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A música conecta

Bernardo Ziembik entrevista Janeret às vésperas de sua primeira tour no Brasil

Por Alan Medeiros em Troally 09.11.2016

Um dos nomes mais promissores da nova cena house francesa atende pelo nome de Janeret e está com data marcada para estrear no Brasil. O jovem DJ e produtor europeu é parte da crew yokaku e vem ao país pela primeira vez através do coletivo catarinense TROOP – que já apresentou Fred P por aqui no ano passado.

O estilo de Janeret é fortemente ligado a habilidade do artista como produtor para combinar um faceta moderna do deep house contemporâneo, alinhado a ambiências atmosféricas e beats fortes para o dance floor. Apesar de jovem, ele já assinou releases importantes por labels de relevância no cenário house internacional, como por exemplo Courtesy of Balance, Rutilance Recordings, Finale Sessions, AKU, RORA, e JOULE.

A tour do parisiense por aqui já tem duas datas confirmadas. Dia 18 ele se apresenta na Vibe, em Curitiba, e dia 25 em festa da própria TROOP em Floripa, numa noite que ainda conta com Kaká Franco, idee, Onish e talentos regionais de ponta como Caetano e Abraham. Ás vésperas da tour, Bernardo Ziembik, grande parceiro do Alataj e fã de carteirinha do trabalho do francês, falou com o artista com exclusividade. Confira o bate papo abaixo. Música de verdade, por gente que faz a diferença! 

1 – Olá, Janeret! Tudo bem? Conta pra gente um pouco mais do inicio da sua historia na música eletrônica.

Olá. Tudo ótimo! Eu sou de Grenoble, uma cidade pequena localizada na França, e em meados de 2007 foi onde comecei a tocar e produzir música eletrônica, somente em 2010 eu fui me mudar para Paris. Em Paris eu comecei a conhecer muitas pessoas, como Nick V, que desde o começo sempre acreditou em mim, foi dele que recebi o convite para tocar na Concrete em 2014! Além de Nick, conheci também o pessoal do Rutilance (Dj Steaw e Gunnter), que são meus melhores amigos, pessoas realmente muito especiais em minha vida.

Eu toco em Paris desde 2013, e em 2015 eu conheci o Benjamin do Yoyaku, à partir dali as coisas começaram a ficar sérias, e definitivamente ocorreram grandes mudanças em minha carreira. Ele criou a agência, dai em diante as coisas aconteceram muito rápido e agora estamos trabalhando duro para fazer novos releases. A track “A.Ether” foi um sucesso também, que me impulsionou mais ainda.

2 – A cena house francesa é uma grande referência para mim e acredito que muitos dos artistas sejam também para você. O quanto artistas como Cabenne e Seuil influenciam no seu processo criativo e e na sua carreira como DJ?

Sim, realmente a cena da França está on fire agora, com muitos produtores talentosos e festas incríveis. Todas essas coisas combinadas, criam uma vibe boa na França para a música e encoraja cada vez mais o cenário da música a se tornar melhor. Uma das minha maiores influências na França é St Germain (Ludovic Navarre). Ao mesmo tempo eu também gosto muito dos novos artistas como Dj Steaw, Varhat, Zendid, por exemplo.

3 – Para você, por que os lançamentos e o incentivo ao mercado do vinil são tão importantes?

Para mim, é muito importante fazer novos releases, porque eu sinto muito prazer em produzir e compartilhar a minha visão na música eletrônica. Ter músicas no vinil também é muito relevante. É sempre melhor ter suas músicas em uma mídia física , sem contar que é muito prazeroso receber minha própria música neste formato. É uma forma totalmente diferente das plataformas digitais, a visão do vinil, é um processo e também de certa forma um investimento para as labels. Então é uma realização para mim todo e qualquer release!

4 – Tanto nas suas produções originais quanto remixes tem muita personalidade. Nos conte um pouco de como funciona o processo criativo em cada um desses trabalhos. 

É sempre bom ouvir que minha música tem uma personalidade própria, pois é difícil para um artista ter seu próprio som. Trabalho na mesma direção há muito tempo e acredito que por esse motivo hoje em dia as pessoas conseguem sentir uma personalidade forte no meu som. Meu processo criativo é quase sempre o mesmo: quando começo uma nova track eu procuro diversas influências em diferentes tipos de música, como D&B, Dub Techno e Deep House. Gosto de colocar sentimento em minhas produções, por isso amo acordes e pads – é algo que me faz viajar pela minha própria mente enquanto produzo. Eu vejo meu som como um mix de diferentes estilos de música que eu gosto, mas sempre de uma forma profunda.

5 – Varhat, Malin Genie, Lazare Hoche, entre outros… São tantos artistas fazendo um trabalho sólido e unido na França para uma história maior. Nos conte um pouco sobre essa parceria…

Varhat definitivamente fez um ano fantástico em 2016, com muitos release fortes ele alavancou bastante a yoyaku no cenário francês. Nós conversamos muito sobre as produções que seriam lançadas pela yoyaku, para melhorarmos cada track antes de seus lançamentos, como fizemos com o primeiro EP para Aku e Joule. Hoje em dia eles também se tornaram grandes amigos nossos, então temos uma ótima forma de trabalhar. É muito legal ver a cena da França crescendo cada vez mais e com tantos artistas aparecendo a todo momento. Lazare Hoche também é um grande nome para a música no país, ele está na cena há algum tempo já mas continua trabalhando duro sempre, e com diferentes projetos como Mandar.

6 – Yokaku. Bookings, estúdio, record shop, distribuição… Como fazer todas as essas partes funcionar de maneira sustentável? 

Todas as atividades estão linkadas e vem aos poucos de uma forma natural: Nós temos um bom relacionamento com os agentes que ficam encarregados do nosso booking (Victor) e produção (Benjamin). Já que há uma boa comunicação entre nós, criamos as músicas dos artistas da agência para lançamento. Varhat pelo seu codinome Vincen, fica responsável pela masterização de nossas tracks. Eles começaram auto distribuir as labels que criaram antes de terem outras, e finalmente, o record shop (onde também tem os escritórios), que veio depois, já que desenvolvemos um público que queria comprar nossas gravações diretamente. Eu não acho que tenha sido planejado desde o início fazer todo esse trabalho pela yoyaku, foi acontecendo naturalmente. Se você prestar bastante atenção, irá ver que todas as atividades estão linkadas com algum passo na cadeia de construção da música, que é feito do início ao fim.

7 – Quais são suas expectativas para a tour no Brasil?

Estou esperando boas vibrações, boas festas e pessoas incríveis. Será minha terceira passagem pela América do Sul e já tenho memórias para vida inteira. Tenho certeza que o Brasil também será uma grande experiência. Não conheço muito da cena e seus artistas, mas já escutei sobre coisas muito boas acontecendo no país.

8 – O ano já está acabando, mas ainda há tempo para novidades. O que vem por aí até o final de 2016?

Em Outubro e Novembro, terei 3 EPs que serão lançados na Berg Audio, Joule Imprint e RORA. Recentemente lancei em um EP collab com Romar. As próximas novidades são alguns remixes pelas labels Subwax, All In recors, Wax Isgud e na HUND com um remix para Seb Zito.

9 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida? 

Música é algo muito grande em minha vida e agora mais do que nunca, porque posso viver meu sonho com tudo isso. O único momento em que não escuto música é quando estou dormindo.

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