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A música conecta

Vitrola | Review: Os Tincoãs ‎– Os Tincoãs

Por Alexandre Albini em Vitrola 26.11.2019

A Bahia é reconhecida desde sempre como um celeiro da produção musical no Brasil. Os grupos e cantores originários desse estado trazem consigo a identidade africana, que em confluência com a cultura brasileira dão um aspecto característico que apenas a música baiana possui. Dentre os inúmeros artistas relevantes está o grupo intitulado Os Tincoãs.  

Formado inicialmente por Erivaldo, Heraldo e Dadinho, apresentavam um repertório de boleros (inspirado no Trio Irakitan). A partir da entrada de Mateus Aleluia, no lugar de Erivaldo, em 1963, passam a fazer a união de samba de roda e cânticos afro-brasileiros. Em 1973 gravaram o disco de estreia com tal concepção sonora: Tincoãs, produzido por Adelzon Alves.

Aleluia, Heraldo e Dadinho se debruçam então sobre uma intensa pesquisa de sons do Candomblé. Algo que torna esse disco um marco da música brasileira, não apenas pela originalidade e musicalidade, como pelo arranjo com vozes sobrepostas a partir de canções oriundas dos terreiros e baseados em quatro instrumentos: violão, agogô, atabaque e cabaça.

A gravação, ao todo, é menos nítida e um pouco abafada — por ter havido, talvez, perda de fidelidade entre as masters de estúdio. Isso não é exatamente culpa do grupo; pois, de certa forma, torna a mistura vocal presente ainda mais interessante e acaba por conferir introspectividade às faixas, imersas em excelentes arranjos executados pela banda.  

Bem aceito no lançamento, o LP torna as cantigas de Orixás conhecidas a partir disso. Hoje é raro encontrá-lo, sendo vendido geralmente a partir de R$ 850. Apreciar esse disco é ter a certeza de que não seríamos um país tão rico culturalmente caso a miscigenação africana inexistisse, pois reflete o mais puro sentimento de brasilidade a que fazemos parte.

A música conecta.

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