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A música conecta

Marco Bailey: experiência em combustão com uma mente permanentemente inovadora

Por Alan Medeiros em Entrevistas 23.10.2017

Ao longo dos anos a palavra lenda ficou batida no cenário eletrônico, principalmente pelo seu uso exagerado em tentativas de descrever artistas que, nem de longe, se encaixam nessa definição. Entretanto, alguns nomes ainda merecem receber tal honraria e dentro desse seleto hall, Marco Bailey possui cadeira cativa.

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O DJ e produtor belga pode considerado um íncone quando o assunto é a cena da dance music como um todo. Marco iniciou seus trabalhos na música eletrônica no fim dos anos 80 e desde então, se tornou uma espécie de embaixador em seu país, além de um produtor com diversos releases com sucesso global e um DJ de mão cheia. Intec, Bedrock, Kontor e Materia e MB Elektronics (seus próprios selos) são apenas alguns dos selos que Bailey tem colaborado ao longo dos últimos anos, numa sequência consistente e muito elogiada de releases.

Paralelamente aos períodos de produção no estúdio e as tours, Marco comandou o Elektronic Force, um radioshow com mais de 300 episódios lançados com convidados do calibre de Carl Cox, Alan Fitzpatrick, Umek, Joseph Capriati e Sam Paganini – milhões de ouvintes em mais de 50 países já foram impactados pelo programa. A iniciativa refletiu a preocupação do artista belga em disseminar sob diferentes plataformas e audiências a cultura musical que ele acredita – algo muito importante tanto para os mais jovens, quanto para os artistas mais experientes.

Seu próximo álbum leva o nome de Temper e será lançado semana que vem pela Materia, marca criada por Marco que já conta com oito lançamentos e uma experiência intensa em Ibiza. Nesse bate-papo exclusivo, Marco fala sobre o processo criativo do disco, cena na Bélgica, relacionamento com o Brasil e mais. Confira a seguir:

1 – Olá, Marco! É um grande prazer falar com você. Após quase 30 anos de carreira, quais foram os aprendizados mais valiosos que você obteve trabalhando com a música eletrônica?

Algumas das mais valiosas foram, com certeza, as experiências incríveis que eu tive devido a produzir e tocar música eletrônica. Eu nunca na minha vida inteira teria a chance de ver tantos países incríveis no mundo, ou nunca teria tido a oportunidade de conhecer tantas pessoas excelentes em todo o mundo se eu tivesse outro trabalho regular sem fazer música eletrônica, por isso serei sempre grato. Embora seja uma pena que em muitos casos, hoje em dia, não seja mais tudo sobre a música, mas sim sobre a imagem. As pessoas compram e seguem muita música porque é hype.

Mas você sabe… no final, é uma questão de gosto pessoal e tenho a sensação de que a música credível de qualidade está cada vez mais na imagem, então isso me traz um bom sentimento. Também há 20 anos, era quase impossível reunir entre 50 e 60.000 pessoas juntas apenas com uma linha de música eletrônica, você precisava programar apresentações de rock ou hip hop para obter essa quantidade de pessoas. Nos últimos anos foi possível apenas com música eletrônica, isso também é ótimo!

2 – Sabemos que a Bélgica possui uma cena em expansão, com grandes clubs e festivais atraindo uma multidão de jovens para o cenário. Na sua visão, esse público está pronto e preparado para consumir algo mais profundo além do puro entretenimento?

Espero que sim. Eu só vejo e posso dizer que a cena da música eletrônica está maior do que nunca, talvez no seu momento máximo. Acredite em mim, a cena da Bélgica ainda é muito saudável e equilibrada, nós temos os melhores festivais mundiais como Pukkelpop ou Dour Festival e bons clubes também. Mas o que está acontecendo em Ibiza não é tão positivo na minha opinião, os donos dos clubes estão colocando os promoters uns contra os outros como um campo de boxe, aquele que vai perder primeiro, acho que se todos nós pensarmos um pouco mais no underground e um pouco mais sobre a música, acho que o fim da estrada será melhor para todos. Sim, de fato, palavras certas como vocês escreveram “consumir algo mais profundo além do puro entretenimento”. Muito bem dito.

3 – Bedrock, Intec, Materia. Seu catálogo possui algumas peças riquíssimas lançadas por alguns dos principais selos da história da dance music. Quão importante suas próprias marcas e os principais selos foram na sua caminhada até aqui?

Sim, de fato sempre fui alguém que amou e gostou de diferentes caminhos da música, posso gostar de um disco ou faixa na Bedrock com um som mais melódico, mas também posso gostar de um techno dark mais profundo por exemplo, na Pole Group Records, ou ainda uma faixa electro na Ninja Tune, ou uma faixa ambiente, ou electronica na WARP Records.

// John Digweed na coluna Specia Series. Vem ler!

Amo muito a música e estou sempre caminhando por vários caminhos. Comecei Materia Music agora, já com 7 releases, e em breve meu novo álbum Temper também será lançado nela, e é um fluxo de sons mais techno dark para toques melódicos mais profundos também. Sem fazer música específica que pareça como todas as outras que saem nos charts.

4 – MB Elektronics e Materia. Como cada uma dessas gravadoras contribuíram para o avanço do seu lado bussiness? Ter seu próprio selo possibilitou a criação de um perfil sonoro mais individual ou você acredita que isso teria acontecido de qualquer maneira?

A MB Eletronics eu comecei em 2001, então foi há 16 anos, lançamos 150 releases e eu fiz uma pausa com ela, não um fim. Comecei Materia Music para conectar um label nos eventos existentes que já estávamos fazendo ao redor do mundo, na Espanha, Bélgica, França, Italia, Alemanha, etc.

Além disso, eu estava um pouco parado com o som na MB Electronics, então comecei algo fresco e novo com a Materia Music. Acho que um label deve ser sobre cada lançamento, um desafio e não um negócio como um banco, onde o dinheiro tem que entrar, sem importar o que o lançamento ou a música são. É claro que o objetivo é ser bem sucedido, mas a parte artística deve ser sempre surpreendente.

5 – Seu passaporte possui carimbos de diferentes países e se isso se renova todos os meses, certo? O que essas viagens te proporcionam de melhor e pior? Você já sofreu algum tipo de problema por estar constantemente fora de casa?

Música e viajar todo o mundo são a minha vida, a minha maior paixão, é a mais pura satisfação que posso me dar por dar às pessoas momentos bons na pista de dança, estou vivendo para isso. E sim, estar em tours é certamente uma parte disso. Tive experiência ruim apenas uma vez, onde um oficial de controle de fronteira realmente me segurou com perguntas bobas, enquanto eu não tinha nenhuma intenção ruim e tinha acabado de chegar no país para das às pessoas momentos ótimos e até gastar meu dinheiro. Eles deveriam gastar o tempo com casos verdadeiramente ruins, em vez de ver em cada pessoa um criminoso, é uma espécie de paranoia, eu acho. Mas estou viajando todo o mundo desde os 26 anos, foram apenas momentos INCRÍVEIS e espero que eu ainda possa continuar fazendo isso por mais 30 anos. Gostaria que, na verdade, nunca parasse, conhecer tantas pessoas incrivelmente amorosas, diversos países, lugares, culturas e ideias que eles compartilham e querem compartilhar com você na pista de dança, é fantástico.

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, chapéu e close-up

6 – Sabemos que a MATERIA além de uma gravadora é também um label party. Quais são os planos para festa em 2017 e 18? O Brasil está na rota?

Sim, com certeza, nós ainda temos sete noites esse ano. 13 de outubro na Bélgica comigo, Truncate, e mais convidados. 20 de outubro no ADE em Amsterdã com The Advent, Sterac, Rod, Moor e Marcel Fengler. 27 de outubro em Toulouse na França. 3 de novembro no Reino Unido em Liverpool. E, pela primeira vez na América do Sul, na Colômbia, mais informações em breve. Fechando 2017, 22 de dezembro a última do ano na Bélgica novamente.

Em 2018, começamos na Suiça, e sim, espero que Brasil esteja a bordo em breve também. Lembro quando toquei a primeira vez no Brasil, em São Paulo, no clube Lov.e – o Brasil tinha uma energia incrível para o techno underground, espero que eles mudem as coisas comerciais em breve para um techno mais credível e excelente novamente!

7 – Falando em Brasil, conta pra gente como foi sua última experiência por aqui.

Só toquei no D-EDGE, em São Paulo, permanece um dos melhores lugares, é claro, um clube que SEMPRE programa música boa e digna de crédito e nunca se deu em situações comerciais, para mim já é um grande estrela dourada. Gosto muito do público brasileiro,e também a sua maneira de festejar, são calorosos e cheios de energia, amei desde a primeira vez que toquei por aí.

8 – Seu próximo álbum, Temper, sairá pela Materia em Novembro, certo? Quais foram as referências utilizadas para esse trabalho?

Temper é meu novo álbum, nele não contém só techno, mas também coisas boas de downtempo, que está muito próximo do meu coração. Confiram!

9 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Felicidade e liberdade. Poder atuar como DJ e ter isso como meu trabalho, é a maior paixão da minha vida.

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