Mais de dez anos de atuação na cena eletrônica nacional e Lucas Arr segue inovando e trazendo vitalidade, versatilidade e criatividade aos seus projetos, seja ele o ARR (BR), seu projeto solo, ou a frente do núcleo ROOM NOISE, fundado em 2012 e da label Thousand, em 2014 — que têm sido essenciais no fortalecimento do cenário da dance music do Centro-Oeste. O artista despontou exatamente por se mostrar como um agente disposto a agregar, carregando um amor e dedicação latentes pela música eletrônica, que resultaram em uma nova visão ao mercado.
Sua ascensão começou no D-EDGE, sendo um dos residentes da tradicional festa de quinta-feira, a Moving, além de ter sido agenciado pela D.Agency por quatro anos. Esses movimentos foram essenciais para que ele se encontrasse na cena, entendendo seu propósito de solidificar não só sua carreira e projetos pessoais, mas também em movimentos culturais, eventos, lançamentos e mais. Esses objetivos se alinharam à ROOM NOISE e Thousand, levando a se consolidar ainda mais como um player importante.
Nesta jornada, ARR (BR) construiu um currículo de peso, que se destaca por suas performances em espaços de grande expressão como o Universo Paralello e no Carlos Capslock, remixes e suportes de nomes como Vintage Culture, além de palestras em eventos renomados do meio como o Rio Music Conference (RMC) e no FNAC de Música Eletrônica em Brasília.
Em paralelo, seus projetos coletivos também se solidificaram, com o núcleo trabalhando com artistas como HNQO, Zopelar, Tessuto, Alex Justino, Morganna, Hosben, MURÇA e mais, enquanto o selo se estabelecia como referência no Centro-Oeste. A propósito, foi pela label que ARR (BR) apresentou seu mais recente trabalho, o EP Fresh Liver, que traz quatro faixas que demonstram sua habilidade de fundir abordagens sonoras complexas e distintas, passeando pelo Techno, Electro, House e Break com maestria. O lançamento é uma parceria com Gultto e traz duas faixas originais, além de duas faixas alternativas, o qual exploram novas perspectivas.
Com uma trajetória tão marcante e cheia de nuances, convidamos ARR (BR) para este volume da 15 to understand:
Alataj: Você se enxerga produzindo, tocando e viajando com a música até o fim de sua vida?
ARR (BR): Sim, mesmo que a vida me dê outros caminhos, estarei sempre com a alma na música e pronto para repetir tudo.
Qual é o lado ruim de uma carreira na música?
O desgaste emocional e a conciliação com a vida pessoal. O lado de muitos.
Qual o maior desafio que a música já te trouxe?
Vários, mas o maior é o desafio de acreditar nela todos os dias para poder continuar vivendo um pouco (ou muito) desse sonho.
A indústria da música vive um momento saudável?
Na minha opinião, sim. Nunca houve tanto espaço na cena, tantos eventos, tantos núcleos, devemos aproveitar.
Fale um pouco sobre o que você considera mais relevante: uma grande ideia ou uma rotina disciplinada de trabalho?
A grande ideia pode vir durante a rotina disciplinada de trabalho.
Qual é o momento ou conquista mais importante da sua carreira até aqui?
Ter me consolidado e ser visto pela maioria como produtor musical e DJ.
O que torna um set realmente inesquecível para o artista e para o público?
Na parte técnica, a pesquisa musical, a pesquisa sobre o evento, a preparação do set e a leitura de pista são sempre muito importantes para isso acontecer, mas tem outros pontos que não posso deixar de citar como a estrutura do evento (soundsystem etc), energia do público nos sets anteriores ou no evento em geral, a vibe do artista antes e durante a apresentação e mais, ou seja, um pouco de tudo. Faça sua parte.
Qual a sua opinião sincera sobre pirataria digital?
Minha sincera opinião é que de alguma forma isso anda de mãos dadas com nossa cena atual e isso é fato. Sabemos dos prejuízos, mas sabemos também a importância que a pirataria tem para a divulgação do artista.
Como encontrar o equilíbrio entre autenticidade e as tendências da indústria?
Antes de tudo tentar ser você sempre. Estude, pratique, use, siga algumas tendências, mas não deixe a personalidade fugir da sua arte.
Ao fim da sua carreira, como você quer que as pessoas lembrem da sua arte?
Quero que lembrem da minha arte como a arte de uma artista apaixonado pelo que fazia, que sempre mostrou seu interior e seus sentimentos mais profundos nos seus trabalhos. Um artista que experimentava tudo ao seu redor e acreditava que a música e a arte não tem limites.
Como você descreve a jornada de evolução de seus trabalhos na música do mais antigo ao mais atual?
Evoluo e aprendo todos os dias. Vejo meus trabalhos antigos como um objeto do tempo, existe, foi construído, teve seu momento, seu porque, teve seu marco ou suas consequências, mas também me trouxe um caminho. Considero essa evolução musical bem percorrida, mas constante…
Qual foi a grande lição que você aprendeu ao longo de sua carreira?
Saber lidar com frustrações e ter paciência foram algumas das grandes lições.
Como você vê a relação entre sua identidade pessoal e sua identidade como artista?
Acho que as duas interagem naturalmente, poucas vezes ou quase nenhuma vejo um conflito mental no que eu quero transparecer como artista contra meu pessoal, coloco 90% do que sou no meu trabalho.
O que te causa orgulho em relação ao trabalho/música?
Conexão, a pessoas e lugares que conheci nesse lado, uma das coisas mais importantes, levo para a vida.
Qual é a importância da colaboração com outros artistas em sua criatividade?
Aprender, ter outras perspectivas, enxergar com o olho do outro, isso ajuda a expandir os limites das criações, eleva o nível autocrítico e ajuda a lapidar nossa arte.
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A música conecta.