiros em Vitrola 21.11.2018

Falar de um dos álbuns mais importantes da história da música brasileira definitivamente não é uma tarefa difícil. Essa missão prazerosas que busca reviver álbuns da nossa cultura musical, proporcionada aqui pela coluna Vitrola, é um grande exercício de estudo e compreensão das nossas origens. O disco escolhido para o mês de novembro é o genial Chega de Saudade, um ícone histórico do cantor e compositor brasileiro João Gilberto.

TEMPO E LOCAL

Natural de Juazeiro, norte da Bahia, João Gilberto carrega em seu DNA artístico um certo tempero baiano que é praticamente inconfundível. Estamos falando de um ritmo, gingado e melodia que não são encontrados em outras regiões do país e do mundo com facilidade. João, um ícone do rádio nos anos 30 e 40, chegou no fim dos anos 50 com uma grande maturidade pessoal e artística, que o possibilitou estar em grande forma para construção de Chega de Saudade.

QUE MISTURA É ESSA?

Samba, jazz, música sertaneja, choro, música regional e o batuque. Naquela altura do campeonato, João Gilberto era um cantor e compositor que se comunicava com diferentes ritmos e movimentos musicais. Um dos grandes segredos de seu sucesso foi traduzir isso de forma mais homogênea e consistente, ajudando a criar um estilo que mais tarde seria amplamente reconhecido no mundo todo. Se você pensou na bossa nova, acertou.

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VOZ E VIOLÃO, SIM SENHOR!

Lá em 1959, João Gilberto não teve medo de ousar ao adotar uma atmosfera minimalista para composição de seu disco de estreia. Chega de Saudade foi gravado com foco total na voz e violão de João. Algumas faixas ainda contaram com traços de percussão, mas claramente na posição de elemento complementar. Enigmático, repleto de acordes pouco convencionais, sua pressão musical pulsava na batida da tradição rítmica brasileira. Moderno, inovador e original, tudo isso ao mesmo tempo.

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A EMOÇÃO COMO PROTAGONISTA

É bem verdade que Chega de Saudade é um daqueles trabalhos capazes de alcançar um resultado tão supremo, que acabam por nos fazer refletir sobre as razões que o levaram a isso. Fugindo de explicações técnicas e mais pautadas no aspecto musical, vale ressaltar a emoção com que João Gilberto interpreta as faixas de seu debut álbum. O cantor brasileiro atua com a intensidade de quem conversa, calmo e sereno, como se estivesse falando diretamente com o ouvinte.

O TRABALHO EM EQUIPE

Assim como outros grandes trabalhos das décadas de 50, 60 e 70, em Chega de Saudade há um time poderoso de artistas brasileiros trabalhando no processo de composição do disco. Antônio Carlos Jobim assina a parte de direção musical e arranjos; Vinícius de Moraes, Ary Barroso e Dorival Caymmi colaboram nas letras; Milton Banana é o cara da percussão enquanto César Vilela e Francisco Pereira são os responsáveis pela identidade visual do trabalho. Um verdadeiro dream team!

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HIT HISTÓRICO

Embora todo disco mereça um destaque coletivo, pelos arranjos, faixas que se completam e temática musical, fica difícil não lembrar da faixa que dá nome ao álbum com um sentimento especial. Chega de Saudade foi a grande responsável por catapultar a carreira de João Gilberto e até hoje é lembrada como um dos grandes símbolos do início da Bossa Nova. Tal composição também foi fundamental para que o disco alcançasse um grande sucesso na crítica especializada nacional e internacional. Ouça o álbum na íntegra:

https://www.youtube.com/watch?v=EQC4Ye7hr9Y&list=RDAMVMEQC4Ye7hr9Y

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