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A música conecta

Cardume: navegando pelas correntes do House e Disco com um propósito que vai além da pista

Dentre as iniciativas culturais que surgiram na cena brasileira recentemente, o trabalho da Cardume precisa ser mencionado como um dos mais especiais. Fundada em 2021 pelos DJs residentes Pedro Gariani e Dioun, a label nasceu como uma festa intimista entre amigos que, com o tempo, transformou-se em um dos pilares do circuito de House e Disco do país. E mais do que começar apenas se apoiando em nomes consolidados, a Cardume apostou em seguir por outro caminho: dar espaço a novos talentos e conectá-los com artistas que a própria crew admira e que não possuem uma presença tão forte no Brasil. 

Foi a partir dessa combinação — um tanto quanto arriscada — que a label começou a ver um crescimento orgânico e consistente, traduzindo em seus eventos e nos lançamentos a essência colaborativa e inclusiva que o próprio nome já deixa a entender. Cardume, no dicionário, é um substantivo que designa um grupo de peixes, normalmente da mesma espécie, que nadam como se fossem um único indivíduo. Não poderia haver um nome melhor para representar o trabalho que vem sendo executado até aqui.

Desde a primeira festa, que rolou em agosto de 2021, a Cardume já realizou 28 eventos, atraindo quase 30 mil pessoas e bookando mais de 150 artistas nacionais e internacionais; destes, vale mencionar a presença de Folamour, Zombies in Miami, Hercules & Love Affair e CC:DISCO, que em parte refletem a sonoridade que a marca busca propagar através dos eventos: uma mistura entre o calor da Disco e o groove do House com pitadas de experimentação. Nisso, criou-se também uma relação simbólica com São Paulo e uma locação em específico: a Praça Ramos de Azevedo. As edições de aniversário da festa organizadas por lá cravaram o nome da label na cidade, que venceu barreiras como a logística complexa para transformar um dos cartões-postais paulistanos em palco para ótimas experiências musicais.

Mas só as festas não eram suficientes. Era preciso mais. Foi então que, há exatamente dois anos, em dezembro de 2022, a Cardume se expandiu e se lançou como gravadora, dando início a mais um trabalho de alto nível, agora na parte fonográfica. Ao todo, já foram sete EPs lançados, mas o destaque até então foi o release que celebrou 1 ano. Através de seu primeiro VA, a label apresentou 13 faixas de artistas 100% nacionais, curadoria que valorizou os talentos locais e firmou a identidade da label em torno do House, Disco e suas variações.

Agora, nesta reta final de 2024, a atenção está voltada para o litoral baiano, mais precisamente para a cidade de Itacaré, onde acontece o Cardume NYE, evento que pode ser considerado o ápice de toda a história da label até aqui. Longe de ser apenas uma celebração de fim de ano, essa nova edição promete aumentar ainda mais o nível das festas da Cardume. A curadoria traz novamente o equilíbrio entre artistas emergentes, figuras nacionais que representam a essência da label e convidados internacionais de peso, mas que não estão necessariamente no radar do grande público, como Eris Drew, Ian Pooley e Romain FX.

No réveillon passado, a label contou com Folamour como seu principal headliner

Esta será a segunda edição em Itacaré, mas com mudanças para que a experiência seja ainda mais positiva, a começar pela nova locação: o Pontal de Itacaré, ponto de encontro do rio com o mar. A crew pensou numa programação especial para garantir que o público consiga participar das festas sem deixar passar a oportunidade de explorar a cidade, preocupando-se com todos os aspectos da entrega que será feita. Além disso, o projeto cenográfico também receberá um upgrade em relação ao anterior.

Praia do Pontal

Em um mercado que nunca esteve mais complexo para iniciativas independentes, a Cardume mostra que é possível crescer com consistência e boas parcerias. Mesmo com os desafios enfrentados até aqui, muitas vezes colocando o projeto artístico na frente das planilhas, a label firmou conexões importantes e se tornou mais do que um selo de música ou uma label de festas, mas sim um espaço onde artistas, ideias e públicos se encontram para construir algo maior: uma comunidade guiada pelo amor à música e pela vontade de compartilhar isso sem barreiras ou preconceitos.

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