Skip to content
A música conecta

Alataj entrevista Truncate 

Por Alan Medeiros em Entrevistas 06.12.2019

Conteúdo powered by BURN Energy

Mesmo tendo uma carreira estabelecida como Audio Injection, o DJ e produtor americano David Flores decidiu dar um passo a frente na sua carreira quando em 2011 criou o projeto Truncate. Nessa caminhada de quase 10 anos ele entregou ótimos releases para selos como 50 Weapons, Apotek, Blue Hour, Figure e mais recentemente EI8HT, lançando em agosto o TRUNCEI8HT

De uma forma geral, o som de David é construído para pista. Kicks pesados, linhas de baixo densas e BPMs acelerados são características frequentemente encontradas em sua música. Outro destaque são os remixes e colaborações com os quais ele já esteve envolvido. A lista é expressiva e conta com nomes como Jonas Kopp, Heiko Laux, Ben Sims e Ellen Allien.

+++ Os altos BPMs do duo YYYY vão te conquistar. Confira nossa entrevista exclusiva com eles

Hoje, mais de duas décadas após seu primeiro contato com a música eletrônica, David Flores segue reinventando-se a todo momento, tendo como espinha dorsal de seu perfil sonoro o techno, house, hardcore e acid. Frente ao seu novo projeto, seja como DJ ou produtor, Truncate se transformou em um nome no topo da lista dos artistas a se observar. 

*No mês de julho, Truncate havia uma tour agendada pela América do Sul, mas acabou quebrando seu pé dias antes de embarcar para o continente.

Agora, devidamente recuperado e com um novo arsenal de sons para compartilhar com o público, o americano chega com passagem única no Brasil, apresentado-se no D-EDGE quinta-feira (12), na MovingResgatamos o bate-papo que tivemos com ele há alguns meses para você já ir reaquecendo os motores:

Alataj: Olá, David! Tudo bem? Muito obrigado por falar conosco. Crescer musicalmente na Califórnia certamente trouxe uma grande bagagem para o seu DJing. Como você avalia esse processo hoje, mais de duas décadas depois do primeiro play?

Truncate: Olá. Estou bem, obrigado! Califórnia e Estados Unidos no geral foram uma grande inspiração para mim e ainda me inspiram hoje em dia. Acompanho muitos gêneros musicais, qualquer coisa do house, techno, jazz, hip hop, ao punk, industrial, rock clássico e até algumas músicas experimentais. Ouvir tantos estilos mantém meus pés no chão e traz ideias.

Audio Injection, sem dúvida alguma, representa uma parte muito importante da sua caminhada na música. Quais são as melhores lembranças que você possui em torno das experiências vividas com esse projeto?

Bom, quando eu comecei Audio Injection foi uma espécie de introdução ao mundo da música e de turnês. Produzi e toquei antes disso, claro, mas nunca foi algo que ocupava o tempo integral. Quando comecei, tudo era emocionante. Conhecer novos artistas, bem como alguns dos meus preferidos e trabalhar com tantas gravadoras, fazer turnês pelo mundo… foi tudo muito surreal. Até hoje me considero sortudo por poder fazer o que faço.

Modeselektor, Ben Klock, Marcel Dettmann, Chris Liebing, Speedy J e Josh Wink estão entre os nomes que já deram suporte a sua música. Qual é o sentimento que domina quando você descobre um novo apoio de artistas como esses?

No começo eu mal conseguia acreditar. Ainda fico animado quando ouço artistas que eu gosto tocando minhas músicas. Você cresce ouvindo esses caras e, de repente, eles estão tocando suas músicas, você está dividindo line ups com eles, você trabalha com alguns deles e até se torna amigo de alguns deles. É um caminho bem louco!

Alguns de seus trabalhos mais emblemáticos como Truncate foram feitos como remixer. Você se sente confortável nesta posição? Olhando mais pelo lado poético, como é toda essa coisa de recriar uma obra já existente?

Estou definitivamente confortável enquanto remixer. Adoro pegar a ideia de alguém e torná-la minha. Nem sempre é fácil, mas também gosto de um desafio. Compro e ouço tantos discos, gosto de fazer meus próprios edits pessoais.

https://www.youtube.com/watch?v=zDATPgi0ZbI

Quando estamos falando de música em alto nível, certamente a consistência é um ponto a se debater. Como você busca manter o nível tocando e produzindo um som tão dinâmico e inovador?

Para ser sincero, apenas continuo fazendo o que eu gosto. Não me considero inovador. Eu gosto do que gosto, toco e produzo o que gosto. Nem sempre é bem recebido, mas tenho muita sorte de receber tanto apoio de DJs e fãs. Construí um som para mim mesmo, talvez não de propósito, mas estou feliz que tenha acontecido assim [risos].

Em agosto você lançou um EP marcando sua estreia na EI8HT. De alguma maneira você pensa na estética sonora de um trabalho antes de começar a produzi-lo ou o processo é mais orgânico? Como foi neste caso?

Na maior parte do tempo é orgânico. Geralmente vou ao estúdio e bagunço tudo até sair algo que eu goste. Raramente eu vou com uma jogada certa. Claro, às vezes terei uma ideia na cabeça que tentarei recriar no estúdio, isso acontece. Nesse EP especificamente, fui inspirado pelos discos antigos de User e Utility Plastics. Achei que esse estilo funcionaria bem com a gravadora e seria universal. Podem ser úteis em sets de technos, bem como em sets de house e tech house. Qualquer que seja a sua fantasia. Quando enviei as ideias para Dan (Eats Everything), ele ficou super animado com as faixas, o que me deixou muito feliz e aqui estamos agora.

Clubs undergrounds ou grandes festivais: qual dessas duas pistas oferece a você um ambiente mais acolhedor?

Definitivamente os clubes. Você consegue se conectar mais com a pista. Você pode correr mais riscos e fazer sets mais longos. Festivais podem ser divertidos às vezes, mas você sempre tem que atender a um grande público e precisa mantê-los constantemente para que não fiquem entediados. É difícil ir a um festival e se perder na música como você faria se estivesse em um clube pequeno e escuro. Os DJs de festivais continuam mudando, eles não conseguem contar sua história e levá-lo a uma jornada, sempre com grandes quebras e mãos para cima, não acho que sempre tenha que ser sobre isso.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Música é a minha vida e tem sido assim a minha vida inteira. Para mim, música é como comida, preciso dela para sobreviver.

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024