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A música conecta

Papo de Estúdio | A música eletrônica está cada vez mais orgânica

Por Danilo Bencke em Papo de Estúdio 30.03.2021

De uns tempos para cá tenho percebido uma certa migração dos músicos e instrumentistas para a música eletrônica. Certamente inspirados por nomes da cena como FKJ, Monolink e outros que se utilizam do software para criarem suas músicas e performances ao vivo.

Dito isso, podemos perceber também que a própria Ableton está vendo este movimento e tem se atualizado cada vez mais para atender o novo público. Digo novo porque, em sua grande maioria, os alunos de produção musical – pelo menos que eu tenho contato na AIMEC e cursos online – eram DJ’s que desejam se tornar produtores. Hoje, cada vez mais, temos músicos e instrumentistas que querem aproveitar suas habilidades e talentos não só para fazer música, mas também para se apresentarem ao vivo.

É justamente nesse ponto que percebemos a maior evolução do software na versão do Ableton Live 11, recém-lançado. Um exemplo disso é a função de Follow Tempo. Se pensarmos em um músico tocando na banda, ele irá facilmente se adaptar a qualquer ritmo e tempo de acordo com cada música, para ele, seguir o tempo é algo natural. Já para o software isso era um pesadelo, trocas de BPM ou tempos que não são exatos (como um baterista tocando) podiam atrapalhar a performance de qualquer um tocando com o Live.

Entretanto, com a nova função de “seguir o tempo”, o Ableton Live consegue identificar o tempo de uma faixa e se adaptar a ele de maneira quase que instantânea, o que torna muito mais fácil a interação do software em uma performance ao vivo com uma banda ou até com outro DJ. Antes, os outros tinham que se adaptar ao tempo do software, agora ele também é capaz de se adaptar ao tempo dos outros. Assim, a apresentação pode ser elevada a um outro patamar, já que a barreira da sincronização do tempo da música é eliminada.

Sendo que esta é apenas uma das novas funções do Live 11, outras também são muito bem-vindas, como as novidades do Follow Action, que permitem muito mais possibilidades no disparo de clipes, o que na prática permite criar arranjos mais envolventes, com maior facilidade de encadear os clipes em uma sequência interessante para criar sua música ao vivo. Construir um arranjo em tempo real de maneira dinâmica é algo essencial para que a performance não fique monótona, demorando muito tempo para as coisas acontecerem, principalmente quando tem apenas uma pessoa tocando. Por isso essa função é tão interessante.

Outras atualizações também facilitam a vida de quem está controlando o software no palco, como as melhorias no racks e adição de snapshots. Os racks agora podem ter até 16 macros, que são knobs mapeáveis que podem controlar mais de um parâmetro ao mesmo tempo, ou seja, é possível fazer diversas modificações com apenas um knob, o que ajuda muito na dinâmica do desenvolvimento da música. Além disso, o snapshot permite tirar uma foto da posição dos knobs para poder voltar rapidamente a qualquer momento. Função excelente para fazer um subidão radicalizando os timbres e voltar ao normal no drop rapidamente.

Em suma, o Ableton Live parece estar acompanhando a tendência de termos cada vez mais músicos e instrumentistas, de diversos gêneros, migrando para o software e para a música eletrônica, o que deve enriquecer ainda mais nossas playlists, além de termos cada vez mais performances orgânicas e inovadoras.

A música conecta.

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