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A música conecta

Alataj entrevista Vitor Jesus [Music Lab]

Por Alan Medeiros em Entrevistas 12.06.2018

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Embora a música eletrônica esteja presente em todos os cantos do país, é inegável que ela seja mais forte e constante no eixo Sul/Sudeste. Entretanto, outros estados do Brasil estão evoluindo nesse sentido e não somente com um maior número de festas e DJs atuando de forma positiva. Assim como em outros meios a educação é indispensável para conquista dessa tal evolução.

Vitor Jesus e seus sócios estão desenvolvendo um trabalho bastante relevante com a Music Lab, escola focada no ensino de atividades ligadas a música eletrônica que se tornou referência na região e é uma das poucas com licenciamento oficial da Ableton no Brasil. A grade de cursos é formada por discotecagem, produção musical, mixagem, masterização, teclado e musicalização. Todos os professores da escola são certificados com um treinamento de calibre internacional.

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Após um contato inicial no BRMC desse ano, conversamos com Vitor sobre os principais desafios da Music Lab até aqui, assim como alguns pontos importantes de sua jornada frente ao projeto. Confira abaixo:

Alataj: Olá, Vitor! Tudo bem? Você é um dos poucos professores licenciados pela Ableton no Brasil. Como foi o processo pra conseguir essa liberação? Quais vantagens os alunos da Music Lab, tem com isso?

Olá Alan, tudo bem sim e com você? Pois é, é um privilégio falar ao Alataj, e também possuir a certificação como professor e o respaldo, de uma empresa tão conceituada no mercado musica como a Ableton. Antes de ser certificado, eu já produzia há 10 anos, já ministrava cursos de produção há 5. O processo de certificação de professores da Ableton no Brasil ocorreu em abril de 2011. Houve uma seleção que aconteceu em duas etapas, onde segundo a informação que obtive na época, uma média de 80 candidatos se inscreveram enviando um vídeo lecionando um tópico sobre o Live. Desses 80, 12 foram selecionados para uma segunda etapa de avaliação, onde todos passaram por uma sabatina em que os assuntos sobre a plataforma foram abordados e, logo após disso, 6 candidatos receberam a oportunidade de serem avaliados pessoalmente por uma equipe da Ableton de Berlim. Eles nos deram capítulos do manual para transformarmos em aulas e apresentarmos pessoalmente a eles.

Como se tratava de uma avaliação de professores, e não de usuários, eles levaram em consideração a profundidade de conhecimento da plataforma, nossa capacidade didática de transformar temas do manual em aulas concisas e fluidas, o uso correto das terminologias, transição de temas, e é claro: nossa comunicação. Não foi um processo tão simples, mas essencial para garantir a qualidade didática dos professores. Hoje, dos 6 certificados naquela época, poucos têm lecionado ou levado essa experiência para sala de aula. A grande vantagem que os alunos da Music Lab tem com isso é o fato de eles aprendem dentro de um processo didático altamente eficiente, e que passou pelo “processo de qualidade” da própria empresa que desenvolveu a plataforma. Com isso o futuro produtor ou candidato a aluno, não fica vendido na hora de escolher onde aprender sobre produção com qualidade.

Quais são as vantagens e desvantagens de estar estabilizado em Goiânia, uma cidade fora do principal eixo da música eletrônica nacional?

Pensando nas vantagens, Goiânia não é uma newcomer na musica eletrônica, ela já possuí uma história com os grandes festivais de psytrance, clubs memoráveis como a antiga e pioneira Pulse do conhecido e grande DJ André Pulse, onde contava com residência de icones como Marky, Rica Amaral, Anderson Noise e outros gigantes da história da musica eletrônica. Também de sua sucessora, a icônica Fiction.

O legal é que essa cultura da música eletrônica ainda continua viva na cidade e com grande perspectiva de crescimento. A cena Psytrance está caminhando a todo vapor com festas como a Hipnotica, Tranceformation, Playground e dentre outros coletivos ascendentes. Possuímos nomes fortes do cenário nacional aqui da região como Illusionize, Alok, Bhaskar, Visage, Victor Lou, AUDIO TAPE e outros. Todos saídos daqui. Pessoas importantes do Techno, como nossos amigos da Nin92wo encabeçada pelo DJ e produtor Alex Justino, que movimentam e fomentam a cena do Techno na região.

Poderia citar muitos outros nomes que vejo como grande vantagem serem daqui, mas o bacana é que esse pessoal tem dado muito folego, e despertado interesse da nova geração, onde muitos não querem só consumir, mas também colaborar, construir e fazer evoluir a cena da música eletrônica por aqui. Com isso, muitos novos produtores, DJs têm surgido na região. Além disso, Goiânia é centro comercial, e de referência em muitos aspectos, não só para o Centro-Oeste, mas também para regiões importantes do Norte e Nordeste do Brasil.

Como desvantagem, creio que hoje enfrentamos problemas que muitas regiões enfrentam quanto ao mercado da música. Mas de maneira particular, uma questão que as vezes impede a expansão da cena eletrônica nessa região é o fato de que muitos ainda só conseguem enxergar Goiânia como “a terra do sertanejo e de mulheres bonitas”, essa visão vendida pelo Brasil a fora, apequena e muito o potencial que nossa região possuí em outros nichos musicais cheios de talento, assim como é na musica eletrônica. Além do fato de estarmos no centro do país, onde a logística e os processos de acesso são mais dificultosos em alguns aspectos;

Um dos lemas de vocês é o #MusicaNaPrática, certo? Através de quais ações vocês buscam incentivar os alunos da Music Lab a praticar o que é ensinado na teoria?

Esse lema traduz muito do que nós acreditamos. Nos preocupamos muito com a teoria, mas a prática tanto em sala de aula quanto fora dela é necessária e incentivada de várias formas por nós. Isso acontece tanto promoção de networking entre os próprios alunos para que eles passem a colaborar uns com os outros, quanto nas oportunidades criadas pela Music Lab para que na escola ou fora dela (em clubs e eventos) alunos desenvolvam seu trabalho em busca de um amadurecimento saudável, com a técnica necessária sendo praticada no ambiente/equipamento necessário para esse desenvolvimento.

Como vocês avaliam o atual momento da cena eletrônica de Goiás? De que forma a Music Lab tem impulsionado esse cenário?

Acredito que estamos em um momento de mudanças aqui no estado, ao mesmo tempo em que a cena psytrance volta com muita força e com um publico grande, essa nova geração de produtores do centro-oeste e a valorização dos artistas brasileiros em geral, têm estimulado o publico local a se voltar novamente para musica eletrônica.

Como educadores e formadores de opinião, o papel da Music Lab é fomentar direcionar, educar e facilitar o acesso a informação para esse público. Para isso, desenvolvemos workshops de discotecagem e produção, facilitamos o acesso do publico aos artistas, profissionais e a marcas com rodas de bate papo, reviews, além da possibilidade da galera ver na prática o processo de trabalho de artistas já estabelecidos.

Temos também uma convenção chamada COOLLAB que através de painéis interativos e workshops, educa o mercado através da participação de profissionais renomados na cena nacional, e tudo com o foco não só em crescimento, mas também no amadurecimento e união entre os profissionais da cena local.

Atualmente, quais são os principais cursos disponibilizados pela Music Lab? Há planos para novas temáticas num futuro breve?

A music Lab oferece hoje, cursos de DJ que vão desde dos fundamentos até técnicas avançadas de discotegem, cursos de produção de musica eletrônica com módulo introdutório e avançado ministrados por um Ableton Certified Trainer, Curso de Mixagem e Masterização e curso de Teclado voltado à produção musical.

Além dos cursos, oferecemos coach de DJ e produção, e estamos lançando cursos rápidos de imersão à assuntos variados como, especialização em gêneros musicais, síntese sonora e sound design, gravação e processamento de voz, e muitos outros que virão. Tudo isso acontece em uma das melhores estruturas do Brasil no segmento.

Entre os assuntos abordados, quais são os campeões de audiência frente ao público?

Ahh [risos], certamente a produção de musica eletrônica tem despertado muita gente, tanto leigos, músicos, DJs, tem lotado nossas turmas mês a mês. O curso de DJ é claro nunca deixará de ter uma grande procura, mas tem nos impressionado o interesse da galera por produção musical.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que música representa em sua vida?

Pergunta difícil. A resposta é quase transcendental, mas quando me imagino em um mundo sem música, é como se eu perdesse um dos meus sentidos mais importantes. Ao contrário do que muita gente diz por aí, a música não é a razão da minha existência, mas é umas das coisas que dão sentido, cor, alegria a ela. Ela serve de combustível em muitos momentos pra seguir em frente em um mundo tão complicado como é o nosso.

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