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A música conecta

Thaísa Dias nos convida para uma viagem aos anos 60, passando por suas influências contemporâneas

Por Alan Medeiros em Weekchart 07.10.2016

Muitos dizem que nosso gosto musical é um reflexo das experiências que acumulamos durante a vida e que artistas contemporâneos são capazes de exercer papel influenciador maior em nossas escolhas. Sim, de fato é muito mais propício estarmos em contato com obras musicais recentes em relação ao que já foi apresentado no passado. Mas, para grandes entusiastas se adentrar em estilos e artistas de décadas anteriores não é necessariamente uma escolha e sim o único caminho plausível para se conectar a influências mais verdadeiras com suas almas musicais. Este é o caso de Thaísa Dias, apaixonada pela música sob diferentes frentes e dona de um gosto musical capaz de inspirar qualquer pessoa a ter uma sexta-feira ainda melhor. Hoje ela é nossa convidada para assinar o Weekchart. A música conecta as pessoas!

Segunda-feira: Ninna Simone – Sinnerman [Philips Records]

Começar de que jeito né? Primeiro agradecendo o Alan pois fiquei super feliz pelo convite e super empolgada. Queria também começar do começo, mais ou menos na década de 60 que foi onde o mundo ouviu pela primeira vez as minhas grandes influências musicais e por coincidência, ou não, também a década que eu na verdade gostaria de ter nascido [risos] e com uma música de 1965 dela a Ninna Simone que dispensa qualquer tipo de introdução né? Mulher forte, ultra talentosa e com um legado que chega a me faltar o ar quando começo a falar. Queria muito também colocar um T-Bone Walker pra começar ou um Thelonius Monk mas não resisto à plenitude do talento dela, por isso escolhi essa música que é cheia de energia e que pra mim é um espelho da alma da Ninna.

Terça-feira: The JB’s – (It’s Not The Express) It’s The J.B.’s Monaurail [People Records]

The JB’s foi a banda que acompanhou o James Brown até metade da década de 70, entre indas e vindas e desavenças com o James (que não era nada fácil de lidar) eles acabaram acompanhando outros artistas como Bobby Bird, Lyn Collins e também tinham seu próprio repertório. Nesta música eu acho incrível o instrumental e o álbum em que ela foi lançada o “Hustle With Speed” de 1975 é tão bom quanto, um tanto suspeita pra falar, mas eu sou muito fã de música negra (já deu pra perceber acho), mas muito mesmo, bitolada seria a palavra certa para definir!

Quarta-feira: Guru – Take a Look (At Yourself) do álbum Jazzmatatazz Vol. 1 [Chrysalis Records]

Esse álbum de 1993 com certeza é um dos que mais ouvi na minha vida. Ele mistura rap com jazz e é um dos trabalhos que marcaram a década de 90 no hip hop como a “golden age”, uma era de ouro mesmo para o gênero e para mim também. Nessa música que eu escolhi, o Guru faz uma parceria com Roy Ayers que eu amo e é uma super referência para mim também e tem um sample de uma música de 1968 (olha a década de 60 aí denovo) chamada “Book Of Slim” do Gene Harris & His Three Sounds que eu gosto muito também. Vale a pena conferir também se rolar uma curiosidade. https://youtu.be/kKNHmGNiqvw

Quinta-feira Mr. V – Somethin’ with Jazz (Session Victim Remix) [Razor’N’Tape]

Quando eu encontro algo contemporâneo e que tenha suas maiores influências enraizadas nas mesmas referências que citei anteriormente, eu morro de amores na hora e o duo Session Victim é com certeza um desses nomes. Esse label Razor’N’Tape preza bastante por essa mistura da House Music com disco, rap, blues e jazz e foi logo de cara pra minha lista de labels preferidas. A música original é de 2006 e não deixa nada a desejar para este remix, eu gosto demais dela também!

Fim de semana: Pascal Viscardi – Where Pathways Meet (Original Mix) [Love Notes From Brooklyn]

Last but not least! Bom começa tudo pelo nome dessa label que já apelou e ganhou né? Pelo menos pra mim… E não para por aí, o dono dela o Nathaniel Jay que obviamente administra a label lá do Brooklyn mesmo é o curador e também o poeta responsável pelas notas ou poemas que vem junto com o disco que são exclusivas para cada release (!!!!) e a nota que vem nesse release em específico é a seguinte:

“This piece of vinyl
Kills facists!
Counter-Culture
Is the revolution!
The Underground
Is the Movement!
There’s is no turning back
Now that we are both compliant
We are brothers
In the same struggle”

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