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A música conecta

Alataj entrevista Gabriel Sasso [Singular]

Diariamente, podemos acompanhar um dos espetáculos mais incríveis da natureza: o nascer e o pôr do sol. No Brasil, o Warung Beach Club é a referência máxima na combinação entre música eletrônica e o amanhecer, proporcionando uma visão de tirar o fôlego. Porém, recentemente, foi uma outra festa aqui do Brasil que chamou a atenção de muita gente: a Singular.

Alguns brincam que poderia ser o “Cercle brasileiro”, mas a verdade é que, assim como o nome já entrega, a proposta é mesmo diferenciada. O núcleo nasceu através das mentes criativas de por Gabriel Sasso, Adriano Rodrigues, Édrick Rodrigues e Elias Henrique Meira, e após a última edição da festa realizada no Pico do Urubu, em São Paulo — local conhecido pela prática de voo livre — seu nome acabou rodando diversos grupos no Facebook.

https://www.facebook.com/perfectechno/videos/2298502457128325/

 

Como é possível ver através das fotos e vídeos, a ideia é mesmo conectar natureza e música eletrônica, buscando fomentar a cena underground na região de Mogi das Cruzes. Assim como muitos, nós também ficamos impressionados com as imagens do evento, que contou com o apoio da Oficina DJ e da Dimens10.TV, e decidimos descobrir mais detalhes batendo um papo com Gabriel Sasso. Abaixo você pode conferir algumas fotos e conhecer um pouco mais o trabalho realizado pelo coletivo da Singular.

Alataj: Olá, Gabriel! É um prazer falar com você. Não podíamos começar falando de outro assunto a não ser sobre a Singular, festa que rola em um dos picos mais surreais que já vimos. Conta pra gente como surgiu essa ideia inicialmente?

Gabriel Sasso: Olá pessoal do Alataj, o prazer é todo meu! A ideia de realizar este evento surgiu há três anos, de forma bem natural e sem pretensão de grandes feitos, o intuito era reunir os amigos em uma paisagem de cair o queixo, ainda vejo desta forma, porém em uma dimensão maior. A festa acontece apenas uma vez no ano, principalmente pela logística. É bem trabalhoso levar o sistema de som, gerador, luzes e os demais equipamentos necessário, mesmo assim, o público sempre fica aguardando ansiosamente para ser convidado.

Música eletrônica e natureza, uma combinação quase que infalível. Pelo Brasil e pelo mundo diversos clubs apostam nessa união, mas a Singular é ainda mais ousada. Para quem não conhece, que lugar é aquele? Foi a partir dele que surgiu o nome do núcleo?

A inspiração do nome do núcleo nasceu com o desejo de fazer algo único, ‘fora da caixa’, na cena da região de Mogi das Cruzes – SP, onde fica localizado o Pico do Urubu. O caminho que encontramos de atingir algo realmente singular foi produzir os nossos eventos em locais abertos, e no início de 2017, antes mesmo de originar algo no Pico, o conceito da crew já estava concreto: queríamos conectar a música à natureza, com uma atmosfera intimista.

Qual é a linha sonora presente nos eventos e como vocês fazem para selecionar os DJs que se apresentam com aquele background?

A principal linha que abordamos é o Melodic House & Techno, porém não estamos preocupados com rótulos e, inclusive, um dos critérios que mais levamos em conta para esta última edição no Pico foi a diversidade musical e a dinâmica de cada DJ. Acreditamos que trazer esse suspense de algo inesperado, pode provocar uma experiência única para a pista. Na última edição, além do meu set, tivemos a presença de Diego Barra, Édrick, Endless Moon, Gian Granito, Schunke, Souto e Trommer.

Soubemos que a sustentabilidade também está presente nos eventos. De que forma exatamente?

Todos os anos nós priorizamos a proteção do ambiente no qual estamos utilizando para realizar o evento e, como parte disso, distribuímos sacos plásticos e conscientizamos o nosso público para que cada um recolha seu lixo e posteriormente deixe-o em um local específico para reciclagem.

Além da festa no Pico do Urubu, o núcleo também já realizou showcases, certo? Por onde a Singular já passou e quais são os planos para o futuro? O próximo evento já está sendo desenhado?

Até então fomos convidados para fazer dois showcases no conceituadíssimo D-EDGE, sempre comemorando cada ciclo de vida da Singular. Sobre o futuro, o que posso adiantar para vocês com exclusividade é que já estamos planejando o nosso próximo palco a céu aberto e uma agenda fechada de showcases pelos clubs de SP.

https://www.facebook.com/gabrielsassodj/videos/409897446445303/

 

Agora falando um pouco sobre sua carreira… Além da discotecagem você também tem apostado na produção musical. Quais são suas maiores referências dentro da indústria em ambos os cenários?

Venho me aplicando cada vez mais nas produções, sempre buscando algo inovador, com características étnicas e melódicas em torno de 115 a 122 BPM, é uma linha de som que vem ganhando espaço lentamente aqui no Brasil. A princípio me pareceu desafiador ir para este lado, na cena de São Paulo por exemplo, as festas de grande porte estão sempre abordando o Techno (Hard e Melódico), House e agora o Progressive vem ganhando espaço, porém artistas como Bedouin, Hraach, Denis Horvat, Toto Chiavetta e muitos outros me inspiram a fazer algo diferente.

Gradativamente você tem construído seu nome no cenário underground de São Paulo com algumas apresentações importantes na bagagem. Quando seu relacionamento com a música eletrônica começou efetivamente? Você dedica seu tempo integralmente à esse universo?

O início de tudo isso foi em 2009, quando meus pais me levaram para a minha primeira festa de música eletrônica. Com apenas 15 anos de idade eu me apaixonei por esse universo. Em 2014 meu pai se formou como DJ e me ensinou a discotecar também, desde então tudo fluiu espontaneamente, só me dei conta de que estava acontecendo quando fui convidado para tocar no D-EDGE e fazer o warmup para o grande Hyenah. Atualmente a música é um primeiro plano, porém não consigo me dedicar integralmente, espero um dia viver de tudo isso.

O que te motiva a acreditar numa carreira artística, tanto como Gabriel Sasso, como nome à frente da Singular?

Nasci e cresci na periferia da zona leste de São Paulo, especificamente em Ferraz de Vasconcelos, onde a música eletrônica está longe de fazer parte da nossa cultura. O que me faz acreditar cada vez mais tanto em mim quanto na Singular, é o trabalho que venho realizando para expandir e implementar a música eletrônica na minha região. 

Jamais imaginei que em tão pouco tempo iria me apresentar em grandes clubs, ao lado de grandes artistas e realizar eventos que tomassem conhecimento nacional como a Singular no Pico do Urubu, sem dúvidas tudo isso me motiva e me mostra que estou no caminho certo.

Por fim, uma pergunta pessoal. O que a música representa na sua vida?

A música me faz sentir o hoje, a cabeça esvazia, o corpo relaxa, me eleva a um outro degrau da vida. Encaro como uma terapia, só coleciono momentos felizes com a música.

A música conecta.

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