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A música conecta

Alataj entrevista Bernardo Campos

Por Isabela Junqueira em Entrevistas 28.01.2022

O ambiente cultural ao qual um artista emerge, pode ou não influenciar seus caminhos musicais, mas no caso de Bernardo Campos, o multiartista transmite com facilidade esse background através de sua música e projetos. O carioca soma à House Music, a tropicalidade carioca que se forma a partir do acréscimo de grooves e o uso de vocais em português. A faixa Desejo é um excelente exemplo da estética que move Bernardo na produção. Apenas no ano passado, Campos entregou 25 faixas que permeiam texturas mais refrescantes do House — e você pode conferir algumas nessa playlist montada pelo próprio produtor.

A capacidade de conduzir a um passeio entre um campo florido de sonoridades tropicais é digna de produtores que genuinamente mergulham em suas raízes para a geração de trabalhos contemporâneos que as respeitam. Assim, Bernardo Campos vê na ebulição cultural carioca não só uma fonte de referências, mas também um cenário merecedor de vivências. Por isso, ao lado do time da Festa Rara, movimenta a Cidade Maravilhosa levando ícones da House Music para embalar algumas das famosas paisagens, como o Morro da Urca e a referência unânime em recepcionar momentos inesquecíveis, o Circo Voador. 

A label carioca Underdogs, a Pato com Laranja e a Molotov21 são alguns dos outros projetos em que o carioca está diretamente envolvido. O Nu Azeite é o ponto de fusão da criatividade de Bernardo Campos e Fábio Santanna, onde lado a lado, o duo mergulha nas timbragens boogie com energia e musicalidade — aptidão que os cariocas dispõem como ninguém. Com a carreira fervilhando por todos os lados, convidamos Bernardo Campos para uma conversa informal sobre todos esses projetos. Confira o retorno do produtor ao Alataj!

Alataj: Olá Bernardo! Obrigada por topar bater um papo conosco novamente, agora em outro momento. Se um leigo te perguntasse em quais pilares você baseia sua atuação musical (em todas as esferas), como você explicaria?

Sou acima de tudo um DJ. Esse é meu pilar principal. Dentro desse contexto vem um monte de outras coisas, mas se eu pudesse me descrever seria assim, sou um DJ. 

Fica nítido o quanto o contexto cultural carioca que te cercou, influenciou em seus projetos. Como é a sua relação com o Rio de Janeiro? Atualmente, você se enxerga como um fomentador da cultura carioca?

O Rio é meu berço e daqui saem quase todas as minhas inspirações. Aquele clichê de saber a “dor e a delícia” se aplica demais no Rio de Janeiro já que somos um misto de belezas naturais com caos urbano. Só daí já se tem uma fonte de inspiração enorme, fora as vivências, amores e dores e a história musical da cidade, terra de tom, terra de Vinicius. 

Sobre ser fomentador da cidade, sim me considero uma peça importante hoje em dia dentro do meu segmento que é pequeno mas é um sólido movimento musical. São mais de 15 anos tocando por aqui, produzindo festas e músicas. Eu amo minha cidade e me sentir parte dela me deixa muito feliz. 

Falando sobre as produções musicais, só no ano passado você entregou 25 faixas — número robusto ao meu ver. O que te nutriu para entregar tanto e com tanta qualidade?

Eu sou bem obsessivo com trabalho, acordo e durmo pensando em maneiras novas de atuar. A parte de produção musical foi a que eu mais quebrei a cabeça e tive que estudar. Demorei muito mas muito tempo mesmo para ficar satisfeito com as minhas produções. Foram milhares de cursos, online, presenciais, pencas de tutoriais para aprender o que eu sei hoje. Ainda falta muito mas hoje consigo tocar minhas músicas junto com as dos artistas que admiro. Esse era um grande objetivo e fico feliz de olhar para trás e ver o caminho que percorri até isso. Já quase desisti de produzir achando que não era pra mim, ainda bem que fui persistente.

E contextualiza para gente atualmente em quais projetos você está envolvido e a sua atuação neles.

Tenho meu projeto solo, Bernardo Campos. Sou residente da festa do Bbzão, Agua Viva, Tikal Bahia e do Pato com Laranja onde não só toco como também faço a curadoria. 

Nu Azeite é meu projeto com Fábio Santanna onde misturamos música eletrônica com brasileira e tocamos no formato live. 

Rara DJs é meu projeto com Filipe Raposo, começou por acaso quando decidimos fazer um B2b na festa e acabamos virando uma dupla. 

Ainda faço parte das crews Underdogs e Cocada e lanço música por essas gravadoras constantemente. Tenho minha própria gravadora também, a Molotov21.

A Festa Rara é, sem dúvidas, uma gigante que conquistou os mais diversos corações festeiros que estão pelo RJ e neste sábado, rola a primeira edição do ano, não é mesmo? Rola algum spoiler? heheheh

Já demos os spoilers todos, morro da Urca com Kevin Saunderson de headliner. Agora é só subir o bondinho e curtir 😋.

Na primeira edição da Rara, lá em abril de 2015, vocês imaginavam ou projetavam que ela viraria essa potência?

De jeito nenhum, a ideia era fazer uma festa com ótimos nomes como convidados para poucas pessoas, na sua grande maioria amigos da cena. Hoje em dia chegamos a receber um público de até 2.000 pessoas por edição. 

E qual o sentimento que tem te guiado neste ano de 2022? Rola alguma palinha do que o futuro trará?

Esse vai ser o ano que mais vou lançar coisas inéditas. Vai sair meu primeiro álbum solo e também o segundo álbum do Nu Azeite. Meu primeiro vinyl com um remix de um artista que pra mim é o número 1 da nova geração e várias collabs com amigos. Fora manter a agenda de gigs cheia até o fim do ano se possível. 

Por fim, nossa clássica pergunta: o que a música representa para você? 

O ar que eu respiro. A gasolina do meu bugre. A areia da minha praia 🙂

A música conecta.

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