O duo Pan-Pot, formado por Tassilo Ippenberger e Thomas Benedix, mantém sua relevância na cena global da música eletrônica há mais de duas décadas. Os dois se conheceram na renomada School of Audio Engineering (SAE), em Berlim, e a conexão surgiu porque eram os únicos daquela turma focados no techno. Embora o nome Pan-Pot venha de um elemento básico do equipamento de estúdio, ao longo dos anos a dupla passou a subverter noções de forma e função com uma linguagem sonora própria. A longevidade do projeto se sustenta justamente nessa abordagem centrada no público. Segundo Thomas, o fato de não terem “explodido da noite para o dia” — após anos tocando em clubs pequenos — fez com que mantivessem os pés no chão e respeitassem o processo.
Musicalmente, o Pan-Pot se equilibra entre o techno peak time e elementos clássicos do progressive e até mesmo do trance. Ainda assim, suas faixas permanecem ancoradas no techno mais intenso e percussivo. Tassilo define a curadoria do duo como um techno funcional, de qualidade e com groove. Nas pistas, a dupla se destaca pela intensidade e pelo domínio do ambiente. Segundo eles próprios, seus sets são construídos em torno da tensão: eles entregam algo familiar para, em seguida, empurrar a pista para o inesperado. Tocando back-to-back faixa a faixa, Tassilo e Thomas mantêm uma dinâmica instintiva e fluida, adicionando camadas, loops e efeitos ao vivo — um caos organizado, como definem, “mas com propósito”.
Essa busca contínua por evolução criativa, sem perder o elo com a pista, levou à criação de um “novo Pan-Pot” em 2024. No centro dessa expansão está a gravadora e série de eventos HUMAN, um playground pessoal onde a dupla e artistas convidados podem explorar direções musicais específicas, incluindo vocais, hooklines e elementos trancy. A HUMAN já realizou eventos marcantes em Berlim, Nova York, Los Angeles e Chicago, além de sediar a afterparty oficial da Street Parade em Zurique, que atraiu mais de 1,3 milhão de pessoas. Na próxima semana, o Pan-Pot estará em turnê pela América Latina, com duas datas na Argentina (Rosario e Neuquén, em 20 e 21 de novembro) e um show no Zamna Chile (no dia 22).
No embalo desta turnê, eles separaram uma lista comentada de 10 faixas (5 selecionadas por cada) que consideram essenciais para o dancefloor:
THOMAS
DJ HMC – 6am
6am, de DJ HMC, tem uma energia bruta e atemporal que me conquista imediatamente. A faixa constrói intensidade sem esforço — é puro techno hipnótico. Adoro justamente essa redução ao essencial: poderoso, direto, honesto.
Wax – 90009A
Para mim, 90009A, de Wax, é o exemplo perfeito de como o techno minimalista pode alcançar o máximo impacto. O groove segue implacável, e cada nuance está exatamente onde deve estar. É um design sonoro cheio de personalidade — sutil, mas com uma profundidade enorme.
The Awesome 3 – Don’t Go
Don’t Go, do The Awesome 3, tem aquela energia emocional e crua da era rave. O breakbeat, os vocais, a vibe eufórica — é pura nostalgia e, ao mesmo tempo, um novo começo. Dá pra sentir nela a origem do que torna a música eletrônica tão vibrante. Ainda me lembro de quando toquei essa faixa no encerramento do Exit Festival. Que som!
Fairmont – Gazebo (Patrice Bäumel Remix)
O remix de Patrice Bäumel para Gazebo é pura atmosfera — hipnótico, melancólico e pulsante. Ele consegue combinar uma profundidade emocional incrível com uma clareza sonora impressionante. É o tipo de música que te leva embora sem precisar ser barulhenta. Elegante e poderosa.
Johannes Heil – Paranoid Dancer (Dj Hell Remix)
O remix de DJ Hell para Paranoid Dancer tem uma tensão sombria e eletrizante que penetra na pele. Ele se mantém próximo ao original, mas adiciona uma dimensão quase cinematográfica. Para mim, é um exemplo perfeito de como reinterpretar um clássico do techno com atitude e estilo.
TASSILO
Freeform Five – Perspex Sex (Ewan Pearson Hi-NRG Remix)
Uma das minhas favoritas de todos os tempos… O remix de Ewan Pearson para Perspex Sex, do Freeform Five, é uma faixa de pista elegante e cheia de energia. Mistura elementos de house e electro com vocais absolutamente perfeitos, criando um som estiloso e hipnótico que definiu a cultura das pistas de dança do início dos anos 2000.
Rebolledo – Discotico Plexico (Maceo Plex Remix)
Provavelmente a faixa de tech house que eu mais toquei na vida… também é a favorita da minha esposa. Sempre ouvimos quando colocamos algo para dançar em casa. Lembro de tocar essa música no terraço do Amnesia e ver o público enlouquecer!
Andrew Meller – Born Slippy by Underworld (Reincarnation mix)
Amamos a original, mas esse remix é uma verdadeira arma sonora — funciona em qualquer set, seja house ou techno. Essa versão é e sempre será parte essencial dos nossos sets épicos.
Linda lamb – Hot Room
Hot Room, de Linda Lamb, me lembra o passado — a época em que comecei a ouvir electro e techno. É uma faixa de electro sombria, com uma estética retrofuturista e imagens surreais, explorando temas como liberdade, desejo e transformação. Amo a atmosfera e o clima que ela cria. Lembro de dançar com meus amigos de rave no nosso clube, o VILLA, e viver os melhores momentos!
Pan-Pot – AERO
Mantivemos “AERO” guardada por um bom tempo até lançá-la como faixa de abertura do nosso novo selo, HUMAN. Lembro de trabalhar nela com o Thomas e nosso amigo Henne no estúdio — várias versões e testes até chegarmos ao resultado final. Para mim, já é um clássico: tem aquela atitude intocável…