Já sentiu aquela sensação de provar algum prato, amar o sabor, mas não conseguir explicar exatamente o motivo daquilo ter te agradado tanto? Muitas vezes com a música eletrônica é mais ou menos assim, podendo ser comparada até mesmo com a culinária por seus tons, texturas, camadas, temperos e aromas. Trouxemos isso porque ela é formada por tantas variações e subgêneros que muita gente — principalmente aqueles menos familiarizados com a infinidade de ritmos existentes — têm dificuldade em identificar o que está tocando na pista.

Esquentando as semanas que antecedem nossa participação no Minifestival, produzimos um conteúdo co-assinado pela Levels para esclarecer um pouco mais as coisas sobre as quatro principais esferas dentro da música eletrônica underground: Disco, House, Techno e Minimal, parte do que há de mais relevante no dancefloor brasileiro. Abaixo você poderá não apenas ler sobre cada um, mas ouvir e acompanhar um minimix e playlists repletas de clássicos que vão te ajudar a diferenciar cada um dos estilos sem tanta dificuldade.

House

O estilo que ajudou a revolucionar a história e a cultura clubber no mundo, batizado com este nome graças ao icônico The Warehouse, que funcionou de 1977 até 1983 e tinha Frankie Knuckles como DJ residente, apontado como um dos pioneiros do estilo. Na cabine, ele levava alguns vinis de Soul e Disco da própria mãe, gêneros que foram fundamentais na construção do que hoje chamamos de House Music.

House House

Uma das características mais comuns é a batida (ou compasso) 4/4, geralmente feita de forma eletrônica, onde é possível realizar uma “contagem” sem que a melodia se perca. Outra característica histórica da house music trata-se da presença de samples como vocais ou instrumentos de outras músicas. Você vai perceber também que no geral as faixas possuem uma linha de baixo sólida e profunda mantendo-se entre 118 e 135 batidas por minuto (BPM). Ainda dentro do estilo, é possível encontrarmos um grande número de vertentes como Acid House, Afro House, Deep House, Electro House, French House, G-House, Progressive House e Tech House, para citar os principais.

Entrevistas

Deixe-se envolver pelo som maravilhoso do Detroit Swindle

Ler entrevista

A genialidade de Kerri Chandler só pode ser fruto de uma inspiração divina

Ler entrevista

Uma conversa inspiradora com Tom Trago

Ler entrevista

Techno

Jeff Mills, Derrick May, Juan Atkins… algum destes nomes é familiar para você? Eles são tidos como os precursores do estilo surgido em Detroit, logo depois da House Music, na metade da década de 80. Muitos jovens que trabalhavam em fábricas de automóveis passaram por momentos difíceis numa crise que começou ainda nos anos 70, procuraram então uma área de escape e bateram de frente com o techno, até que no final da década o prefeito Coleman Young liberou que clubs surgissem na cidade sede do condado de Wayne. Os espaços então começaram a ser tomados por BPMs mais altos — entre 120 e 150 — a música tornou-se mais repetitiva e a intensidade entrou em cena, influenciada pela realidade e pelo som industrial de Detroit.

Foi então que os produtores citados no início deste parágrafo começaram a criar seu próprio som, distanciando-se do house e outros estilos. Para a bateria da música, muitos ainda utilizam equipamentos clássicos dos anos 90, como as Rolands TR-808 e TR-909, mas a tecnologia também está bem presente principalmente através dos novos sintetizadores e, até por isso, o estilo é muitas vezes denominado como moderno.

Aqui podemos elencar algumas ramificações mais conhecidas como Acid Techno, Dub Techno, Hard Techno, Industrial Techno, Melodic Techno e Minimal Techno.

Entrevistas

Leia a entrevista que fizemos com o lendário Derrick May, em 2017

Ler entrevista

Marcel Dettmann, um dos maiores nomes do Techno da atualidade, também falou com a gente

Ler entrevista

Outra entrevista histórica: Nina Kraviz

Ler entrevista

Minimal

Como o próprio nome já revela, a principal característica deste estilo é o minimalismo. Quem não gosta de algo simples e bem executado?! Vemos muito isso no campo visual da arte, mas na música ele também está bastante presente. Acredita-se que ele foi desenvolvido no início dos anos 90 e tem como uma das principais referências o americano Robert Hood, que uma vez disse sobre o estilo musical: "(…) bateria, linhas de baixo e apenas o que for essencial para fazer as pessoas se mexerem". Apesar disso, o minimal não deixa de ser dinâmico, afinal, possui uma estética despojada, ritmos quase que hipnóticos e um som cadenciado e envolvente.

Muitos produtores apostam em sons orgânicos da natureza em geral, pássaros, oceano, florestas, mas também ouve-se muito sussurros de pessoas acompanhadas de batidas sem muito grave — se comparado aos outros estilos já mencionados. Além de Hood, vale citarmos outros artistas icônicos como Daniel Bell e Ricardo Villalobos, que em suas composições fogem dos excessos e procuram entregar o seu melhor se aventurando pelo modelo simplista.

O Minimal é considerado como um subgênero da House Music, mas vale citar algumas variações que são bem próximas da sua sonoridade, como Microhouse e Deep Tech.

Entrevistas

As origens e características do microhouse e minimal house

Ler entrevista

Entrevistamos o duo Vinyl Speed Adjust, um dos expoentes do minimal romeno

Ler entrevista

Conheça também a proposta musical minimalista do trio Premiesku em entrevista exclusiva

Ler entrevista

Disco

Pense no seu melhor passinho, roupas confortáveis e prepare-se para dançar, a Disco Music é contagiante! Antes mesmo do surgimento da House Music, ela já marcava presença forte nos anos 70, uma subcultura que surgiu a partir da mistura de música de negros hispânicos e latino-americanos, ítalo-americanos, LGBTs e hippies psicodélicos. As principais influências vêm do funk e da música africana/latina, além claro, de uma forte influência da vida noturna urbana dos Estados Unidos.

Disco

Você vai notar que muitos instrumentos orquestrais fazem parte deste estilo, harpa, violino, viola, violoncelo, trompete, saxofone, trombone, clarinete e muitos outros, combinados com teclados e guitarras dão o charme único para as sonoridades Disco. Abrace quem estiver do seu lado e deixe seus sentimentos falarem por você!

A Disco Music conta com outras vertentes como Euro Disco, Italo Disco, Space Disco, Nu Disco, Dance Pop, Boogie.

Entrevistas

O digger pesado de Hunee na coluna Special Series

Ler entrevista

O sucesso da Disco em Ibiza pelas mãos da Glitterbox

Ler entrevista

Bate-papo responsa com o DJ holandês Antal

Ler entrevista