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A música conecta

Alataj entrevista Makoto

Por Alan Medeiros em Entrevistas 02.10.2018

Makoto é uma unanimidade no cenário do drum and bass internacional. Seu legado para a indústria musical é considerado algo histórico e muito disso se deve ao poder de conexão entre diferentes culturas, algo que a música eletrônica possibilita com a eficiência que pouquíssimos cenários artísticos conseguem replicar.

Nascido, criado e ainda vivendo em Tóquio, Makoto teve a sorte ser influenciado por uma gama poderosa de estilos. Do clássico ao soul, do funk ao que há de mais contemporâneo: esse caldeirão de referências foi decisivo para que ele pudesse se desenvolver em alto nível enquanto um player do cenário. Paralelamente ao que diz respeito a parte mais criativa de seu trabalho, Makoto também se aprofundou em sua vida acadêmica, formando-se como engenheiro acústico na Nippon University.

Desde o começo de sua carreira, Makoto desenvolveu um relacionamento bem próximo entre discotecagem e produção musical, mantendo essas duas esferas importantes de trabalho em um mesmo nível de importância. Apenas para podermos dimensionar, alguns dos selos com que este talentoso artista japonês já trabalhou incluem Hospital Records, V Recordings, Get Hype e Bingo Bass, além claro de sua própria Human Elements. Desde 1999, Makoto mantem uma regularidade que impressiona até mesmo os mais experientes do circuito, como seu amigo Marky, que o recebe para uma nova edição do projeto Marky & Friends no D-EDGE essa sexta-feira. Antes desse encontro histórico em São Paulo, Makoto nos concedeu uma entrevista exclusiva. Confira abaixo:

Alataj: Olá, Makoto! Tudo bem? É um grande honra falar com você. Da infância ouvindo soul e funk até o drum and bass. Como você resumiria sua trajetória de referências na música?

Makoto: Olá! Estou bem, obrigado. É um prazer falar com vocês! Sempre senti que foi um processo natural. O drum n’ bass às vezes pode ter tanto soul, jazz e funk, que acho que se eu não tivesse passado por essas músicas, talvez nem me interessaria por dnb em primeiro lugar.

Qual foi o acontecimento decisivo que te levou a esfera profissional da música? Tomar essa decisão foi difícil?

Isso também aconteceu muito naturalmente, mas assinar com a Good Looking Records há 20 anos foi definitivamente um ponto de virada. Eu sempre quis fazer algo para o mundo todo e isso foi como um sonho virando realidade. Me trouxe uma grande confiança.

Você é formado em Engenharia Acústica na Nippon University, certo? De que maneira os ensinamentos obtidos durante o curso ajudaram no desenvolvimento de sua carreira artística?

Hmm… eu não acho que foi muito útil [risos]. Não fui realmente para a universidade, eu ficava sempre em casa fazendo música ao invés de ter aulas acadêmicas.

Em 1999 você assinou com a Good Looking Records pela primeira vez. Naquela época, quão significativo foi trabalhar com LTJ Bukem?

Como eu disse, isso mudou minha vida. Bukem me levou para o mundo e me ensinou o que é ser um DJ de verdade.

Desde o começo do século a forma como o público se relaciona com a música mudou drasticamente. Como você tem lidado com essas novas formas de consumo de música? Na sua visão, essa nova geração está menos propícia a consumir trabalhos mais profundos?

Bom, estou amando o fato de que a tecnologia está se desenvolvendo e tornando as coisas mais fáceis. Por exemplo, quando comecei a produzir, eram só hardwares e levava séculos para terminar uma música, mas agora está tudo no computador e você pode produzir muitas músicas ao mesmo tempo.

Não acho que a nova geração esteja fazendo um trabalho menos profundo, a música está em seu coração, isso é o que importa para mim. Se existe a tecnologia para tornar as coisas mais fáceis e convenientes, por que não usá-la?

Você é um artista com um belo histórico de produções para full lenghts. Quais são as principais fontes de inspiração que você utiliza para esse formato de trabalho?

Não tenho certeza de onde a minha inspiração vem. Mas na maior parte do tempo, ela não vem do dnb, é sempre ouvindo outras músicas ou simplesmente vem em momentos e situações aleatórias.

Como você avalia a presença do dnb na história de construção e evolução da dance music global?

Dnb era realmente algo do Reino Unido quando eu comecei, mas olhe agora, está em todo lugar e alguém como eu, do Japão, está tocando em todo o mundo. Isso é incrível.

Em Outubro você tem data marcada no Brasil para tocar na Marky & Friends. O que você pode nos contar a respeito de seu relacionamento com Marky? Ele é o tipo de DJ que toca o seu coração?

Marky é um dos meus melhores amigos e nós amamos o mesmo tipo de música. Para ser sincero, não há muitos DJs os quais eu dançaria ouvindo hoje em dia, mas ver o Marky tocar sempre me faz dançar e me inspira.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa na sua vida?

Bom, é difícil responder, mas eu sou um artista e lanço músicas, música ainda é algo pessoal e nunca me obriguei a fazer músicas que não gosto. Felizmente posso fazer músicas que gosto.

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