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Vitrola | Acabou o Chorare dos Novos Baianos mudou para sempre a cultura musical brasileira

Por Alan Medeiros em Vitrola 17.05.2017

Poucas vezes na história da música brasileira e mundial, uma mistura de estilos foi tão bem feita como no caso de Acabou o Chorare, segundo álbum de estúdio do musical brasileiro Novos Baianos. Sob orientações de João Gilberto e fortes influências da guitarra de Jimi Hendrix e do samba de Assis Valverdes, o grupo transformou a identidade da música nacional e foi pioneiro na combinação de samba, rock, afoxé, frevo e choro, tudo isso com uma pitada hippie e despretensiosa.

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Gravado em um período de mais ou menos dois anos, com todos os integrantes e família reunidos em um sítio de Jacarepaguá, Acabou o Chorare também traz um novo mood para a música brasileira da época, que andava de uma forma geral com uma roupagem triste, depressiva e tímida após sucessos da tropicália. Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Luiz Galvão, Baby Consuelo e Moraes Moreira eram músicos de exímio talento e optaram por viver uma vida longe dos altos padrões sociais a fim de construir algo que tivesse a cara do projeto – e do momento atual de suas vidas. De certa forma, Novos Baianos era um sonho compartilhado, que ganhou força com as orientações de João Gilberto.

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Originalmente, os integrantes do grupo não eram afeitos pelo samba, que na época era considerado coisa de universitário, algo sem muita qualidade. Com as orientações de Gil, surgiu o interesse em criar algo inédito, que misturava tal estilo com as influências psicodélicas do grupo. Como não havia dinheiro para comprar equipamentos de primeira linha, algumas experimentações nas guitarras do grupo foram feitas para trazer um ar futurístico as produçoes, a mais famosa delas é o truque do televisor, quando Paulo Cesar Salomão entalhou o instrumento, acoplando capacitores removidos da TV que família possuía no interior da casa.

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Apesar do disco não seguir uma linha linear ou progressiva, ele conta uma história, principalmente pela riqueza de suas letras e por estampar um momento especial da música nacional. A Revista Rolling Stones o classificou como melhor disco brasileiro da história, em uma lista que teve 100 preciosidades selecionadas. Ouça-o na íntegra abaixo:

Após ser gravado de forma precária com a Polygram, na casa de Jorge Karan, eles romperam com a gravadora e conquistaram a confiança do produtor musical Eustáquio Sena e de João Araújo, diretor da Som livre, que apostou no trabalho do grupo e impulsionou de forma definitiva o trabalho dos Novos Baianos. No dia em que João Gilberto bateu na porta do grupo, eles não sabiam que estavam próximos de construir uma das maiores heranças musicais do país. Dali em diante, a identidade dos Novos Baianos foi criada e futuras gerações tiveram uma fonte rica de influências brasileiras para se espelharem. Sem dúvidas, um trabalho eterno.

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