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A música conecta

Alataj entrevista Cashu

Por Inacio Martinelli em Entrevistas 26.06.2018

Carol Shutzer aka Cashu é um dos principais nomes da cena underground nacional. A jovem DJ e produtora é uma das idealizadoras da Mamba Negra, festa independente de São Paulo que atrai milhares de pessoas a cada edição. Além disso, ela possui um público fiel no país e chama cada vez mais atenção de ouvidos estrangeiros. Em seu currículo, há passagens por pistas do calibre do Panorama Bar em Berlim, Club Vibe em Curitiba e De School em Amsterdam, além da confirmação de uma tour com cinco datas no México em junho.

Porém, até expandir as suas fronteiras, Cashu percorreu um longo caminho. “Como quase todo mundo, eu tive um período de insegurança como DJ, que me fez demorar para dar alguns passos importantes para meu aprimoramento. Não me arrependo porque eu acredito que as coisas têm um tempo de maturação e vêm na hora certa.” Segundo ela, um momento decisivo para criar mais confiança como artista foi a sua elogiada apresentação na primeira edição do Dekmantel São Paulo, ano passado.

Os feedbacks positivos se transformaram em novos convites da organização do Dekmantel. Um para se apresentar na segunda edição paulistana, realizada em março, e outro para integrar o line up da versão original do festival, em Amsterdam. De 1 a 5 de agosto, artistas como Four Tet, Ricardo Villalobos, Carl Craig, Modeselektor, DVS1, John Talabot, Orbital, Lena Willikens e Jamie xx invadem a capital holandesa para um dos eventos mais elogiados pela crítica e público da atualidade. Cashu representa o Brasil nesse dream team, juntamente com a dupla Selvagem. “Já estou pensando há alguns meses no set do Dekmantel, mas não tenho nada muito definido ainda.”

A DJ se apresenta na pista do Boiler Room, que é transmitida ao vivo pelo site da plataforma. Em seu set, o público pode esperar uma mistura de techno, breakbeat, electro e produções brasileiras de acid, macro house e atmosferas mais distorcidas, sons que ela têm curtido tocar atualmente. Porém, uma de suas principais características é a facilidade de sentir o clima da pista e se adaptar à ocasião. Então, vale conferir que cartas na manga Carol vai utilizar para surpreender o exigente público do festival.

Ao lado de nomes como Helena Hauff, JASSS e Sassy J, Cashu representa o line up feminino do Dekmantel, que conta com cerca de 25 artistas (solo ou parte de um projeto). Apesar do avanço nos últimos anos, a DJ acredita que ainda há um longo caminho a se percorrer no combate à desigualdade de gênero na programação de grandes eventos e na Dance Music em geral. “O problema é anterior a cena eletrônica, o machismo é incrustado na sociedade e a mulher lida com isso desde que nasce. E já que essa problemática já está dada, precisamos pensar em soluções pragmáticas.” 

Dentre as ações realizadas por Cashu, estão a lista VIP para pessoas trans na Mamba Negra, o apoio à novas DJs, que inclusive vão à sua casa treinar no CDJ e o incentivo diário à criação de uma cena cada vez mais plural e respeitosa. “A luta é estratégica”, conclui. Antes de partir para Holanda, Cashu encara alguns compromissos por aqui. Um deles no Caos, em uma festa com 6 artistas mulheres no line up – que orgulho ein, Campinas?

Caso tenha um tempo livre, Cashu gostaria de conferir artistas como DJ Stingray, Xosar, Helena Hauff, Elena Colombi, Mr Scruff, Carista, Voiski, Mama Snake e Joey Anderson no Dekmantel. Suas dicas da capital holandesa: garimpar discos na Rush Hour e comer muito Stroopwafel. Anotado!

Mamba Negra (Créditos: Victor Dragonetti)

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