A jornada dupla de trabalho não é exatamente uma novidade para a atual geração. Seja por necessidade financeira ou pela necessidade de combinar diferentes preferências profissionais, pessoas de todas as partes do mundo acabam por desenvolver habilidades que resultam em ocupações e trabalhos diferentes – às vezes completamente distintos.
Dentro da economia criativa isso é bastante comum na verdade. Designers redatores, editores de vídeo produtores de evento, DJs gerentes de mídias sociais. A lista é bem longa e quando se encontra o equilíbrio geralmente o resultado é bem positivo. As combinações entre diferentes universos profissionais são menos comuns, mas ainda sim bem observáveis dentro da nossa cena. DJs/produtores que durante o dia são advogados, gerentes de investimento, donos de empreendimentos que nada tem a ver com a música. Há vários casos em que essa estabilidade profissional fora da música ajuda e muito o desenvolvimento de uma carreira artística.
No mundo esportivo isso também acontece, em menor número com os atletas de ponta, é verdade. Embora esse perfil de atleta geralmente tenha a vida financeira estável e bem resolvida, muitas vezes uma paixão pode falar mais alto, e é aí que a dupla jornada acontece. Ronaldo, o nosso fenômeno dos campos, passou a investir e trabalhar com diferentes business antes de pendurar a chuteira e hoje é um empreendedor com negócios distintos coexistindo. A australiana Ashley Barty de 25 anos, já ganhou um Grand Slam em duas ocasiões – França e Inglaterra -, é atual número 1 do mundo no ranking da WTA e também atua profissionalmente como jogadora de críquete. Também do tênis vem o exemplo que dá título e vida a este Storytelling.

Stefanos Tsitsipas é um tenista grego de 23 anos que atualmente ocupa a posição 4 no ranking da ATP, que mede o desempenho dos melhores jogadores do mundo. Tsitsipas já é o tenista da Grécia com a melhor posição alcançada na história. Seu estilo de jogo é conhecido pelas características plásticas e ofensivas, que incluem um backhand de uma só mão e uma melhor atuação sobre o saibro. Foi justamente nessa superfície em que ele conquistou dois dos resultados, que fizeram de 2021 o melhor ano de sua carreira até aqui: título no torneio de Monte Carlo da série Masters 1000 e a final do tradicional Roland Garros, onde foi derrotado por Novak Djokovic.Stefanos também é o tenista mais jovem da história a conseguir derrotar todos os membros do chamado Big 3 – Federer, Nadal e Djokovic. Ele conseguiu tal façanha em 2019, aos 20 anos de idade.
Apesar da carreira de sucesso dentro das quadras, Tsitsipas também tem encontrado tempo e inspiração para produzir música eletrônica. Em algumas entrevistas, ele já havia mencionado sua paixão pela música, a qual considera ser um espaço onde as pessoas podem reforçar suas identidades. Seus primeiros lançamentos nas plataformas digitais aconteceram no começo deste ano. O debut foi o single My Affection For You, que já soma mais de 70 mil plays no streaming.
Sua identidade musical, ao contrário das quadras, é mais amena e relaxante. Tecnicamente falando, se encontra em algum lugar entre o Hip Hop Chill Out e o Ambient Experimental, e em algumas ocasiões, com um toque Lo-Fi. Não é absolutamente avançado, mas está longe das primeiras camadas da música eletrônica, o que chama a atenção, visto a necessidade de tempo que uma carreira na música necessita para que um artista comece a alcançar seus melhores resultados.
Para um profissional jovem e bem sucedido no mais alto nível esportivo, como é o caso de Stefanos Tsitsipas, lidar com a pressão é um dos desafios mais complexos que se pode ter. Há uma cobrança enorme por resultados, e por lidar com todos os problemas esportivos que seus adversários e uma quadra de tênis podem fornecer. Provavelmente a música nunca ocupará a mesma posição e nível de importância que o esporte tem em sua vida, mas certamente é um escape, um ponto de equilíbrio que o grego pode acessar sempre que precisar se conectar com o mundo de uma forma diferente e absolutamente genuína. Até então ele tem feito isso muito bem.
A música conecta.