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A música conecta

Alataj entrevista Risa Taniguchi

Risa Taniguchi é a mais nova revelação do cenário underground do Japão, uma menina-mulher que definitivamente, se você é fã de Techno, precisa acompanhar de perto. A artista possui formação em música clássica, é uma grande fã de Beethoven, Mozart e Chopin e sabe tocar trombone, violino e piano, sendo este último quase que uma terapia diária, fazendo parte de sua vida desde a infância. 

Mas sua música não é nada leve, e sim pesada e obscura, características sonoras já atestadas por labels como Suara, Polymath e a gigante Second State, por onde lançou seu mais recente EP, How We Dance Again. Além disso, ela participou no último domingo (19) do D-EDGE Live Festival, fazendo um set bem acelerado diretamente de seu home studio. Conheça um pouco mais de Risa nessa entrevista exclusiva.

Alataj: Renovação. essa é uma palavra que está presente constantemente no cenário da música eletrônica. Você é uma das novas caras que a cena japonesa revelou nos últimos dois anos. O que motivou você a iniciar uma carreira na música e em que momento você viu que seu nome estava começando a ganhar destaque internacional?

Risa Taniguchi: Já faz dez anos que sou DJ e decidi enviar demos para algumas gravadoras internacionais alguns anos atrás. Quando cheguei nos dez anos de carreira, me perguntei do que me arrependeria se morresse no outro dia e a resposta foi que eu queria muito tocar ao redor do mundo. Produzir música para mim, como japonesa, vivendo em um país distante da Europa, foi a forma que encontrei para conseguir interesse de fora.

Vimos que você tem formação musical clássica. Conte um pouco sobre seu background na música e como você transfere esse estilo de som para o Techno que você toca e produz atualmente?

Sim, meus pais ficaram muito surpresos quando comecei a sair para clubs [risos]. Comecei a tocar piano e alguns outros instrumentos na infância. Toco piano até hoje como rotina diária, então diria que a música clássica sempre terá um espaço na minha vida, ao invés de transferir para o meu estilo. Para mim, a música clássica é muito mais importante para manter meu estado mental estável e continuar sendo o que sou do que para inspirar meu som. Quando eu produzo Techno e fico pilhada, escuto um pouco de música clássica.

https://www.youtube.com/watch?v=JreXTmvcvTQ

Você vem de um lançamento recente pela Second State, How We Dance Again. Todas as músicas foram produzidas durante este momento de pandemia, certo? Fale um pouco sobre o processo de construção do EP. Além da música, o que mais te inspira no momento da criação? 

Sim, todos as faixas do EP foram criadas do zero após a pandemia começar. Quando percebi que teria que passar um bom tempo no meu pequeno espaço, eu quis ter um objetivo específico para permanecer positiva com a situação. Eu já tinha lançado alguns singles com a gravadora na época, mas ainda não tinha conseguido fechar um EP. Por isso, pensei que seria ótimo se eu conseguisse atingir isso durante a minha quarentena. Enviei algumas demos e todas as vezes eram rejeitadas – e eu estava desesperada para lançar um EP. Continuei refletindo os feedbacks nas minhas produções futuras. A ideia de ter uma faixa grande no EP foi o meu principal foco durante a produção. Finalmente, produzi a faixa título How We Dance Again e eles aceitaram.

Aqui do Brasil, Temos acompanhado a cena japonesa voltando aos poucos, com alguns clubs reabrindo e eventos open air também acontecendo. Através da sua ótima mais profissional, você acredita que os artistas locais terão mais importância neste momento?

Estamos voltando lentamente à vida noturna normal, como era antes da pandemia, mas o número de infectados ainda cresce. Estamos oferecendo as melhores medidas de prevenções possíveis para os locais, como a verificação obrigatória da temperatura do público e controle de entrada, por exemplo. Isso significa que não podemos receber o mesmo público que antes, então os locais e DJs ainda estão sofrendo com a redução de renda. Espero que tenhamos uma vacina o quanto antes e assim todos nós poderemos dançar em uma pista cheia e suada novamente.

No último domingo você fez uma transmissão como parte do D-EDGE Live Festival. O que você conhece a respeito da cena do Brasil?

Meu primeiro EP em uma gravadora internacional foi com a Clash Lion, a qual os head labels Daniel Watts e Terr são brasileiros com uma bagagem musical incrível. Também há alguns festivais brasileiros em Tóquio. Tenho a impressão de ser um país em que as pessoas amam dançar por natureza e têm um bom senso rítmico. Aliás, obrigada por me receberem no seu festival essa semana!

A música conecta.

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