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A música conecta

Alataj entrevista André Hommen

Por Laura Marcon em Entrevistas 07.07.2020

De Dennis Ferrer a Denis Horvat a The Martinez Brothers a Yotam Avni, o alemão André Hommen está sempre muito bem acompanhado desde o início de sua carreira. A começar por adentrar no time da forte gravadora Nova Iorquina Objektivity, de Ferrer, no início de sua jornada de tal maneira que hoje passou a administrá-la. Isso lhe deu um grande background não apenas de conhecimento de mercado, mas também de experiência enquanto DJ e produtor.

Ainda que já despendesse de tempo com a gravadora, André decidiu dar início ao seu projeto pessoal para poder trabalhar suas faixas com mais liberdade e também incentivar amigos e DJs que ele valoriza musicalmente. Foi então que nasceu o label This Eyes, que desde o início já contou com releases de artistas de grande peso no cenário da música e vem tomando proporções de destaque no mercado. Foi através dele que Hommen decidiu lançar seu debut álbum, More Than This, apresentado no dia 3 de julho, com faixas que vão das linhas mais experimentais até momentos de pico da pista de dança, em uma construção que torna a obra muito coerente.

Nós conversamos com o artista sobre todos os seus projetos, o caminho que percorreu até agora, o novo álbum e outros assuntos. Confira o resultado.

Alataj: Olá André, tudo bem? Muito obrigada por falar com a gente! Mais de 10 anos entre a discotecagem e produções, ótimas parcerias ao longo de sua carreira e incentivo a outros artistas através do label. Como você avalia o caminho que já percorreu até hoje? Se pudesse citar algo que você acreditou ser essencial para o seu crescimento, o que seria?

André Hommen: Ei, eu estou muito bem, obrigado. Espero que você esteja bem também. Sim, louco. Mais de 10 anos já. Na verdade estou muito feliz e agradecido por tudo ter acontecido da maneira que aconteceu. Definitivamente posso dizer que tive uma vida muito emocionante até agora, viajando pelo mundo fazendo o que mais amo, mas é muito difícil escolher algo essencial para tudo isso. Mas na verdade foi como um quebra-cabeça, uma peça encaixa na outra e acabou tudo muito bem, eu diria.

Seu trabalho com Dennis Ferrer através do label Objektivity provavelmente é uma parte importante da sua carreira. Como aconteceu seu ingresso para fazer parte da equipe administrativa e criativa da marca? Algo de muito valioso que aprendeu com esse trabalho que você leva até hoje?

Eu enviei uma mensagem para Dennis via MySpace na época e, surpreendentemente, ele respondeu, pelo qual sigo muito feliz. Conversamos por um tempo e de repente eu estava fazendo parte da equipe, trabalhando como estagiário para a gravadora. A relação tornou-se cada vez mais próxima e, depois algum tempo, assumi o selo e fui com Dennis para uma turnê sem escalas de três anos, basicamente. Aprendi muito durante todos esses anos e, como mencionei antes, serei eternamente grato por isso, honestamente. Eu acho que o tempo todo foi muito valioso – até agora.

Você está lançando seu debut álbum pela sua própria gravadora, These Eyes. O primeiro álbum geralmente tem um sabor especial por ser um projeto novo e com uma história musical maior. No seu caso, essa produção aconteceu naturalmente ou você acreditava que agora era o momento ideal para realizá-la?

O álbum está basicamente pronto há um ano e meio e levei um tempo para encontrar o momento certo para lançá-lo. Em algum momento do ano passado eu decidi que seria realmente a melhor situação para lançá-lo via These Eyes. Como eu sempre quis lançar um álbum, então por que não lançar meu próprio selo? Eu posso fazer tudo sozinho e só posso me culpar se algo der errado ; )

Ouvindo as faixas que compõe o álbum pudemos notar que boa parte delas são destinadas à pista de dança com uma linha de baixo bem densa, mas ainda assim encontramos criações mais experimentais. Como se deu o processo criativo desse álbum? Qual a mensagem que você gostaria de passar nele?

No geral acho que ele é uma boa jornada (é o que todos dizem), mas aqui é realmente o caso, pois as faixas e a ordem delas funcionaram muito bem. Não há nenhuma mensagem por trás disso, acho que estava na hora de finalmente lançá-lo, pois realmente gosto do álbum. É uma boa mistura entre faixas profundas, de pico e Techno, na minha opinião.

Também notamos que suas faixas possuem construções nada óbvias, o que nos leva à duas curiosidades: Quais são suas influências musicais dentro e fora da música eletrônica? Existe algo além da música que te inspira na hora de produzir?

Como muitos produtores de música eletrônica, sou muito influenciado pelo som de Depeche Mode ou Kraftwerk e também pela cena House dos EUA. Mas não existe um conceito real por trás dessas faixas. Isso só acontece em algum momento até você decidir que a faixa está concluída. A inspiração vem basicamente das viagens e de todas as influências que você recebe quando viaja muito.

Sobre seu label These Eyes, além de suas próprias produções, vemos releases de outros artistas gabaritados e conceituais do cenário da música. Como se dá a curadoria dos artistas e faixas? Como conciliar esta função com produção, tours e gigs?

Estou muito feliz com todos os lançamentos da gravadora até agora. De Jonathan Kaspar aos caras dos Clavis, Marc Romboy ou Denis Horvat (também conhecido como Tlak). Tudo foi muito bem escolhido com cuidado, por isso também estou muito animado com os próximos lançamentos de Yotam Avni, Jonathan Kaspar (novamente) e também de Ben Westbeech. Executar um label é fácil quando tudo está organizado. Novamente, isso foi algo que aprendi durante o meu tempo na Objektivity.

A gente tem perguntado aos nossos entrevistados sobre o momento que estamos passando e quais as suas impressões em relação ao cenário da música eletrônica e o Coronavírus. Como você tem passado por esses dias? O que você acredita que mudará pós-pandemia?

Bem, os últimos meses foram bastante desafiadores para todos, mas felizmente eu tinha muitos projetos em andamento para que eu pudesse me concentrar neles e também no lançamento do álbum. Portanto, sempre estive ocupado com a quantidade certa de trabalho, mas espero que todos possamos voltar ao normal em breve. Eu acho que algumas coisas vão mudar depois disso. Talvez as pessoas sejam mais cuidadosas ou se respeitem mais. Que seja pelo menos algo positivo!

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música significa em sua vida?

Bem, música significa muito para mim, provavelmente para todos. No entanto, houve um tempo em que eu disse que música significa tudo para mim, mas agora posso dizer que não significa tudo para mim, mas definitivamente significa muito 🙂

A música conecta.

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