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A música conecta

Who? Neotropical

Por Alan Medeiros em Who? 08.03.2018

Cada vez mais a essência e a criatividade brasileira tem sido reconhecida frente a grandes produtores do circuito internacional. Seja no house, techno ou minimal, nossos artistas estão fazendo bonito e mais do que captar a atenção de referências históricas para o estilo, estão se juntando a eles no estúdio para construção de uma jornada em parceria.

Renee e Ale Reis formam o duo Stekke e representam com força um dos cenários mais avançados da dance music verde a amarela. Juntos, eles comandam uma série de projetos voltados para o avanço da cena eletrônica em solo nacional e tem ajudado a colocar a carreira de novos e promissores artistas em um novo patamar.

Em 2018 eles seguem trabalhando forte e uma das grandes novidades do projeto é a parceria com o produtor alemão Thomas Melchior. Na última tour de Thomas pelo Brasil, Renee e Ale o encontraram para uma session no estúdio e em meio ao pouco tempo por conta da sequencia de gigs que Melchior tinha agendado, o trio conseguiu finalizar o EP Nocturnal Moves. O release é composto por três faixas originais. O americano Gari Romalis empresta seus vocais para The Chill, única faixa do lado A. No lado B, Gui Thome participa do Nordic Mix para a mesma canção e Level Within completa o lançamento. Ouça-as abaixo:

Melchior é um dos nomes mais importantes do cenário minimal internacional e volta ao lançar pelo label brasileiro após remixar Stekke na faixa Lessing – ela foi sucesso de crítica absoluto na mídia especializada global. Nocturnal Moves tem previsão de saída para a primeira quinzena de março e alguns dos próximos artistas a lançar pelo label incluem LoSoul, Akufen, Ema e Loosen. Confira abaixo um depoimento exclusivo sobre o processo criativo sobre o processo criativo do EP:

Com a palavra, Renee:

Thomas tinha alguns dias de gap, entre um final de semana e outro de gigs. Ele decidiu ficar em Curitiba, pois a próxima gig seria no Club Vibe. O Ale e o Gui Thomé moram lá então era mais cômodo caso fosse necessário qualquer suporte.

O estúdio do Thomé não estava pronto, então havia um setup provisório montado no apartamento dele, onde passávamos a maior parte do tempo. Quando eu cheguei em Curitiba, o Ale e o Thomas já estavam desenvolvendo algumas idéias sem qualquer compromisso, apenas por diversão.

The Chill estava com a ideia principal pronta, o Thomas sugeriu um vocal para a música (ele é incrível programando drums, em segundos, havia criado o groove principal). Foi então que veio a ideia do Romalis, ele havia publicado um vídeo recente em suas redes sociais falando sobre música, gravamos, fizemos alguns cortes e o vocal ficou muito bem na track.

Em seguida pedimos autorização para ele, em usar cortes de sua fala e ele autorizou. Ficou muito empolgado e pediu para encaminhar a música, assim que estivesse pronta. Os teclados ainda eram uma dúvida. Então Ale e Thome, em segundos, criaram um Patch no Modular, transformando o som dos keys através de um Ressonator, que gerou um novo som, um novo tema. Em seguida foram alguns detalhes de construção, mix e finalizamos a track.

Level Within foi um pouco mais trabalhosa, em função da complexidade dos elementos. Bass, dimensional hats do modular, drums, 909, teclados, poliphonic synthetizer. O vocal também deu um certo trabalho em cuts, edits, etc. Porém ela foi composta de certa forma bem rápido. As horas no estúdio fluíram num piscar de olhos. Rolou um flow muito bom o que é muito raro de acontecer quando se trabalha com muita gente em estúdio. Thomas comentou que estava adorando as músicas e de repente poderíamos lançar no Sketches.

Sugeriu então outro mix para The Chill (Nordic Mix), uma versão ‘tools’. Assim compomos uma versão mais trip/after hours. Sobre o nome Neotropical, foi o que mais demorou, algumas semanas. Estávamos trocando algumas idéias, quando o Thomas sugeriu esse nome. Pesquisamos os significados “neo”, “tropical”, “neotropical” e achamos que tinha uma ligação muito forte. 

Foi uma experiência incrível, ele é uma pessoa espetacular, e tudo que compartilhamos juntos tinha uma energia muito boa. Melchior é uma inspiração para nós, uma referência na música eletrônica.

Alguns anos atrás quando Ricardo Villalobos se apresentou no D.EDGE, ele comentou num after na casa do Paulete: “Thomas Melchior? Tudo que ouvimos em música eletrônica hoje é por causa dele”. Melchior trouxe o lado jazz para a dance music, swing, groove… praticamente criando uma nova identidade muito forte.

A música conecta as pessoas! 

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