De Luxemburgo a Amsterdã e agora conquistando Berlim, existe uma mágica por trás do DJing de Ogazón e que embora a sua habilidade facilmente a justifique, é evidente que a sua complexidade profissional não é baseada somente nisso. Com sets somente em vinil, a pesquisadora e seletora musical cria narrativas para pista de dança que misturam diferentes estilos, conectando minimal, techno e house e adicionando um toque característico de elementos progressivos que dão forma a uma seletora musical que encontrou seu brilho na distinção. Desde os 14 anos Nathalie Ogazón Faber se encantou pelas descobertas musicais e começou sua própria coleção de músicas comprando CDs e discos de vinil em mercados de pulgas, constituído basicamente por clássicos do rock.
Durante sua juventude, influenciada pelo pai pianista e entusiasta do jazz, ela foi exposta a uma ampla variedade de gêneros musicais, incluindo jazz, funk, rock, pop e as populares músicas de rádio da época. Essas primeiras experiências marcaram seus primeiros encontros com a música, mas a ausência de uma cena vibrante em Luxemburgo fez com que durante bons anos a coleção de Nathalie não ultrapassasse estes sons, o que foi profundamente alterado a partir de 2014, com sua mudança para Amsterdã para cursar administração.
Sua estadia na cidade se estendeu ao longo de cinco anos, período suficiente para que Ogazón descobrisse sua paixão pela música eletrônica através de frequentes aventuras pelos clubs de Amsterdã durante os finais de semana — locais como o lendário Trouw, Cruquiusgilde e Studio80 tiveram uma grande influência sobre ela durante esse período. Em 2016, no aniversário de 22 anos de Nathalie, seus amigos se juntaram para a presentear com seu primeiro deck e dali em diante, ela ficou cada vez mais imersa no universo da música eletrônica. A exploração musical já era uma paixão antiga, mas ganhou outras dimensões nesta fase e claro, também desempenhou um papel fundamental no arranque da sua carreira artística.
Cercada por uma rede de apoio que enxergava seu talento com clareza, Ogazón começou tocando em reuniões intimistas e, eventualmente, progrediu para tocar em pequenos eventos organizados por amigos. Nesse período, ela passou a colecionar mais discos, agregando ao seu acervo discos inspirados pelas suas experiências na pista de dança e somente em 2018, Nathalie fez sua estreia como DJ. Durante 2018 e 2019, ela fez incontáveis apresentações por Amsterdã e com a paixão cada vez mais atraída pela música, ela passava a maior parte dos dias procurando discos na internet. Foi apenas uma questão de tempo para que ela tomasse a decisão de se demitir do emprego e, posteriormente, no início de 2020, encontrar em Berlim o seu lugar no mundo.
A pandemia chegou, se instalou e os desdobramentos já sabemos, mas enquanto muitos sofriam com o isolamento, Ogazón mergulhou de cabeça na pesquisa musical. Seu período em reclusão foi repleto de exploração musical, mixagem e até mesmo de conexões com vendedores no Discogs e ela passou a maior parte do tempo em casa, girando discos continuamente, o que aprimorou significativamente o seu DJing ao longo deste período, culminando na virada de chave que aconteceu em setembro do mesmo ano, com uma apresentação na HÖR, em Berlim. Ela chamou a atenção de ninguém menos que Ryan Elliott, que, surpreendido por seu trabalho, abriu as portas e deu diversas oportunidades à Nathalie — que as encontraram muito bem preparada.
Com o sobrenome de solteira de sua mãe espanhola batizando seu projeto por soar único, rapidamente Ogazón entendeu que os discos de vinil eram os vetores perfeitos para tecer as histórias musicais que ela busca contar. E, inclusive, ela garante: “para mim, o vinil faz muito sentido porque a música tem tudo a ver com sentimento”. De lá para cá, ela é uma presença certeira em spots certeiros da boa música. Awakenings Summer Festival, o Dekmantel Festival, o DGTL Amsterdam e o Into the Woods Festival são só alguns exemplos de grandes eventos que ela já comandou, além de também ter tocado em clubs notáveis, como o lendário Berghain, Tresor e Printworks. Atualmente ela também faz parte do projeto VICE/VERSA, que ela co-fundou com Max Dewavrin.
Além de provar que dedicação e determinação seguem promovendo bases sólidas para alçar voos altos, Ogazón continua a surpreender e encantar o público, posicionando-se como uma artista verdadeiramente excepcional, movida por uma energia contagiante e dedicação incansável à música.
Conecte-se com Ogazón: Instagram | SoundCloud
A música conecta.