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A música conecta

Faixa a Faixa | VA – World End I [Neuter Records]

Por Ágatha Prado em Faixa a faixa 11.12.2020

Se para muitos a quarentena está sendo um período de estagnação, para Matheus Bruch aka Brüc os últimos tempos tem lhe rendido bons frutos produtivos, em especial o nascimento da sua mais nova gravadora, Neuter Records. Somando grande experiência no universo da música eletrônica como artista, a nova empreitada de Brüc como label manager chega para agregar um combo de riqueza e diversidade sonora, traçados entre as nuances das esferas de estéticas minimalistas. Ao seu lado, Guilherme Custodio também tem colaborado na execução das ideias, principalmente na parte de referências e visão artística.

Abrindo alas para os trabalhos da gravadora, o VA World End I apresenta uma reunião de 7 artistas com múltiplas visões e personalidades, que através das subvertentes do Minimal entregam uma forte conexão entre as faixas, desenhando leveza, vigor e profundidade. Com assinaturas de Nocnic, Jack Cheler, Guimas, Brüc, Arthus, Arthur Dutra e Bksrr, o VA traça o que está por vir nos próximos lançamentos da Neuter Records. 

É válido também destacar a identidade visual da marca, que utilizou apenas de recursos primários. Com grande referência na escola de Bauhaus, ela busca transmitir de forma objetiva toda a proposta da Neuter. O logo é composto em uma grade de 6×9, utilizando apenas formas geométricas básicas para a escrita do nome, já as cores utilizadas foram apenas azul, amarelo e vermelho, que são as cores primárias, e a partir delas são formadas todas as demais. 

Nocnic – Neural | Ela tem um significado especial para mim, é a minha primeira track lançada oficialmente e quis extrair um feeling puro, bruto e sem lapidação. Por isso, optei por me deixar levar totalmente pela minha intuição. Durante o processo criativo da track, o sentimento predominante foi o de saudade de uma boa festa. Pensei em tentar expressar essa saudade do “peak time” de uma pista cheia, mas não queria algo assim tão óbvio. O que eu acabei expressando em Neural foi a saudade que sinto da ‘calmaria após a tempestade’. O fim da festa, o ‘come down’ de toda a loucura da noite, a volta pra casa, o banho reflexivo, até finalmente o sono difícil, ainda absorvendo toda a experiência e aquilo que significa o retorno à monotonia da realidade. Tudo isso, sabendo no fundo, que vivenciei uma noite memorável. Esse processo criativo guiado puramente pelo meu feeling, resultou numa track mental e conceitual.

Bksrr – Uncontrollable Feelings | Foi inspirada na vivência de momentos ingovernáveis, onde apenas se foi sentindo, progredindo e intensificando. A mistura dos beats traz a harmonização hipnótica das texturas que demonstram a prosperidade e coadunação das percussões presentes tornando algo intenso e duradouro. Inspirado na música concreta, a faixa possui elementos de fragmentos de sons naturais e industriais trazidos por fundadores franceses, italianos e chineses, tornando a faixa ainda mais curiosa e acentuada.

Arthur Dutra – Lex Populi | Foi um dos processos criativos mais legais que tive nos últimos tempos. Há algum tempo eu tenho o hábito de samplear trechos de séries, filmes e discursos que estejam me inspirando no momento. Na época que produzi essa faixa eu estava assistindo novamente uma das minhas séries favoritas, Sherlock Holmes. O vocal e alguns samples foram extraídos dela. Depois de recortar e tratar os trechos que mais me interessaram, construí a track ao redor disso. Foi bem divertido!

Arthus – Espaço e Tempo (Original Mix) | Meu um workflow começa sempre pela bateria, é o meu ponto forte. Invisto bastante tempo na montagem dela, após isso, trabalho um pouco as percs para deixá-las soando ‘modulares’. Em seguida fiz a linha de baixo, que é forte e mais loopado com um saturador para dar aquela aquecida, a linha melódica foi feita em camadas, com vocoder recebendo sinal de alguns synths e transformando em pergunta e resposta elementar. Finalizei com um vocal com flo, gate e reverb.

Guimas – New House | Traz algumas características da timbragem do Minimal House, junto com o swing do Tech. A linha de baixo que perdura durante a faixa toda é sempre bem aparente, ditando ritmo da faixa. Os chords e os stabs sempre em conexão entre eles, brincam entre si e algumas vezes acompanhada de um elemento percussivo.

Jack Cheler – Acid Monday |  Eu procuro usar sempre novas técnicas para criar minhas faixas, formas diferentes de mostrar os mesmos sons, ocultando um pouco do que já foi visto para sempre trazer alguma novidade. Com isto eu vivo em constante mudança nas faixas, acho que ainda não me encontrei em um modo específico ou “fórmula” pode se dizer. Nesta faixa não foi diferente, acabei dando uma pitada mais Acid e elevando a track para uma pista mais dançante e viajante, usei também alguns elementos mais elétricos, acredito que esta e uma característica  que sempre tem em minhas faixas, sons, ruídos, efeitos que fogem da rotina que todos estão acostumados a esperar e por isto o nome Acid Monday!

brüc – Second Live | Essa criação foi especial pra mim, consegui utilizar meus equipamentos externos para criar bateria, baixo e pad, e o ‘piano’ foi improvisado com vst, foi a segunda faixa que consegui criar dessa forma. Gosto dessa conexão que se cria entre o hardware e produtor, a composição se torna intuitiva e prazerosa, ainda estou limitado de equipamentos, mas como uma boa parte do pessoal, sonho em ter aquela mesa igual uma nave espacial. O bom de ter uma limitação é extrair o máximo daquilo que se tem, que é o trabalho constante feito em estúdio, espero que gostem!

A música conecta.

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