William Orbit, uma figura lendária na produção musical, é reverenciado por transcender o conceito da música eletrônica e por ser alguém que consistentemente mereceu a confiança dos DJs. Para Sasha, por exemplo, Orbit era um produtor que fundamentalmente reescreveu as regras sobre como criar atmosfera e som dentro da dance music. Sasha costumava ouvir os álbuns de Orbit incessantemente enquanto ele próprio estava produzindo, perguntando-se e perguntando aos outros como William conseguia criar aquele tipo de som. Este som, notável por sua coesão e complexidade atmosférica, permaneceu um mistério técnico para muitos produtores, incluindo Sasha, que buscava replicar a profundidade e a clareza encontradas em faixas como o remix de I’m Free.
A busca de Sasha por esse som em especial o levou a uma frustração comum no estúdio. Na época, Sasha trabalhava com a MPC 3000 da Akai. Ele notava que o som que emanava das saídas estéreo dessa máquina Akai era ótimo. No entanto, quando um engenheiro de som entrava na sala e seguia o protocolo padrão de dividir todos os canais do sampler para uma mesa de mixagem, o som resultante ficava “uma porcaria”, como ele descreveu em uma recente entrevista. O engenheiro passava então os dois dias seguintes tentando fazer o som voltar a ser bom. Essa situação, onde o sinal estéreo original da máquina era superior ao som multi-canal processado, era algo que constantemente confundia Sasha.
A lenda britânica William Orbit foi quem finalmente revelou a Sasha o segredo para conseguir o som coeso que ele tanto buscava. Orbit confirmou que havia algo muito especial que acontecia com a saída estéreo das máquinas Akai. O truque de Orbit era ignorar a prática de dividir os canais. Em vez disso, ele utilizava samplers Akai e, crucialmente, colocava compressores nas saídas estéreo dos samplers. Ele então canalizava tudo através dessa saída estéreo comprimida, nunca dividindo as coisas.
Essa técnica de compressão na saída mestre do sampler, mantendo o sinal junto, criava o famoso “glued together sound” que Sasha sempre se esforçava para alcançar. Sasha chegou perto de replicar esse efeito com sua MPC, mas era constantemente desencorajado por engenheiros que insistiam que esse não era o método correto de produção. Somente anos depois, ao conversar com Orbit, Sasha percebeu que sua intuição original estava correta. O impacto de Orbit também se manifestou nos anos seguintes. Com este mistério resolvido, Sasha avançou sua estética sonora nos anos seguintes, produzindo sucessos históricos como Xpander, Minimal Qat e Magnetic North, faixas que influenciaram gerações diversas de produtores do Progressive House e talvez não teriam acontecido sem esta pequena dica de William, uma figura inspiradora e fundamental que redefiniu a textura da música progressiva em sua fundação.