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A música conecta

Alataj entrevista Terry Francis

Por Alan Medeiros em Entrevistas 22.07.2019

Mais de 30 anos de história separam o DJ e produtor Terry Francis do início de sua aventura pela cena underground da música eletrônica e o tempo só fez bem à sua identidade artística. Depois que quase uma década de carreira ele foi consagrado com o título de “melhor novo DJ” pela extinta Muzik Magazine, da Inglaterra, em 1997 e viu sua fama atingir um crescimento astronômico nos anos seguintes, que o permitiu espalhar seu talento por diferentes partes do mundo. Nós tivemos a oportunidade de conversar com Terry sobre a carreira e suas percepções a respeito do mundo da música.

Normalmente enquadrado como um artista do tech house, Terry Francis possui uma musicalidade que desafia as rotulações de gênero e se limita apenas ao que representa sua identidade. Ele é uma das mentes por trás da gravadora Wiggle, ao lado de Nathan Cole e Eddie Richards, que completa 25 anos de atividade em 2019 e é um dos residentes da poderosa Fabric London. Em seu currículo também estão lançamentos por gigantes como Deep Phase e Toolroom. Terry é um nome de peso dentro do circuito britânico de música eletrônica e sua história confirma o porquê, confira nosso papo com ele.

Alataj: Olá, Terry! Tudo bem? Muito obrigado por falar conosco. Do prêmio de Best New DJ da Muzik em 1997 até os dias atuais. O que mudou no Terry Francis enquanto DJ?

Terry Francis: Houveram muitas mudanças quando penso nisso. Desde tocar em porões e clubs intimistas a tocar em superclubs, ser residente do fabric e tocar ao redor do mundo. Quando eu comecei não tinha riders ou hotéis de 4 estrelas — na verdade, se você tivesse sorte ganhava um drink.

Sua identidade sonora é muito marcado por uma mistura de deep house, techno e outros elementos familiares da cultura clubber. Atualmente, como você descreveria o som que toca e produz? Pra você, essa questão de gênero é realmente importante?

Eu acho que o som de um DJ deve representar suas influências e a música que ele cresceu ouvindo. As minhas foram funk, soul, 80’s electronic funk, boogie e house. Eu não fui grande fã do rótulo em que fui colocado no tech house, mas aceitei. Eu acho que quando você rotula algo, fica entre um buraco com limites. Estou tocando house, techno, breakbeat, vocais — em todo o espectro da música eletrônica. Qualquer coisa que funcione para o ambiente em que estou tocando.

Admiro a capacidade que alguns DJs possuem de contar histórias através de seus sets e, mais do que isso, de mudar completamente o rumo de uma noite. Como um DJ veterano, o que você costuma observar em outros DJs?

Admiro o DJ que consegue contar uma história a alguém – aquele que consegue entender o momento e clima da multidão. Uma vez que você faz isso, você consegue levar a pista para onde você quiser — você está no controle. Não sinta medo de correr alguns riscos e parecer um pouco estranho, deixe a sua marca e não tente parecer outra pessoa.

Você bebeu direto da fonte de uma das principais escolas da house music mundial. De que forma o Reino Unido enquanto cena impactou a forma como você se relaciona profissionalmente com a música?

Tive muita sorte de crescer na época de grandes DJs. Paul Trouble Anderson (RIP) foi a primeira pessoa que ouvi fazer um mix na DingWalls em Camden, talvez em 1986. Fui para casa praticar já que ouvindo ele consegui descobrir para que servia o pitch control e aprendi a colocar dois discos. Colin Dale e Eddie Richard também eram boas influências – não apenas seu DJing, mas sua atitude. Ambos continuam ótimos hoje… está em seus sangues. Um grande amigo e DJ Kenny Hawkes (RIP) me disse uma vez que não há necessidade de atitude porque somos jukeboxes glorificados tocando música de outras pessoas e isso me marcou.

E sobre as turnês? Você sente que isso causa prejuízos no seu tempo no estúdio? Você tem um cronograma ou uma “fórmula” que você segue para manter isso de uma maneira equilibrada?

Eu aproveito tanto um como o outro. Quando viajo e ouço música fico inspirado para voltar e produzir no estúdio. Considero produzir música muito parecido com terapia e meditação. Um acompanha o outro.

Como parte do time de residentes do fabric, quais características do club você considera mais especiais nessa jornada até aqui?

Ainda que tenha sido um choque e muito preocupante quando foi fechado pela polícia, foi fantástico quando abriu novamente por causa de protestos. O apoio, amor e respeito – vindos de todas as partes do mundo – foi incrível. As autoridades simplesmente não conseguiram ignorar. Foi reaberto puramente pelo poder das pessoas.

Celebrando 25 anos de história, Wiggle lançou um VA especial com 18 faixas. O que exatamente esse momento representa na trajetória da marca?

Tem sido incrível, quando penso nisso — são muitos anos. Acho que é uma grande conquista que alcançamos neste momento. Foi o amor pelas noites que colocamos no trabalho e as pessoas que ouvem as músicas da gravadora e aproveitam a atmosfera única nas noites durante todos esses anos. É por isso que não podemos desistir e não estamos pensando em fazê-lo tão cedo.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Música tem sido a minha vida. Não faço ideia do que eu faria sem ela… eu estaria um pouco perdido eu acho.

A música conecta.

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