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A música conecta

Alataj entrevista Sango

Por Alan Medeiros em Entrevistas 19.02.2018

Não são raros os debates sobre o reconhecimento do funk como música eletrônica genuinamente brasileira. Enquanto os mais conservadores seguem com uma visão fechada sobre o assunto, produtores brasileiros e gringos vão sampleando (samples são uma das bases históricas da dance music) hits que ecoam pelas periferias brasileiras em sua música.

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Um dos nomes mais consistentes dentro desse cenário que flerta com diferentes vertentes da dance music e sampleia o funk brasileiro é o americano Sango. Baseado em Seatlte, Kai Asa, seu nome de batismo, ganhou notoriedade após o lançamento de suas série de EPs Da Rocinha. Nesses releases, Sango bebe da fonte do funk carioca e trabalha ao lado de nomes brasileiros como MC Taty, MC Delano, MC Nem, Carlos do Complexo e Sadinha.

A nova tour de Sango por terras tupiniquins rola esse fim de semana. Quinta ele toca para a pista da INVDRS em Curitiba, sexta na HUB no Rio de Janeiro e sabadão na TURBULÊNCIA em São Paulo. O retorno do americano é bastante aguardado e em antecipação a tour, nós finalmente conseguimos um bate-papo exclusivo com ele. Confere aí:

Alataj: Olá, Sango! É um grande prazer falar com você. A primeira pergunta não poderia ser outra: como você conheceu o funk brasileiro?

Conheci meu grande amigo Kojack, que é um produtor de São Sepé. Começamos a conversar sobre música no Facebook e Twitter e ele trouxe a ideia de produzirmos funk juntos. Na época, eu disse a ele que não deveríamos fazer apenas funk, mas sim todos os tipos de beats. Começamos a trabalhar juntos e foi assim que me familiarizei com o som.

É parte do seu interesse ou de seus planos estar mais próximo das favelas cariocas para realmente entender a cultura que existe em torno da música?

Sim, faz parte do meu plano. Já visitei as favelas no Rio antes, acho as semelhanças culturais entre negros americanos e negros brasileiros intrigantes e ir à favelas faz eu me sentir em casa no Brasil.

Seattle é uma cidade com uma cultura musical bastante ligada ao rock alternativo, c certo? Como foi desenvolver seu DNA musical? Dentro da cidade, quem eram suas principais influências? Há algum movimento de rua que você possa destacar?

Seattle é conhecida por sua cena rock historicamente. Também é conhecida por sua cena jazz e blues, graças a músicos como Ray Charles e Quincy Jones. Minhas influências são pessoas como DJ Quik, Pharrell, Timbaland, Dilla, 40, etc. Atualmente em Seattle, estamos tentando nos destacar e mostrar aos outros que podemos criar um movimento sem sair da cidade.

Aqui no Brasil o funk sofre um certo tipo de preconceito (ao menos de uma parte da população) quando inserido na dance music. Acontece algo semelhante com algum gênero em Seattle? Como você enxerga essa situação?

Em termos do funk afetar a juventude no Brasil, o equivalente nos Estados Unidos seria algo como “mumble rap”. Muitas pessoas não entendem a cultura e desprezam. É claro que as letras tendem a ser preguiçosas, mas a energia geral da música é rica na minha opinião.

Fale um pouco sobre seu trabalho junto a AGO como isso tem transformado sua visão sobre a música enquanto movimento artístico.

Os caras do AGO são meus irmãos de outra mãe. Trabalhar com eles me ajudou a perceber que é importante ter um senso de fraternidade dentro da indústria da música.

Quais são suas expectativas para essa tour pelo Brasil?

Só espero reconectar com os amigos e dar às pessoas mais da minha música. Retribuir a esse país incrível! TAMO JUNTO!

É possível dizer que outras representações artísticas, como dança e design por exemplo, influenciam a forma como você cria suas músicas?

Estudei design gráfico e isso ajudou a moldar toda a minha abordagem na produção musical. Tudo é uma peça de quebra cabeça para mim e eu sou o responsável por fazer encaixar e fazer sentido.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A música é meu serviço. Estou aqui para ajudar as pessoas, incluindo a mim mesmo.

A música conecta as pessoas! 

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